É com orgulho que anuncio aqui o sucesso da manifestação do 19 de Novembro de 2007. (Em frente ao consulado Angolano de Lisboa para reivindicar o direito ao voto)
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"Sucesso? Com 20 pessoas?" Sim!!! Sucesso porque foram 20 pessoas debaixo de chuva, 20 pessoas entre 100 000 que não tiveram medo, que não se resignaram, que não se deixaram levar por esses facilitismos de resmungar entre 4 paredes e de se silenciar na rua. 20 Angolanos que foram à rua gritar bem alto: "Democracia sem voto não tem sentido", "Angola é de todos nós", "Viva Angola!!!".
Poderíamos ser mais? Sem dúvida! O que não significa que a comunidade angolana não partilhe a nossa revolta. Durante a manifestação tivemos uma amostra disso: as pessoas que iam saindo do consulado levantavam as mãos, batiam palmas e abanavam afirmativamente a cabeça, ilustrando aprovação. No entanto, o apoio parava aí, num casual "fixe", e num acenar de cabeça. Muitos foram os angolanos com quem debatemos que acreditavam ser uma causa justa, e que se sentiam tal como nós indignados por não poderem participar nas próximas eleições do nosso país, contudo, o passo seguinte não se sentem dispostos a dar. Este passo chama-se mobilização e é na minha opinião, o passo mais importante para qualquer povo que se diz democrático e independente. Muitos alegavam terem bolsas e terem medo de as perder, outros simplesmente diziam "concordo, mas manifestar é grave". Enfim, as desculpas não faltavam para tentar justificar o evidente: o medo! Medo de dar a cara, medo de tomar uma posição, medo de represálias. É verdade, 32 anos depois, e o medo mantém-se. Recuso-me a acreditar que seja, como muitos dizem, "um problema cultural". Não! É demasiado fácil dizer que nós "nascemos assim e está tão intrinsecamente preso a nós, que chega a fazer parte da nossa cultura". Este foi um factor preponderante no número de angolanos presentes nessa manifestação. E espero que os angolanos que tenham ficado em casa, reflictam bem melhor naquilo que ainda podem fazer porque ainda nada está perdido e muito pode ser feito. Está na hora abandonar o medo e de abraçar a democracia.
O Sr. Estêvão Alberto, conselheiro de imprensa do Consulado de Angola em Lisboa, fez o "seu papel", ou seja o de desvalorizar a manifestação, dizendo que o número de manifestantes não é representativo da comunidade angolana residente em Portugal. Eu estou de acordo, o NÚMERO não é representativo, mas garanto ao Sr. Conselheiro que a posição defendida por estas 20 pessoas é sem dúvida a posição de grande parte desta comunidade de 100 mil angolanos. A única diferença é que estes 20 tiveram coragem de dar a cara. Ele também alegou que o grupo que a organizou é "sem representatividade": somos um movimento espontâneo, 100% apartidários. Não será esta a maneira mais pura de reivindicação? Cidadãos que não têm nenhum interesse político ou económico, que se juntam a outros cidadãos que partilhem a sua luta e causa, para que uma certa medida seja tomada em prol do povo. Penso que neste caso, esta "falta de representatividade" é de louvar, e é bem mais pura que a criação de qualquer partido político. Quero lembrar que a manifestação não é o ponto final.
Vamos continuar a lutar pelos nossos direitos. Só pararemos de reivindicar o direito do voto, quando efectivamente nos for concedido esse direito.
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3 comentários:
Caros bloguistas da lusofonia.
Convido-vos a visitarem o Despertar Consciências que tão recentemente inaugurei e que hoje aborda um tema que supostamente viaja um pouco por todos os países da nossa lusofonia e pelo exercício da democracia em cada um deles.
Conclui-se que os piores, a todos os níveis, são a Guiné e Timor, mas isso serão todos vós que poderão ainda melhor esclarecer se, eventualmente, viverem nesses países e quiserem partilhar connosco as vossas experiências.
Ficarei grata pela vossa visita.
Ganda blogue. Parabéns.
O Presidente Agostinho neto dizia: "Nós somos MILHÕES e, contra milhões ninguém combate!"
... 20 pessoas... que fiasco. hahahaha. Angola segue a sua marcha à margem dos saudosistas e Soaristas! Hahahaha!!
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