segunda-feira, julho 24

Angolanos escravizados

Chineses reconstroem e ditam as regras

As obras de reabilitação do caminho-de-ferro de Luanda (CFL) decorrem a bom ritmo, mas as pessoas que trabalham no projecto manifestam descontentamento com as condições laborais oferecidas pela direcção da empresa responsável pelas obras, a chinesa Cimec-Tec, que conta com mão-de-obra angolana e chinesa. Porém, o grito de socorro vem apenas dos trabalhadores angolanos, cerca de 850, com idades entre os 15 e os 50 anos e nível académico inferior ao 9.º ano. Asseguram que a diferença salarial entre os dois grupos de funcionários é abismal.

Os salários dos «bumbas» angolanos varia entre 7500 e 10 mil kwanzas (77 a 103 euros). Os funcionários com menos de 4 Meses de trabalho recebem 7500; os que estão há mais de um ano, até 10 mil. (…) Os restantes trabalhadores chineses, sem grande formação recebem quinzenalmente 21 a 42 mil kwanzas (216 a 432 euros).

(…) O motorista Domingos Sebastião conta que entram às seis da manhã e não têm hora de saída, mas não recebem horas extraordinárias. O subsídio de alimentação e transporte é de 20 kwanzas (20 cêntimos de euro) por dia, «que nem chegam para comprar um pão». Os chineses têm 2 refeições, transporte e horas de descanso.

O uso de equipamento é outra situação que destaca as diferenças. O trabalhador angolano que queira ter o equipamento é obrigado a pagar 3 mil kwanzas (31 euros). Daí que grande parte trabalhe sem luvas, auriculares, etc. Só os chineses enfrentam a empreitada totalmente equipados. O motivo para os angolanos não adquirirem o equipamento recomendado pelas autoridades sanitárias e de segurança no trabalho são os magros salários.

O funcionário angolano que tenha o azar de sofrer um acidente tem, no máximo, três dias de dispensa, caso contrário perde o emprego. Durante os dias em que fica em casa, sofre descontos no salário. Quando um chinês estiver impossibilitado de trabalhar, por razões de saúde, é dispensado até à sua recuperação e não sofre descontos.

Tais situações levam Sandro Ricardo a afirmar que na Cimec-Tec os angolanos trabalham «como escravos dos chineses».
Os funcionários crêem que a atitude da empresa resulta do facto de se sentir protegida pelo poder. A obra é feita com fundos provenientes do empréstimo chinês a Angola, avaliado em dois mil milhões de dólares (1650 milhões de euros) dos quais cerca de noventa milhões (74,2 milhões de euros) reverteram para a reabilitação do CFL.
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In:www.courrierinternacional.com.pt
Por: Paulo Sérgio, Folha 8

quarta-feira, julho 12

A banda, mas onde fica a banda?

Certa vez um camba contou-me, que um budjurra que ele conheceu aqui na tuga, teve em Angola e conheceu as 18 províncias, mas voltou decepcionado porque não chegou a conhecer a “Banda”. Vocês falam tanto da banda, mas em que parte de Angola fica ela então? Interrogou ele.

Talvez, nem nós, os puros mangolés sabemos explicar a definição ou localização da banda, porque, para nós a banda não se define nem se vê, ela sente-se quando o Boing 747 da Taag abre a sua porte e aquela quentura empoeirada toca-nos a pele.

A banda sente-se ali naquele tapete rolante do Aeroporto 4 de Fevereiro, quando vamos pegar as malas e encontramos a mistura de passageiros e bagagens entre Lisboa/Luanda e Kinshasa/Luanda, sente-se naquela comprida avenida que sai do aeroporto ate ao Largo da Maianga, onde nos cruzamos com um cumbi azul e branco e um Hammer H2 amarelo ao mesmo tempo, sente-se nos ambulantes que te batem no vidro com a dica “cota temos todas as novidades, é só escolher” ou “tio olha o cheirinho pro boter, esse é mesmo do puro”, no engarrafamento provocado pela nova onda da construção das pontes ou túneis, como alguns dizem.

Quando chegamos em casa, sentimos a banda assim que ligamos a TV, e nos deparamos com a emissão da Globo ao invés da TPA que estávamos a espera, daquele cheiro do bagre fumado ou do funge quentinho que vem lá da cozinha, do som que vem da rádio com as novidades musicais que estão a bater em determinada altura, da primeira conversa com os cambas em que nos contam as novidades tintim por tintim; os novos calões que estão a bater, a nova forma de dançar kuduro ou tarraxinha, a praia e disco que tão na moda e muitas outras dicas, insignificantes para alguns mas importantes para todos nós que queremos ver ou nos sentirmos na Banda.

Muitos, podem entender banda como uma dica que os angolanos inventaram para dizerem que foram ou vão para Angola, mas se assim pensam é porque não apanharam a dica. Pra Angola, qualquer madyé pode bazar, um tuga, brazuca, santolas ou chinoca que agora vão pra lá aos montes; mas pra Banda, hum hum, só mesmo nós sabemos o caminho para aquele “paraíso” empoeirado. Eu, até já pensei em abrir uma agência de turismo, única e exclusivamente para levar turistas e não só, a conhecerem a banda. Mas como? A par das questões de cumbu, há uma mais complicada que me estraga a ideia de negócio. Onde fica a Banda?

Por vezes, penso que sou “bandense”, porque angolanos de BI. e passaporte, existem muitos, basta querer sê-lo acompanhado de algumas quantias e já esta; agora bandense, não é para quem quer nem para quem pode, é só para quem é.

Ali, onde se sente a dificuldade em que alguns vivem, mas que todos se riem independentemente do nível de vida que têm. Ali sim esta a Banda...
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Por:
Ngoi Salucumbo (Salucumbo Jr.)

segunda-feira, julho 3

Angola no Mundial...

Fotos retiradas do site oficial da FIFA.

Estivemos lá...


Love e Marco Airosa

Mister Oliveira


Akwa


João Ricardo



Flávio a festejar o único golo da nossa singela participação no Mundial Alemanha 2006.