quarta-feira, junho 28

SAUDADES

Ai

Que saudades que eu tenho
De comer uma bela manga
Um sape-sape uma pitanga...

Ai

Que saudades que eu tenho
Dos maboques e das fruta-pinhas
Dos cajús e caja-manga ...

Ai

Que saudades que eu tenho
Dos baleisões de maracujá
Melhores no mundo, não há.

Ai

Que saudades que eu tenho
Do cheiro da terra molhada
Depois de uma grande chuvada ...

Ai

Que saudades que eu tenho
Dos caranguejos e das mabangas
Dos colares de mil cores de miçangas ...

Ai

Que saudades que eu tenho
Do cheirinho do café
Que se espalhava no ar
Fecho os meus olhos e quase ....
Quase o consigo saborear


Ai

Que saudades que eu tenho
Do pôr-do-sol e do calor
Do azul das águas quentes
Dos amendoins em flor

Ai

Que saudades que eu tenho
Dessa minha bela Luanda
Que apenas ficou retida
Dentro da minha alma à banda...

Por:
Kiara

terça-feira, junho 20

A Invasão Chinesa de Angola

LUANDA ADORA O DINHEIRO CHINÊS E PEQUIM DELIRA COM O PETRÓLEO ANGOLANO.

“É um bebé enorme, de pele escura, que brinca com os balões coloridos acima dos olhos rasgados, no berçário da casa de Li Yun, 25 anos, e de Sónia, 26. Em Janeiro último, da união entre o chinês e a angolana, nasceu em Luanda de parto natural, com 4 Kg, Li Ya Xin, ou Nova Ásia, o primogénito do casal, que já faz planos para um segundo filho. Vai chamar-se Nova África.

Li Yun aterrou em Angola há quatro anos fugindo a «enorme concorrência» no seu país. Sónia nunca saiu de Luanda, procurando uma carreira após o curso médio em contabilidade. (…) Da relação entre colegas de empresa, nasceu a amizade e depois o amor. Casaram-se em 2003 e instalaram-se em Viana: «Ele é muito diferente dos homens de cá – carinhoso, amigo, faz tudo pela família, batalha muito mas também não é rapaz de ilusão.»

(…) «O ambiente é difícil», diz o chinês num português acima da média. «A maioria das estruturas falha e os papéis são complicados.» Soma-se o choque cultural: «A música alta na vizinhança, a comida, as dores de cabaça do trânsito, o lixo…»
(…) Quando fez serviço militar, Li Yun habituou-se a comer para encher e agora até o funge marcha. Já perdeu a conta aos telemóveis que lhe roubaram nos engarrafamentos, quando os bandidos olham como janelas de oportunidade para os vidros abertos do jipe, que substituem sem eficácia a falta de ar condicionado. E já teve uma pistola apontada a cabeça.
(…) O registo do menino angolano de nome chinês em Luanda: «Vai custar muita gasosa», prevê o pai, conhecedor de um dos motores principais da administração local: a corrupção, num dos dez estados menos transparentes do Mundo.

EM OBRAS O EMPRESTIMO DE PEQUIM PREVÊ QUE 70% DAS EMPREITADAS SEJAM ADJUDICADAS ÀS SUAS EMPRESAS.

Apesar do aparente segredo sobre o número de chineses em Angola, é possível que sejam 30 mil a que se somarão mais uns 10 mil até ao fim do ano, aproximando-se do total de 47 mil portugueses.

(…) Os asiáticos acabam por ser a força de trabalho mais visível, abrindo um caminho paralelo ao tráfego insano, numa operação em grande escala, com máquinas laranja operadas pelos amarelos de chapéus de bico, movimentado a terra africana, vermelha, debaixo da curiosidade de umas centenas de negros unindo a linha de ferro Luanda – Malanje (…) até Setembro, a obra deverá restabelecer a ligação ferroviária entre Luanda e Viana. Daqui a um ano, os comboios chegarão a Malanje, a 420 km da capital.

Logo após Viana, há mais terraplanagens e mais chineses de chapéus em bico, protegidos pelas forças armadas angolanas, no centro logístico que distribui todo o equipamento destinado as empreitadas em Angola: uma parada de centenas de retroescavadoras, empilhadoras, camiões (e muito aço, ferro e cimento), perfilados numa área de largos hectares, roubando espaço às lavras de mandioca, já longe da selvajaria luandense.
Mais à frente ainda, preparam-se as fundações do novo aeroporto. A Sul também, se abre a todo o vapor, ao longo de 1300 km, a estratégica linha de ferro entre Benguela e Luau (na fronteira com o Congo), num investimento de 300 milhões de dólares, a sair do crédito que o chinês Exibank abriu ao estado angolano num total de 2 mil milhões de dólares, a troco de 30 mil barris de petróleo por dia e a um juro irrisório. Escolas, hospitais, estradas, abastecimento de água e energia, 200 mil novas habitações – a reabilitação das principais infra-estruturas estão a sair daquele empréstimo, que promete uma subcontratação de 70% de empresas chinesas na totalidade das empreitadas.

(…) Há um ano a china ocupava o quarto lugar nas importações de Angola, uma posição que ameaçará, em 2006 a liderança portuguesa. Angola era por seu lado o segundo maior mercado chinês em África e, a seguir à Arábia Saudita, segundo maior fornecedor de petróleo a Pequim – 25% da sua produção segue para o antigo Império do Meio.

A GRANDE INVASÃO
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Desde 2002, 10 mil empresários chineses visitaram Angola, revelou à Lusa Huang Zequan, docente de Estudos Africanos na Universidade de Pequim e consultor de empresas que apostam neste mercado. «Uma vez disse num artigo que mesmo plantando couves, se tem lucro em Angola. Recebi logo cinco telefonemas.»

O crédito do Exibank mostra-se em cada canto do país. Na fachada envidraçada do novo centro de convenções, em Talatona, nas obras da estrada entre Lobito e a Capital, ou em vários edifícios que nascem no centro de Luanda, com operários chineses (…)

AMIZADE SINO-AFRICANA
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Angola e China iniciaram relações diplomáticas no início dos anos oitenta. Na altura, ambos os países sabiam bem a sua posição no contexto Guerra-Fria. Entretanto, abriram-se ao mercado e possuem economias galopantes. E, da mesma forma que Luanda precisa de dinheiro e de recuperar as suas infra-estruturas, Pequim está ávida de petróleo para manter os seus níveis de desenvolvimento.

Da fome e vontade de comer, nasceu o entendimento. E o crédito Estado a Estado de mil milhões de dólares poderá em breve ser duplicado.

«A China tem uma politica pró-activa em África baseada nos recursos energéticos» (…) «Esta nova projecção de poder tem uma lógica de competição com a influencia americana e europeia.»

(…) Enquanto se fechavam estes negócios da China, o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi desesperando em Luanda, a tentar um acordo com o Governo de José Eduardo dos Santos que tarda em ser fechado. «O FMI não tem mais nada a fazer aqui», adianta Alves da Rocha, economista da Universidade Católica de Angola. «Os seus enviados confessaram terem aprendido como se usa a arma do petróleo para fazer realpolitk.»

As condições que o FMI colocava em matéria de política macroeconómica e as exigências das potências ocidentais em matéria de boa governação e direitos humanos, não as pedem os chineses. Os chineses fazem negócios e não perguntas.

(…) Por outro lado, nota ainda o especialista do IEEI, os interesses de Pequim em África não se resumem ao petróleo, mas também à segurança alimentar, adquirindo terras férteis em África. «O principal objectivo na sua estratégia», conclui Santos Neves, «é a estabilização social interna.».
O vice-primeiro-ministro de Pequim, Huang Ju, já anunciou o desejo de triplicar o volume comercial e de duplicar o investimento directo neste continente, que a intenção de Stanley Ho de abrir o Banco Angolano de Negócios e Comércio, destinado a privados chineses, só vem reforçar.

OS ENGENHEIROS CHINESES LEVAM 100 EUROS MENSAIS, CONTRA 600 EUROS QUE AS EMPRESAS FRANCESAS PAGAM AOS AFRICANOS.

(…) Passa-se a palavra e esta diz que todos os chineses em Luanda são cadastrados, que se vão multiplicar por milhões e tirar postos de trabalho à população local (…) «Os engenheiros chineses trabalham em África por cem euros mensais, contra 600 euros que as empresas francesas pagam aos mestres de obra africanos»”

Texto de: Henrique Botequilla
In: VISÃO Nº 683 de 2006

sexta-feira, junho 16

As fotos abaixo foram tiradas na cidade de Colónia (Alemanha). Infelizmente a data que está nas fotos não confere. A data correcta seria 11/06/2006. Peço desculpas pelo facto.
Obrigado.
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006

Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006

Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006

Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006

terça-feira, junho 13

Portugal 1 - Angola 0

E assim foi… Tugas e Mangólés unidos pela festa do futebol. Juntos cantamos o hino, juntos aplaudimos as melhores jogadas e juntos suspiramos… Uns de alegria… Outros de tristeza... Acima de tudo, juntos fizemos a festa na Alemanha, em Angola, em Portugal e um pouco por todos os cantos do mundo fora.

Estive lá a apoiar a nossa selecção!
Vi portugueses com bandeiras de Angola e angolanos com bandeira de Portugal. Vi Angolanos a trocar cachecóis com portugueses e portugueses a trocar cachecóis com angolanos. Vi povos irmãos a festejarem desde o início até ao fim e nem mesmo a derrota de Angola acabou com a festa (não fossemos nós um povo com muita alegria, mesmo com todas as adversidades).

Futebol é festa! Futebol é alegria! Futebol é o desporto que une o rico e o pobre! O fair-play dentro e fora do campo mostrou que é mais aquilo que une os nossos povos do que aquilo que nos separa. Cachecóis e bandeiras no alto, gargantas afinadas ao som das claques e dos batuques, assim foi o encontro que teve lugar em Colónia na Alemanha.

Antes e depois do jogo fizeram-se as conversas do costume e cada um puxava a sardinha à sua brasa tentando acertar no resultado final (que acabou por ser favorável a Portugal 1 – 0).

Alemanha é uma boa anfitriã! Gostei da cidade de Colónia (infelizmente a única que pude conhecer). Eram muitos os alemães que se passeavam de cachecóis e bandeiras de Angola (talvez porque as cores das bandeiras sejam idênticas), ouvi-os no estádio a vibrar e a puxar pela nossa selecção, muitos deles pediam-nos para tirar fotos connosco, abraçavam-nos como se fossemos amigos de longa data. Povo simpático! Imaginava-os arrogantes e um pouco racistas, felizmente surpreendi-me, constatei que não são!!!

Boa sorte Angola! Boa sorte Portugal! Aproveito também para desejar as outras equipas presentes neste Mundial Alemanha 2006, em especial ao nosso outro irmão, o Brasil, um bom campeonato e que vença o melhor.

FORÇA PALANCAS!!!

terça-feira, junho 6

...Foi um mar de emoção com bwe de gente; operários com capacete, estudantes, varredores de rua, prostitutas e dealers mas policia nepias; um mar de gente e nem um policia ao lado da selecção. Também quem e que lhes ia fazer mal? Foi muito bonito ver tanta gente a gritar pelo mesmo propósito, tamos orgulhosos dos nossos putos que foram tão longe - temos que lhes garantir todo o apoio, todo o carinho porque é de homem ir tão longe vindo de tão longe com tantas guerras, corrupções e xinguivos mas de fato e gravata perante o mundo de vermelho sangue e festa com umas bandeiritas da última da hora e um bwe de barulho. Eles ficaram altamente emocionados mas com o chague estampado no rosto. Mas têm esta coisa de ser mangope que é ser capaz de mudar o resultado mesmo sem golos, só com a fé e o orgulho de sermos quem somos. Estes putos foram os primeiros a conseguir chegar lá e é deles que temos que tratar pelos nomes - no grito, na fé, na certeza de que entre tropeços e máfias TAMO LÁ. VIVA ANGOLA. FORÇA PALANCAS!!!
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Por: Rosinha