quarta-feira, dezembro 13

DE ONDE ERAM ADÃO E EVA?




Um alemão, um francês, um inglês e um angolano comentam sobre um quadro de Adão e Eva no Paraíso.


O alemão disse:- Olhem que perfeição de corpos: ela esbelta e esguia, ele com este corpo atlético, os músculos perfilados... Devem ser alemães.


Imediatamente, o francês reagiu:- Não acredito. É evidente o erotismo que se desprende de ambas as figuras... ela tão feminina... ele tão masculino... Sabem que em breve chegará a tentação... Devem ser franceses.


Movendo negativamente a cabeça, o inglês comenta:- Que nada! Notem... a serenidade dos seus rostos, a delicadeza da pose, a sobriedade do gesto. Só podem ser Ingleses.


Depois de alguns segundos mais de contemplação, o angolano exclama:- Num concordo. Olhem bem: num tenhem grife (roupa), não tenhem sapatos, num tenhem cubico (casa), num tenhem cúmbú (dinheiro), só têm uma triste maçã para comer, não protestam e ainda pensam que estão no Paraíso. Só podem ser Angolanos!!!...
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Por:
Anónimo

terça-feira, dezembro 5

Coisas de Angola...

1. Em Luanda agora é assim! As pessoas se produzem todas para ir a um funeral, como se à uma festa de gala se tratasse. Se antes o branco e o preto eram as cores para actos fúnebres, agora, as damas bazam até de vermelho, rosa, amarelo, laranja, quer dizer, só as cores "mais cheguei" para chamar mesmo a atenção.
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2. Na verdade, os óbitos se transformaram em locais predilectos para desenvolver uma paquera, na ausência de locais públicos de lazer que proporcionem encontros, afinal quem não tem cão nem gato, caça com rato. Há quem diga que as damas vão para ver os BOSS´S da família. Ficam de olho bem aberto para marcar qual é o tio que dá mais kumbu. Depois jogam todo seu charme para cima do kota não importando se casado, solteiro ou viúvo, nem respeitam o luto.
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3. Já os homens, parece que são mais discretos; bazam a estes encontros para beber de graça, consentir uma paquera e, claro, pitar (comer) um coxe, afinal, de graça, bar aberto, boca-livre, não faz mal a ninguém. Os óbitos, há muito que deixaram de ser cerimónias nostálgicas em que os parentes e amigos se encontram para consolar quem perdeu um ente. As Mulalas das kotas deram lugar ao desfile de moda e posses. Tas a ver aquela expressão " ché quez da caldo", já ficou ultrapassada. A canjica e o caldo foram superados pelos Mufetes, Muambas, Bolos, Doces diversos, Rissóis, Tortas e Pudins a maneira.
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4. Da Kissangua, coitada, já nem se fala mais, nem nos círculos mais conservadores das famílias, de vez em quando, aparece nas praças e paragens de candongueiro mas, com novo nome para disfarçar: "Sumol em Saco". Nada de coisa de pobres (kissangua) nos óbitos a onda agora é Cuca, Sagres, Castle, Carlsberg, Coca-Cola e associadas, Sumol e até a forasteira Kiss, agora também Blue's, por que as Youk´s sumiram do mapa. Quer dizer, até aquelas cotas que produziam os pitéus dos óbitos naquelas panelas bué gudas (grandes) também estão desempregadas; foram substituídas pela contratação dos serviços de Bufetes e catering.
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5. Óbito na cidade da Kianda é festa grande. Já há quem prefira patar nos kombas (óbitos) do que ir aos casamentos; nos óbitos não olham nas caras nem querem saber se é parente do noivo ou da noiva para te servirem. Só falta mesmo contratar DJ´s para animar o bo... digo o óbito, com músicas da igreja, já que os kuduristas já fazem questão de cantar daquele jeito neh.
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6. Nesses encontros não podia faltar a turma dos BUFUS, aqueles que definem a qualidade dos óbitos, segundo critérios já bem definidos: Adesão de pessoas famosas, número de carros, que inclui os da moda, último grito, os que mais choram, quem desmaia mais, a quantidade e qualidade do pitéu e bebida etc. quem não consegue um óbito nestes moldes é logo taxado de "JIMBA DIAFU", "DIBINZERO".
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É... meu, morrer na Nguimbe (capital) não é negócio para qualquer um!!!
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7. E não pára por aí, o que dá mais pontos é o lugar onde será o enterro. Tem que ser ALTO DAS CRUZES ou SANTA ANA porque o resto é mesmo resto. O óbito pode ter tudo, mas se o funeral não for nestes lugares perde todos os pontos. Diante disso, começa um novo dilema já que conseguir espaço nestes cemitérios não é coisa fácil e carece de "cunha forte", mas também, 14 ou kamama não são cemitério para Vip´s, tipo, não vão ser comidos também pelos sálálés. Então o defunto chega mesmo a ficar uma semana ou mais a espera que se decida sobre seu próximo endereço.
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8. Mas nem tudo mudou, ainda se vê aquelas kotas que sempre exageram na hora de exprimir sua tristeza. Aquela kotas que vão chorar no Kinaxixi, quando o óbito é no Marçal, para depois reclamar dos rins. Ainda é a oportunidade ímpar para ver todos os parentes, onde os que menos choram são as vítimas quando se procura o culpado pela morte: "EIE U MULOGI". Ele é o feiticeiro, vês que nem chora, eu já sabia. Os vizinhos da rua toda continuam com aquele mau e velho hábito de faltar ao serviço durante um mês sob pretexto de óbito na casa do vizinho que em vida nem sequer os cumprimentava.
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Isto é caso para perguntar: AONDE ESTAMOS E PRA ONDE VAMOS? SABES??????
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Por:
Anónimo

segunda-feira, dezembro 4

ecologiaambiente.blogspot.com

Caros amigos,

Em Angola também estamos preocupados com a causa ecológica.
Assim, gostaríamos que nos ajudassem, reflectindo e discutindo com amigos, familiares, alunos e colegas de trabalho, sobre estes assuntos que nos ameaçam, particularmente aos nossos filhos e netos.

Os que possuem blogues, poderiam linkar o nosso blogue angolano recentemente criado e dedicar um post à causa ecológica, remetendo para o referido blog.

A vossa participação no mesmo através de comentários, sugestões e relatos é imprescindível.
Aqui está o link: http://ecologiaambiente.blogspot.com/

Um beijinho e obrigada
Ana Clara

terça-feira, novembro 28

ANGOLA – Eixo central do tráfico de marfim

Único país com elefantes que não assinou a convenção contra o tráfico, Angola abastece de marfim ilegal a Europa, os Estados Unidos e a China. Face à miséria que ali se vive, este problema não é, de todo, prioritário.

O Café del Mar ostenta a aparência de qualquer outro restaurante caro na Ilha do Cabo (Ilha de Luanda), estância balnear elegante para estrangeiros e angolanos ricos. Tem, no em tanto uma atracção especial: um pequeno mas bem fornecido quiosque de raridades, com filas arrumadas de peças artísticas de marfim, uma lembrança para turistas, actualmente ilegal, mas tradicionalmente muito vendida em África. «É verdade, somos muito populares. Este é o nosso marfim de Angola», afirma o dono da loja.

Apesar de a população de elefantes estar em extinção, Angola emerge como eixo regional no comércio ilegal de marfim. A sua quota no negócio de dentes de marfim duplicou no último ano, segundo um relatório das organizações de defesa da vida selvagem Traffic e WWF Internacional (…)

Este país do Sudoeste africano, rico em petróleo, devastado por quase três décadas de guerra civil, até ao acordo de paz em 2002, foi dado como o país de origem de 53 grandes capturas de marfim em cerca 12 países, entre 1999 e 2003. «Existe um risco real de extinção para os nosso elefantes», diz Vladimir Russo, chefe do grupo ambiental local e um dos maiores especialistas de vida selvagem no país. «O mercado civil do marfim cresceu desde o final da guerra. Há mais trabalhadores chineses com dinheiro para comprar peças de marfim. Mas muitos mais estrangeiros poderão estar a chegar».

Dos 37 países que ainda albergam populações selvagens de elefantes africanos, Angola é o único que não assinou a Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES) (…) em 1981 havia cerca de 12.400 elefantes em Angola (…)
Os rebeldes da UNITA, que combatiam o Governo do MPLA, foram acusados de atacar elefantes e saquear o marfim em longa escala (…) Crê-se que os muitos milhares de dólares assim gerados terão sido usados para comprar armas e mantimentos. DE ACORDO COM A UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA, ANGOLA NÃO TEM MAIS DO QUE 246 ELEFANTES.

(…) O marfim é vendido às claras no Hotel Trópico, em Luanda que tem um pequeno ponto de venda no primeiro andar, destinado a diplomatas e executivos. É adquirido no Mercado do Artesanato, na vila marítima de Benfica. (…) Os preços variam 35 e 100 dólares (27 a 78 euros) (…) Os traficantes afirmam que a policia não costuma importuná-los.
(…) Este súbito crescimento da venda de marfim pode, a longo prazo, vir a tornar-se negativo para negócio em Angola. À medida que os elefantes vão sendo dizimados, o mesmo acontece com as expectativas de impulsionar as receitas, atraindo turistas interessados em ver elefantes em estado natural.
«Alguns turistas compram marfim, mas sem a nossa vida selvagem como é que podemos desenvolver turismo?». Pergunta Russo. «A longo prazo o problema é como definir as nossas prioridades», conclui.
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REUTERS - Alistair Pole
In: Courrier Internacional Nº 85 - 17 a 23 de Novembro de 2006

terça-feira, novembro 21

Sonangol confirma negociações para vender posição na Galp

A empresa Russa GAZPROM está preste a adquirir uma posição equivalente a 6,6% do capital da GALP ENERGIA, ao entrar nas empresas que controlam a «holding» AMORIM ENERGIA. Por enquanto os dois principais accionistas desta empresa liderada por Américo Amorim estão a negociar a venda, até 20%, das suas participações.
(…)
Em declarações ao EXPRESSO, o presidente do concelho de Administração da petrolífera angolana SONANGOL, Manuel Vicente, confirmou as negociações (…) A entrada do gigante russo GAZPROM - a maior empresa mundial de gás – far-se-á através de uma cedência mútua da Energia Amorim e da ESPRASA , a empresa que representa os interesses da SONANGOL na GALP e que é detida ainda em 20% por Isabel dos Santos, a filha primogénita do Presidente Eduardo do Santos. (…)
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Gustavo Costa com J.F.Palma


In: Semanário Expresso,18 de Novembro de 2006

domingo, novembro 12

Angola é o país com pior governação do espaço de língua portuguesa

Angola é o país com pior governação do espaço de língua portuguesa. Foi, porém, o que mais melhorias alcançou no ano passado, num "ranking" do Banco Mundial onde Portugal e Cabo Verde são os mais bem colocados dos "8", noticiou ontem a Macauhub.
O estudo "Governance Matters V: World Governance Indicators 1996-2005", que pontua quase todos os países do mundo em matérias que influenciam a qualidade da governação, revela alguns factos curiosos: Portugal tem o governo mais eficaz dos "8", Angola é o país onde há mais corrupção, e Cabo Verde é, entre os países africanos lusófonos e o Brasil, o país com maior estabilidade e Estado de Direito.
De 2004 para 2005 e de uma escala entre -2,5 (mínimo) e +2,5 (máximo), Angola melhorou em quatro dos seis indicadores estudados, sendo a excepção a "Voz e Responsabilização" (para -1,15 pontos) e "Qualidade do Ambiente Regulador", onde regista um ligeiro recuo, de -1,23 pontos para -1,24 pontos. As mais significativas melhorias registaram-se na "Eficácia do Governo" (0,18 pontos, para -0,96 pontos), e no "Controlo da Corrupção" (0,11 pontos, para -1,09), com evoluções também positivas na "Estabilidade Política e Ausência de Violência" e "Estado de Direito".

terça-feira, novembro 7

Saudades da Educação de Outrora

Sempre a mesma saudade de outrora a acossar-me as ideias quando por estas paragens de Luanda vagueio. O filho deste ou daquele anda à solta na boca de todos os que não acataram nada do que um bom berço possa dar, e não me venham com estas coisas de rico ou de pobre porque a educação não se compra: adquire-se se se quiser.

Como digo, os adolescentes daqui preferem o mau comportamento ao bom comportamento. Voltando um pouco atrás, ainda no tempo da outra senhora, curiosamente não gosto muito da frase, quem fosse educado era o “boelo”. Mas é dos boelos que eu gosto.

“Boelos” na rua emprestam a paz de espírito, enquanto os não “boelos” fazem subir a adrenalina de qualquer cidadão. Bem! Devia-me cansar de andar sempre a bater na mesma tecla, mas não. Não senhor, eu não me canso de chamar o bom senso a esta terra tão desamada por aqueles que dizem amá-la.

Amar não e estragar, não é sujar. É construir. E limpar e cuidar! Continuo a fugir do tema. Também uma vírgula aqui ou ali, não faz mal nenhum. Não me refiro às vírgulas que dão alguns homens e mulheres quando apunhalam os parceiros pelas costas. Alguém quis chamar a este tipo de atitude, penso que para suavizar, de uma virgula! Qual vírgula qual quê?
Pronto! Volto ao ponto em que parti. Naquele tempo, meu querido e inesquecível tempo, chamava de tia a mãe dos meus amigos. O respeito era de certa forma uma forma autoritária por parte dos mais velhos.

Acostumamo-nos e seguimos, porque o que mais me ressaltou foi a maneira como educavam os filhos para dar forma coesa á relação entre eles. Ouvi, muitas vezes os mais velhos dizerem que deve educar-se os filhos para que amanhã possam reverter a situação. "Filho (a) és, pai (mãe) serás. É mesmo! Este é o ciclo de vida de toda a humanidade. Parece que entramos numa apatia, num egoísmo, num estado que só permite fazer maldades. O pior de tudo é que os filhos de hoje desprezam os pais depois destes terem cumprido o seu dever. Mesmo não sendo assim, pai é pai, mãe é mãe.

Quero com isso chamar à razão não só os nossos jovens, como os adultos e toda a sociedade para que possamos resgatar os nossos valores ancestrais. Está na hora de cuidarmos dos adultos e protegermos as nossas crianças.
É com muita dificuldade que hoje uma mãe, reparem que falo de uma mãe não por menosprezo aos pais, mas porque quase sempre a mãe é que está presente. O pai demite-se, muitas vezes, das suas funções.

Não é fácil educar um filho a cem por cento, quando a alimentação é deficiente, quando a entrada para o ensino escolar se torna um bico-de-obra, quando as dificuldades fazem-no comparar com o amigo que tem mais possibilidades.
Então vem aí a falta da auto-estima e do bom senso.

O jovem procura resgatar a sua imagem delinquindo. Quanto mais dificuldade mais ele se desintegra da sociedade chamada de normal. E para a sua maior estima procura sempre ser o chefe de uma quadrilha onde se integra. Por tudo isso, ainda lhe resta uma pedra no sapato: a mãe. A sua relação com ela e cada vez mais de afastamento e de faltas de respeito constantes a volta de muitas cobranças.

Na rua é um quebra-cabeças para se afirmar. Encontra outros que também estão à procura de uma afirmação e surgem as rivalidades entre jovens e consequentemente entre grupos que se vão formando e criando ideais que levam aos comportamentos completamente negativos e adversos a sociedade comum ou a sociedade chamada de normal.

As suas regras têm que obedecer a determinados critérios do salve-se quem puder quando para a reposição da legalidade encontram agentes policiais sem habilitação cultural para agentes de autoridade.

Sinto pena dos mais velhos, autênticas bibliotecas vivas, cada um à sua maneira, hoje farrapos atirados á mendicidade, desintegrados, excluídos.
Sinto saudade do tempo da outra senhora onde os mais velhos eram necessários para o legado final, para contarem histórias de vida, para deixarem bons exemplos de cidadão e de cidadania. Mas se a esperança é a última a morrer, vamos mudar o quadro da nossa sociedade que me parece não ter padrão nem balizas sustentáveis para uma sociedade do bem-querer. Mas porque ainda podemos transformar algumas pessoas e porque ainda existem, poucas, pessoas de bom senso que querem ver um pais a crescer, tudo pode ser possível. Em vez de nos vangloriarmos com as riquezas que existem no país sem lhes podermos tocar, vamos à luta pelo bem-estar.

Com palavras, com debates, vamos vestir a camisola de "Um só povo uma só nação" no sentido estrito com efeitos amplos para o povo angolano. E feio o que mostramos ao mundo tanta miséria num pais rico. Parafraseando um dirigente da nação passo a expressão: "Ser miserável num país rico é ser muito estúpido."

Mas não é com muito dinheiro que se ganha uma boa educação. É com boa vontade dos políticos e dos dirigentes.
A todos os mais velhos, o meu grande apreço.
Ai que saudades da educação de outros tempos!

Por: Cho Do Guri
In:http://www.folha8news.com/ardina_ultimas.aspx?ardina_cmd=ver&ardina_topico=CRONICA&ardina_viewer=html&ardina_edicao=826&ardina_id=24&ardina_titulo=Saudades%20da%20educação%20de%20outrora&ardina_area=SEMANAL

sábado, outubro 28

«O Estado existe para servir o povo»

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, na tomada de posse dos novos vice-ministros da Defesa e do Interior, respectivamente, Agostinho Nelumba "Sanjar" e Eduardo Ferreira Martins. O povo, embora de barriga vazia, gostou de ouvir.

Mais de metade dos 13,2 milhões de angolanos são crianças. Angola ocupa o 164º lugar entre 175 países no Índex de Desenvolvimento Humano e tem uma das taxas mais altas do mundo de mortalidade infantil abaixo dos cinco anos, com 260 mortes por 1000 nascimentos.

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.

A maioria da população de Angola vive na pobreza, sendo que 68% da população urbana vive abaixo da linha da pobreza. Estima-se que a economia rural seja quase na totalidade uma economia de subsistência .

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.

45,2 por cento das crianças com menos de cinco anos sofrem de subnutrição crónica, 31 por cento têm peso a menos e 6,2 por cento estão gravemente subnutridas.

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.

Quarenta e quatro por cento das crianças não frequentam a escola primária. Em 2001 104.000 crianças ficaram órfãs devido à SIDA e as projecções indicam que este número irá aumentar até 331.000 em 2010.

«Sabemos que o Estado existe para servir o povo», afirmou o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.

Por: Orlando Castro

In: www.altohama.blogspot.com

sexta-feira, outubro 20

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Silêncio Sobre a SIDA Num Casal

«Queridos, infelizmente o mundo está perdido... As próprias pessoas que convivem ao nosso lado anos e anos, são as que mais nos decepcionam!

Silêncio sobre a Sida num casal
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O meu marido sabia que era seropositivo e não me disse nada...
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Caiu-me o céu quando a médica disse-me: "Céu, o teu teste é positivo!!!".
Era Dezembro do ano passado. Dois meses de broncopneumonia deixaram-me pesando 27 quilos e pedi no centro médico da Rádio Nacional de Angola, onde trabalho como jornalista, para fazer o teste de HIV.

O pior estava a vir. Levei as minhas quatro filhas a fazer o teste. A caçula (mais nova), de nove anos, também é seropositiva.

Chamei o seu pai, do qual estou separada há vários anos, e que trabalha noutra província. As minhas outras filhas são de outro relacionamento. Demorou a chegar, mas apareceu. Conversamos. Convidei-lhe a fazer o teste. Ele apenas respondeu: "Agora que você sabe, é só fazer o tratamento". Contou que já faz tratamento, há alguns anos, na África do Sul. E nunca me disse nada.

A nossa relação durou onze anos. Separamo-nos sem problema algum e só hoje entendo o porque. Tivemos outro filho, que morreu com um diagnóstico indeterminado. Seria Sida?

Acho que o meu ex-companheiro não me avisou por vergonha, egoísmo,orgulho, sei lá... Se nós partilhamos uma vida durante anos, é chocante vir a saber que o meu parceiro me escondeu a sua condição. Considero esta traição como a mais baixa. Afinal já não conhecemos ninguém. O que ele fez é condenável. A primeira mulher, que faleceu há alguns anos, só agora se sabe que morreu com Sida. Neste momento, quatro filhos dele estão infectados com o HIV. É muito triste.

Desesperada, recorri à amigos. Recebi muito apoio e coragem. Tenho gerido a situação, tenho mais cuidados comigo, mudei de turno na Rádio Nacional.Hoje, sou uma mulher lutadora. Enquanto estiver viva, quero dar o melhor aos meus filhos, mas sempre de cabeça erguida.
Vivo com as minhas quatro filhas e dois órfãos de guerra que adoptei.

A minha mãe já é uma pessoa de idade avançada, é comigo que ela tem contado quer na alimentação, como na saúde. É um triplo drama que carrego neste calvário.

O mais doloroso para uma mãe é saber que tem uma filha seropositiva. Só Deus sabe o que está dentro de mim. Um sentimento de culpa por saber que foi transmitido no meu ventre, mas convicta que não foi intencional, porque não sabia da minha condição, nem a do meu companheiro.

A minha filha, para além de ser seropositiva, tem um problema de coração e tem crises constantes. Alguns exames não são feitos no país e se fazem são caríssimos. Infelizmente, até hoje ainda não pude fazer o tratamento disso por falta de dinheiro. Por isso, pode ver como me sinto. O que fazer?...

Tem sido muito difícil da minha parte, não que tenha ódio do meu ex-compaheiro... quem sou eu para o condenar, mas é uma dor muito grande que carrego sempre que imagino o quanto ele foi cruel até com a própria filha.Diga-me com sinceridade, o que merece um pai que contamina o seu filho e quase o deixa morrer? Esta pergunta tem me martelado muito a cabeça, sem contudo encontrar resposta.

O que me levou a assumir publicamente a minha condição é que, ao darmos a cara, ajudamos a todos que se encontram na nossa situação. É também uma forma de acabar com discriminação e passarem a ver-nos como cidadãos normais deste país, que coabitam com uma doença que poderia ser diabete ou cancro.

Sempre acreditei na Sida, porque é uma doença que existe. Mas, apesar da coragem que tive em fazer o teste, o impacto que tive ao receber a confirmação foi doloroso.

O mais importante para mim é poder continuar a contar com as pessoas que me estenderam a mão na primeira hora, fazer tudo que estiver ao meu alcance para que nunca faltem medicamentos e alimentação, principalmente para a minha filha seropositiva, e que Deus continue a me dar força e coragem.»

"Este triste relato, contado na primeira pessoa, apresenta a tragédia de uma mulher, mãe de família, jornalista e profissional de rádio que foi vítima de uma injustiça grotesca e atroz, foi infectada pelo vírus HIV pelo seu próprio marido.

Infelizmente, histórias como está ouvem-se um pouco por toda a parte. Sabemos muito bem que existem elementos promíscuos (Homens, Mulheres, Jovens) na nossa sociedade que sabem que são portadores do HIV e mesmo assim continuam a ter relações sexuais desprotegidas com o desígnio de infectarem o maior número de indivíduos possível. O lema é: “Se alguém me deu, eu também vou dar e não morrerei sozinho”.

Quero aqui deixar o meu mais profundo lamento e pesar. A minha angústia é grande e silenciosa. O que aconteceu com esta mãe podia ter acontecido com a minha ou com outro qualquer familiar meu. Desejo a esta família a melhor sorte do Mundo e se enquanto houver vida há esperança, acreditem sempre nela que vão conseguir ultrapassar as adversidades.

Quem vê caras não vê corações. Lembrem-se disto antes de se envolverem sexualmente com alguém. Usem o preservativo sempre e pratiquem sexo seguro. "

sexta-feira, outubro 13

A Téknika, as Kausas e as Konsekuências

A letra da música que está aqui exposta em forma de post foi enviada por um anónimo, amigo do cantor e autor angolano MC K.
A letra tem uma forte critica a um partido político, mas tem também, o que penso ser mais importante, uma forte mensagem social e cívica na medida em dá ênfase a inércia do povo angolano no que respeita ao dever de cidadania.
Peço aos leitores que ignorem, porque isto é um Blog sem cor partidária mas que se afirma de critico social, a mensagem politica e que se foquem na crítica social.

Segundo informação também fornecida pelo amigo anónimo de MC K, esta música causou a morte de um jovem, por parte de militares angolanos, que o espancaram até a morte enquanto ouvia e cantava a música em questão. Pai de dois filhos, que ganhava a vida a lavar carros.

Os links que se encontram em baixo falam sobre o assunto:
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Álbum: Trincheira de Ideias


A Téknika, as Kausas e as Konsekuências

Seilaquê wawê (8 x)

Cidadão angolense acorda antes que o sono t'enterra
se deres ouvido a minha poesia conhecerás a cara e o nome do mosquito que nos ferra
saberás que a causa do caos do povo não foi apenas a guerra,
o quotidiano mostra a cor da corrente que nos cerra:
preto em baixo, vermelho em cima e amarelo no meio,
envolvida por anéis d'utopia na parte externa.

A inocência fabrica e multiplica as vítimas da escravidão moderna.
Como a massa desconhece a técnica da M.anipulação P.opular de L.ixamento A.ngolense ninguém sente o peso da algema.

O teu caso é uma prova visível da arte dos lobos,
os teus argumentos são frases incompatíveis da filosofia suprema,
não tens abrigo, procuras emprego há séculos mas continuas fiel ao sistema.

Estás preso, sob uma frequência de controlo automático de grades invisíveis
(eles traçaram o teu futuro no ventre da tua mamã!),
sofres diariamente, não sabes como reclamar,
as armas calaram mas o teu estômago continua em guerra,
a luta começa no dia do teu parto,
com a primeira gasosa que os teus pais pagam à equipa médica em serviço
e só acaba com o último batimento do teu coração!
Guerra é luta e luta é mesmo isto!

A tua esperança anda mais de 40 anos no verão
e afastaram-te dos livros desde criança, aos 12 anos uniram-te às cervejas
encheram o teu fim-de-semana com maratonas e deram-te uma educação mutilada!
Aniquilaram o teu espírito de revolta com igrejas!

Tens uma década de escolaridade, sobre a vida não sabes nada.
Cultivam em ti o medo que semearam nos teus pais.

As tuas atitudes dependem da rádio e da televisão,
já sei que não vais compreender o refrão,
isto é uma figura de estilo irónica, pede explicação.

Refrão: Seilaquê wawê (8x)

Tira a poeira das vistas, abre o olho mano,
desliga a televisão, rasga o jornal e analisa o quotidiano,
vai em busca da realidade do modo de vida angolano.

Irmãos, qual é a liberdade que nos deram se a arrogância política não cessa?
Quem fala a verdade vai p'ó caixão, que raio de democracia é essa?
Nos livramos dos 500 anos de chicote mas não utilizamos a cabeça,
depois da queda do colono, em vez de uma independência deram-nos quase meio século de má governação,
hoje os dirigentes estão com as imagens gastas porque o poder não regista circulação,
criticam os professores e enfermeiros por causa da corrupção,
esquecem-se do orto da instabilização.

Somente os da esquerda sabem que o erro parte do organigrama padrão,
transcrevendo um processo hierárquico torto até ao último escalão.

Parem de agitar as gasosas aos polícias, as kinguilas não são as culpadas da inflação,
a causa do sofrimento angolano reside na filosofia do desumanismo,
na política do egoísmo, na artimanha do estrangeirismo.

O modo de vida luxuoso da burguesia faz parte do processo palpável do vosso egocentrismo.
Assim como os donos dos colégios pertencem ao Ministério da Educação,
os donos das clínicas privadas pertencem à Saúde.

O que m'irrita não é a cara do indivíduo, é a atitude,
as vossas acções demonstram a extinção da virtude.

Ignoram o papel do Estado em benefício das vossas necessidades,
o dinheiro que restou das vossas contas bancárias está todo investido em “projecteis”,
prometem-nos um amanhã melhor com escolas sem giz.

Refrão

Graças à deus escapei da artimanha estratégica,
tive a sorte de não ser mais uma vítima dos “frangos da Bélgica”,
mas como os efeitos da “Téknika” geram várias tendências,
fui psicologicamente afectado por outras “Konsekuências”:
a multiplicação da ganância e a soma da luta armada
ofereceram à pátria a dor infinita e a miséria avançada,
exportamos o petróleo, importamos o sofrimento,
ganhámos 7 campeonatos de guerra no último decénio
perspectivava-se novo título neste milénio.

“A vitória certa” pintou Luanda de deslocados nas curvas,
perdemos soldados mas ganhámos viúvas!

Somos os maiores importadores de pares de muletas dentro e fora do mundo luso,
as vacinas da pólio não reduzem o elevado número em uso.

Dizem querer desenvolvimento p'rá Nação,
com 1 médico p'a mais de 90 pacientes e 1 mina p'rá cada cidadão?
Indústrias paradas, 4º lugar da corrupção.

Ganhámos o prémio Nobel do paludismo e da malária,
gastámos o dinheiro na compra d'Audis recentes e comemos o arroz estragado das ajudas humanitárias.

Somos uma potência de deslocados, mutilados, desmobilizados, refugiados, enfim...
vivemos tantas atrocidades porque os políticos querem assim.
Temos máquinas de guerra com equivalência de 10 escolas,
promovemos o analfabetismo,
a falta de espírito de paz gerou desumanismo.

Han... temos mais armas que bonecas,
menos universidades que discotecas,
mais cantinas que bibliotecas,
o povo conhece a verdade mas cala
o velho ditado diz: “O Silêncio também fala”!!!
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Autor: MC K

quarta-feira, outubro 4

Trabalhadores da Rádio Nacional de Angola (RNA) Pedem SOCORRO...

Esta carta foi enviada via e-mail, por alguém que se intitula como funcionário de uma estação de rádio em Benguela, Rádio Nacional de Angola (RNA), e pede por socorro como podem ler a seguir:

Exmos. Srs.
Escrevemos esta carta em forma de pedido de socorro, para que possam expô-la no vosso Blog, para que alguém a leia e nos acuda pois não temos mais ninguém a quem recorrer (…) Nós aqui na rádio em Benguela estamos desesperados e temos a esperança que alguém com poder nos oiça e nos salve do demónio (…) Já denunciamos a situação ao público angolano, ao Partido, aos jornais (Folha 8), a direcção central em Luanda e ninguém nos houve.
(…) Assim não tendo a quem mais recorrer agradecemos que nos ajudem publicando isto no vosso espaço.
Obrigado.



“Os casos que vamos relatar poderão não merecer aceitação de todos, face ao silêncio sepulcral de quem tinha o direito de velar pela coisa pública. Não são avulsos nem gratuitos, apoiamo-nos numa colecta de décadas de sofrimento, sacrifício, paciência pelos nossos filhos, ante a arrogância, a prepotência e a incompetência, do Director da Emissora de Benguela. Todavia, acreditamos que estaremos a contribuir para uma gestão transparente e para o espírito da boa governação.

Esperamos que nos compreendam e que de uma vez por todas, se acabe com o desespero e a ambiguidade reinante, devolvendo a alegria, a satisfação e a dignidade que todos nós merecemos. Fazemo-lo por esta via, porque não temos outra solução, nem alternativa.

O Camarada Director Gregório é um exemplo acabado de enriquecimento rápido e de forma ilícita. A gestão da rádio Benguela ganhou contornos arrepiantes, horripilantes e incríveis, por parte do senhor Carlos Gregório, o todo poderoso Director, imposto pelo Dr.Manuel Rabalais, Ministro da comunicação social e ainda Director geral (de facto) da RNA. Uma gestão ruim, disparatada, fenomenal que já carrega década e meia (desde 1992). Um Director excêntrico, introvertido, invejoso, perseguidor dos melhores quadros que a rádio Benguela teve. Vejam o seguinte resumo:

1. -Entre 1995 e 2001, proibiu que o trabalhadores se superassem academicamente (aqui vénia seja feita ao Director Rabalais, que travou a pandemia).Na maioria só tínhamos a 6ª,7ª e 8ª classe. Nunca nos promovia, antes pelo contrário, sempre nos discriminou. E tudo que vamos falar a seguir, o Partido sabe.

2. -Em 2003 transformou-se em super director, ajudado pelo Sr. Miguel Braz da direcção central.

2.1. -Os três carros da Emissora provincial de Benguela, servem para apoio à sua loja, aos seus filhos, quer os de casa quer os da segunda mulher.
3. -A sua esposa continuou a receber salários (1999-2001) quando já não trabalhava na emissora.

4. -Os repórteres circulam a pé, porque ele privatizou as viaturas em seu beneficio, dos seus colegas de faculdade e de alguns ex-professores seus. Prefere apoiar amigos em detrimento dos trabalhadores e depois quer dar um ar de ser exigente.

5. -Ninguém sabe o que é feito dos USD 1.500.00/mês e 15 grades de cerveja/ mês, que recebe do "Soba Catumbela" (CUCA BGI). Já lá vão no papo, contas bem feitas desde 2004, qualquer coisa como USD 56 Mil.

6. -Em função da sua desconcertante política de gestão, visão e sentido de direcção, esteve no afastamento de quadros competentes, como: Alexandre Lucas (actual director da comunicação social em Benguela, chegando ao ponto de quase entrarem em vias de facto…), João de Almeida (actualmente no Canada), Céu Marques, Síria de Castro, Mário Afonso (fundador do Gaep), Adão Gabriel, do Kota Carlos Alberto Pimentel, e o Engenheiro Mendes Filipe (estes dois em 2004 de forma compulsiva).

7. -Continua a passar uma certidão de morte laboral lenta ao João Carlos de Carvalho (bom locutor da rádio Benguela, nos relatos de basquetebol). Coitado do melhor locutor do futebol, Domingos Januário, ex-assessor seu, hoje a passar pelas passas do Algarve. Hoje ele que é o único Dr. que temos. Está a passar mal, até já é punido como nós, "coitado". Mais outras vítimas, a Kota Eduarda Feliciano, que não suportou mais a onda discriminatória do "Hércules" chamado Carlos Gregório, o todo poderoso que conta com apoio do Ministro. Faz e desfaz.

Outros casos:

8. -Nas quadras festivas, ao invés de distribuir cabazes aos supostos membros do conselho de Direcção, deleita-se em operações de charme. Distribuindo os especiais aos amigos.

9. -É desumano. Esteve na origem das mortes de Domingos Kapuki e do mais velho Higino, (um estafeta e um continuo), por falta de apoio social. O mais caricato é que nunca ousou autorizar uso das viaturas para funerais
10. -Nunca se dignou visitar os trabalhadores em casos de doença, só o fazia quando pressionado a partir dos superiores em Luanda.

11. -Em 2000-2002, adjudicou em forma de cambalacho a reparação do edifício da Rádio a um suposto empreiteiro, quando a olho nu se sabia que o homem era jogador de andebol e agente cultural; Um tal de Tó Zé Piranha, presentemente no Huambo. Uma empreitada suportada pelo governo de Benguela, também "cego", como é ou finge ser, em USD 30 mil na altura. Obras todas aldrabadas, (com os trabalhadores a serem apanhados na praça da Caponte), e que na prática ficariam em USD 2 mil. Dividiram a massa: nenhum membro do conselho de direcção tugiu ou mugiu. Afinal o homem é prepotente e ditador, o que faz lembrar Hitler, Mussolini, Pinoché, Staline e tantos outros.

12. -Presentemente, comprou uma casa nas imediações do estrela 1º de Maio (mas ele diz que o Ministro é que lhe ofereceu, em função de um negócio… que só pode ser obscuro) mas como não somos distraídos, sabemos que saiu dos USD 1.300.000, um milhão e trezentos mil aplicados na modernização da Rádio Benguela em 2003-2005, ficando-se por 50% o que "mamaram a massa em comissões". Um tal de Tó Carpo da TECNOCARPO, associada ao governo de Benguela através da TECNO5.

12. -E não fica por aqui. A roubalheira e os prejuízos à empresa, são tantos, que já conseguiu comprar vários carros de trabalho e uma viatura Mitsubishi Pagero azul, que se exibe com ela na cidade fruto das engenharias que faz com os dinheiros da publicidade, patrocínios e outros "quês" e quejandos (mas há quem diga que foi o reconhecimento do tal Tó Carpo por lhe ter entregue as obras da Rádio). Ora essa... o homem é tão bonito, que este ano o Ministro Rabalais lhe ofereceu uma carrinha Hilux vermelha, novinha em folha (Só ele sozinho, tem no seu parque automóvel seis (6) viaturas.

13. -Levou consigo três (3) grupos geradores LISTER. (um está no Escondidinho uma discoteca local e outro ao lado da casa dele, o terceiro tem destino incerto)

14. -Quando os trabalhadores lhe pedem para a empresa ser avalista junto das facilidades que o banco (BFA) oferece, não aceita, alega sempre vários argumentos.

15. -Não tem uma estratégia traçada para o desenvolvimento da Rádio que se supõe dirigir, em função de bons quadros que tem. Uns até são técnicos superiores como o kota Januário, o puto Santos júnior, o chefe Lilás. Pelo contrário, rema contra eles. Inventa sempre algo, citando sempre Luanda para se superiorizar. Tortura-os psicologicamente e eles, coitadinhos, aceitam ser engomados. Custa acreditar, custa crer que andaram numa Universidade, o centro do saber.

16. -De vergonha em 2004 meteu-se a estudar direito na PIAGET, onde paga USD 250 mês. Há quem diga, que é por obrigação do amigo dele, o ministro Manuel Rabalais (alias ele é o sócio-gerente da Mattishopping, da qual é dona a esposa do ministro). Um supermercado que consome quase todo o combustível da rádio, chegando o ponto de fechar cedo, por falta de combustível, pudera!...

17. -Em 2004, o Governador Dumilde Rangel e o 1º secretário do MPLA informados pela célula do partido, propuseram a sua exoneração, mas o Director Geral da RNA, não aceitou, (claro é o homem dos seus negócios, em Benguela, kaimbambo onde comprou uma fazenda e Cubal, onde ficou com o antigo terreno da rádio).

18. -O Director Gregório diz mesmo em bom som… "quem manda nesta merda sou eu, quem não me quer ver aqui, que vá embora e quero ver onde se vão queixar. No ministro nem pensar, no Eng. Filipe Diatezua, este não manda nada, está lá por estar. É apenas uma figura decorativa. Vocês todos sabem que, quem manda é o Director Rabalais. Então cuidem-se comigo e portem-se como gente...".

19. -Tem uma amante, que inclusive já deixou um bebé de três meses (filho seu) no hall da Rádio.

20. -Este homem detesta a liberdade e a criatividade dos outros, gosta de protagonismo absurdo. Ele é malfeitor, é um camaleão disfarçado que fica amigo dos trabalhadores quando está "à rasca", como aconteceu em 2004, quando o próprio DG queria que ele fosse embora por estar farto das suas brincadeiras.

Conclusão
Agora perguntamos…Com estas matérias de facto, aqui narradas, num país de verdade não levariam a uma investigação aturada e profunda com suspensões imediatas à mistura? Isto não é caso para a Procuradoria-geral actuar de imediato? Onde anda a investigação criminal? Onde andará a Direcção Geral da Rádio Nacional de Angola (será conluio)?"

sábado, setembro 23

ANGOLANO SUICIDA-SE EM LONDRES

Um cidadão angolano de 35 anos de idade suicidou-se em Londres num centro de detenção para emigrantes. O mesmo iria ser deportado para Angola juntamente com o seu filho. O suicida deixou um bilhete onde dizia que não queria regressar a Angola porque não tinha condições de vida e queria que o filho de 13 anos prosseguisse os estudos em Inglaterra

ANGONOTÍCIAS... Para ler mais clique aqui

sábado, setembro 16

COSTANGUEIROS II

Sentei pa descansar, quando apareceu um amigo completamente chateado e aos berros. Tentei fingir que estava demasiado ocupado com os meus problemas, mas foi impossível. O meu amigo estava inconsolável. Foi assim que decidi falar com ele:
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Eu - Então mano, qual é o problema?
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Amigo -Tas a ver aquela via que sai da rotunda do Zamba II e passa pelo bairro azul?
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Eu -Yá tou a ver (tive de fingir, porque não conheço Luanda, nem estou a ver..., talvez na imaginação, mas nem ai...).
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Amigo - Apanhei aí o Hiace pa ir ao trabalho, mas inventaram de fazer obra logo naquela estrada. Resultado? Cortaram uma faixa da estrada e na que resta há muito engarrafamento. Pa variar, quando decidi ir à pé pa chegar ao salu antes de me marcarem falta, doutro lado da estrada as obras deram cabo de um cano de água e a rua tá toda "alagoada"( seria alagada se fosse apenas molhada, mas como formaram-se lagos...). Para passar é preciso apanhar um costangueiro. Como havia muita gente apressada e poucos costangueiros, eles começaram a cobrar 100kz por cada travessia. Que absurdo!!! É o dobro do preço do táxi. Mas pronto né! Um gajo tem que bazar po salu e pronto, paga. Mas o pior tava pa chegar. Quando chegou a minha vez pa passar, epa quase a chegar no passeio o costangueiro começou a reclamar.
«Kota é muito bebucho*, tem que dar 200kz, se não desce.» Puto tas a gozar ou quê? Vou descer como? « Então paga senão desce aqui mesmo!» Para meu azar o puto fez-me mesmo descer! Com os sapatos e as calças entrei naquele alagoado e era uma vez... Falta no salu, sapatos rebentados, e roupa molhada.
A quem devo pedir a responsabilidade pelos prejuízos?
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"Será que temos que fixar também o preço dos costangueiros pa travar a concorrência desleal ou é preciso ter cuidado com os trabalhos nas estradas? Precisa-se, com urgência, recuperar a ética da responsabilização e fiscalização das obras públicas, porque no fim da linha é o pacato cidadão que paga a factura pesada."
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Até breve!!!
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*Gorducho
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Por:
Upindi Pacatolo

domingo, agosto 27

"COSTANGUEIROS"

Desta vez, escrevo a partir de Luanda, a «cidade da confusão». Encontro-me na também cidade da Kianda desde 05 de Julho. Já estive nas cidades do Lobito e Benguela e a imagem não foge muito da confusão de Luanda.


Hoje quero partilhar convosco uma nova profissão criada pelos angolanos: "Costangueiro". Quando cheguei à casa, nas conversas com as minhas irmãs falaram-me de certo grupo de pessoas que só comem quando chove. Diante da minha indiferença, uma das minhas irmãs perguntou: « mano, sabes porquê eles só comem quando chove»? Do alto da minha sapiência respondi: « porque são agricultores e sem chuva têm dificuldades de regar os campos e conseguir alimento». Em uníssono, as minhas irmãs puseram-se a rir da tuguisse e ignorância do mano.

Refeitas da piada e parvoíce do mano, a mais velha pôs-se a explicar: « mano, eles só comem quando chove porque são costangueiros»! «Costa quê»?, retorqui eu. «Costangueiro, mano»! «Explica lá isso bem»! Rematei. «Mano, conheçes os candongueiros né»? «Ya conheço»! «Então candongueiros e costangueiros são dois meios de transporte. Enquanto o candongueiro te leva de carro, o costangueiro te leva nas costas; enquanto o candongueiro tem sempre clientes e trabalho, o costangueiro só trabalha quando chove, porque é quando as ruas e as estradas estão cheias de água e para as pessoas passarem têm de ser levadas às costas».

De regresso à Luanda e pelos lados de São Paulo deparei-me com um cenário desolador: em pleno cacimbo, isto é, quando não chove, as ruas estavam completamente alagadas e os costangueiros empregados. Então telefonei à minha irmã e disse-lhe: « mana, aqui em Luanda os costangueiros não dependem da chuva pa trabalhar. Há sempre clientes que precisam ser levados às costas para atravessar certas ruas, porque o asfalto e os canos de água não se entendem. Paga o pacato cidadão e o costangueiro ganha o seu pão». Até Dog Murras desconseguiu explicar e cantar essa verdade, já que ele só diz « nosso bairo é o mesmo... quando chove é sartar, se cair maka é teu»!!! E quando não chove? Porque precisamos de costangueiros?

Atenção: não sou contra aqueles que ganham digna e honestamente o seu pão! Mas essa de levar os outros às costas pa atravessar os lagos ou charcos ao longo das estradas e ruas não dá.
Até breve!!!!
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Por:
Upindi Pacatolo

domingo, agosto 6

DIREITOS HUMANOS

Situação melhorou mas há graves problemas.

O Departamento de Estado norte-americano diz que o respeito pelos Direitos Humanos melhorou em Angola, mas o seu relatório anual considera que a situação na generalidade permanece «fraca e persistem graves problemas». O Departamento de Estado reconhece, contudo, que o Governo angolano tem vindo a abrir-se cada vez mais «à sociedade civil e à participação da oposição nos processos políticos».

«A nomeação de um provedor para os Direitos Humanos foi um passo importante para assegurar a possibilidade dos cidadãos expressarem as suas preocupações sobre os Direitos Humanos directamente a um organismo governamental independente», destaca o documento, que cita contudo, uma série de «problemas» nesta área.

Entre estes incluem-se «assassínios ilegais, desaparecimentos, tortura, agressões e abuso de pessoas» e ainda corrupção e impunidade, prisões arbitrárias, restrições às liberdades de expressão, de imprensa e de reunião e restrições ao direito dos cidadãos elegerem representantes a todos níveis.

O documento afirma que o Governo «ou os seus agentes» não estiveram envolvidos em quaisquer assassínios por motivos políticos. «Contudo, as forças de segurança mataram um número desconhecido de pessoas», acusa o documento, e acrescenta que «organizações locais do Direitos Humanos disseram que a polícia foi o principal violador dos Direitos Humanos e responsável por mortes ilegais», acusando ainda elementos das forças policiais de «comporem» os seus salários «pobres» através da «extorsão generalizada da população civil».

No que diz respeito à liberdade de imprensa, o documento indica que, «ao contrário do ano anterior», não houve informações de que a polícia tenha detido ou agredido jornalistas, fazendo notar que a rádio e jornais «criticam o Governo aberta e, às vezes duramente». «O Governo, na generalidade, tolerou críticas às suas políticas e acções por parte dos órgãos de informação independentes», diz o documento.

O relatório aborda ainda a alegada corrupção do Governo angolano, que diz ser «generalizada», embora - acrescenta – o Executivo tenha tomado medidas para «aumentar a transparência e reduzir as despesas estatais não reflectidas no orçamento oficial».

In: www.courrierinternacional.com.pt
Jornal Tribuna de Macau (excertos), Macau

segunda-feira, julho 24

Angolanos escravizados

Chineses reconstroem e ditam as regras

As obras de reabilitação do caminho-de-ferro de Luanda (CFL) decorrem a bom ritmo, mas as pessoas que trabalham no projecto manifestam descontentamento com as condições laborais oferecidas pela direcção da empresa responsável pelas obras, a chinesa Cimec-Tec, que conta com mão-de-obra angolana e chinesa. Porém, o grito de socorro vem apenas dos trabalhadores angolanos, cerca de 850, com idades entre os 15 e os 50 anos e nível académico inferior ao 9.º ano. Asseguram que a diferença salarial entre os dois grupos de funcionários é abismal.

Os salários dos «bumbas» angolanos varia entre 7500 e 10 mil kwanzas (77 a 103 euros). Os funcionários com menos de 4 Meses de trabalho recebem 7500; os que estão há mais de um ano, até 10 mil. (…) Os restantes trabalhadores chineses, sem grande formação recebem quinzenalmente 21 a 42 mil kwanzas (216 a 432 euros).

(…) O motorista Domingos Sebastião conta que entram às seis da manhã e não têm hora de saída, mas não recebem horas extraordinárias. O subsídio de alimentação e transporte é de 20 kwanzas (20 cêntimos de euro) por dia, «que nem chegam para comprar um pão». Os chineses têm 2 refeições, transporte e horas de descanso.

O uso de equipamento é outra situação que destaca as diferenças. O trabalhador angolano que queira ter o equipamento é obrigado a pagar 3 mil kwanzas (31 euros). Daí que grande parte trabalhe sem luvas, auriculares, etc. Só os chineses enfrentam a empreitada totalmente equipados. O motivo para os angolanos não adquirirem o equipamento recomendado pelas autoridades sanitárias e de segurança no trabalho são os magros salários.

O funcionário angolano que tenha o azar de sofrer um acidente tem, no máximo, três dias de dispensa, caso contrário perde o emprego. Durante os dias em que fica em casa, sofre descontos no salário. Quando um chinês estiver impossibilitado de trabalhar, por razões de saúde, é dispensado até à sua recuperação e não sofre descontos.

Tais situações levam Sandro Ricardo a afirmar que na Cimec-Tec os angolanos trabalham «como escravos dos chineses».
Os funcionários crêem que a atitude da empresa resulta do facto de se sentir protegida pelo poder. A obra é feita com fundos provenientes do empréstimo chinês a Angola, avaliado em dois mil milhões de dólares (1650 milhões de euros) dos quais cerca de noventa milhões (74,2 milhões de euros) reverteram para a reabilitação do CFL.
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In:www.courrierinternacional.com.pt
Por: Paulo Sérgio, Folha 8

quarta-feira, julho 12

A banda, mas onde fica a banda?

Certa vez um camba contou-me, que um budjurra que ele conheceu aqui na tuga, teve em Angola e conheceu as 18 províncias, mas voltou decepcionado porque não chegou a conhecer a “Banda”. Vocês falam tanto da banda, mas em que parte de Angola fica ela então? Interrogou ele.

Talvez, nem nós, os puros mangolés sabemos explicar a definição ou localização da banda, porque, para nós a banda não se define nem se vê, ela sente-se quando o Boing 747 da Taag abre a sua porte e aquela quentura empoeirada toca-nos a pele.

A banda sente-se ali naquele tapete rolante do Aeroporto 4 de Fevereiro, quando vamos pegar as malas e encontramos a mistura de passageiros e bagagens entre Lisboa/Luanda e Kinshasa/Luanda, sente-se naquela comprida avenida que sai do aeroporto ate ao Largo da Maianga, onde nos cruzamos com um cumbi azul e branco e um Hammer H2 amarelo ao mesmo tempo, sente-se nos ambulantes que te batem no vidro com a dica “cota temos todas as novidades, é só escolher” ou “tio olha o cheirinho pro boter, esse é mesmo do puro”, no engarrafamento provocado pela nova onda da construção das pontes ou túneis, como alguns dizem.

Quando chegamos em casa, sentimos a banda assim que ligamos a TV, e nos deparamos com a emissão da Globo ao invés da TPA que estávamos a espera, daquele cheiro do bagre fumado ou do funge quentinho que vem lá da cozinha, do som que vem da rádio com as novidades musicais que estão a bater em determinada altura, da primeira conversa com os cambas em que nos contam as novidades tintim por tintim; os novos calões que estão a bater, a nova forma de dançar kuduro ou tarraxinha, a praia e disco que tão na moda e muitas outras dicas, insignificantes para alguns mas importantes para todos nós que queremos ver ou nos sentirmos na Banda.

Muitos, podem entender banda como uma dica que os angolanos inventaram para dizerem que foram ou vão para Angola, mas se assim pensam é porque não apanharam a dica. Pra Angola, qualquer madyé pode bazar, um tuga, brazuca, santolas ou chinoca que agora vão pra lá aos montes; mas pra Banda, hum hum, só mesmo nós sabemos o caminho para aquele “paraíso” empoeirado. Eu, até já pensei em abrir uma agência de turismo, única e exclusivamente para levar turistas e não só, a conhecerem a banda. Mas como? A par das questões de cumbu, há uma mais complicada que me estraga a ideia de negócio. Onde fica a Banda?

Por vezes, penso que sou “bandense”, porque angolanos de BI. e passaporte, existem muitos, basta querer sê-lo acompanhado de algumas quantias e já esta; agora bandense, não é para quem quer nem para quem pode, é só para quem é.

Ali, onde se sente a dificuldade em que alguns vivem, mas que todos se riem independentemente do nível de vida que têm. Ali sim esta a Banda...
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Por:
Ngoi Salucumbo (Salucumbo Jr.)

segunda-feira, julho 3

Angola no Mundial...

Fotos retiradas do site oficial da FIFA.

Estivemos lá...


Love e Marco Airosa

Mister Oliveira


Akwa


João Ricardo



Flávio a festejar o único golo da nossa singela participação no Mundial Alemanha 2006.

quarta-feira, junho 28

SAUDADES

Ai

Que saudades que eu tenho
De comer uma bela manga
Um sape-sape uma pitanga...

Ai

Que saudades que eu tenho
Dos maboques e das fruta-pinhas
Dos cajús e caja-manga ...

Ai

Que saudades que eu tenho
Dos baleisões de maracujá
Melhores no mundo, não há.

Ai

Que saudades que eu tenho
Do cheiro da terra molhada
Depois de uma grande chuvada ...

Ai

Que saudades que eu tenho
Dos caranguejos e das mabangas
Dos colares de mil cores de miçangas ...

Ai

Que saudades que eu tenho
Do cheirinho do café
Que se espalhava no ar
Fecho os meus olhos e quase ....
Quase o consigo saborear


Ai

Que saudades que eu tenho
Do pôr-do-sol e do calor
Do azul das águas quentes
Dos amendoins em flor

Ai

Que saudades que eu tenho
Dessa minha bela Luanda
Que apenas ficou retida
Dentro da minha alma à banda...

Por:
Kiara

terça-feira, junho 20

A Invasão Chinesa de Angola

LUANDA ADORA O DINHEIRO CHINÊS E PEQUIM DELIRA COM O PETRÓLEO ANGOLANO.

“É um bebé enorme, de pele escura, que brinca com os balões coloridos acima dos olhos rasgados, no berçário da casa de Li Yun, 25 anos, e de Sónia, 26. Em Janeiro último, da união entre o chinês e a angolana, nasceu em Luanda de parto natural, com 4 Kg, Li Ya Xin, ou Nova Ásia, o primogénito do casal, que já faz planos para um segundo filho. Vai chamar-se Nova África.

Li Yun aterrou em Angola há quatro anos fugindo a «enorme concorrência» no seu país. Sónia nunca saiu de Luanda, procurando uma carreira após o curso médio em contabilidade. (…) Da relação entre colegas de empresa, nasceu a amizade e depois o amor. Casaram-se em 2003 e instalaram-se em Viana: «Ele é muito diferente dos homens de cá – carinhoso, amigo, faz tudo pela família, batalha muito mas também não é rapaz de ilusão.»

(…) «O ambiente é difícil», diz o chinês num português acima da média. «A maioria das estruturas falha e os papéis são complicados.» Soma-se o choque cultural: «A música alta na vizinhança, a comida, as dores de cabaça do trânsito, o lixo…»
(…) Quando fez serviço militar, Li Yun habituou-se a comer para encher e agora até o funge marcha. Já perdeu a conta aos telemóveis que lhe roubaram nos engarrafamentos, quando os bandidos olham como janelas de oportunidade para os vidros abertos do jipe, que substituem sem eficácia a falta de ar condicionado. E já teve uma pistola apontada a cabeça.
(…) O registo do menino angolano de nome chinês em Luanda: «Vai custar muita gasosa», prevê o pai, conhecedor de um dos motores principais da administração local: a corrupção, num dos dez estados menos transparentes do Mundo.

EM OBRAS O EMPRESTIMO DE PEQUIM PREVÊ QUE 70% DAS EMPREITADAS SEJAM ADJUDICADAS ÀS SUAS EMPRESAS.

Apesar do aparente segredo sobre o número de chineses em Angola, é possível que sejam 30 mil a que se somarão mais uns 10 mil até ao fim do ano, aproximando-se do total de 47 mil portugueses.

(…) Os asiáticos acabam por ser a força de trabalho mais visível, abrindo um caminho paralelo ao tráfego insano, numa operação em grande escala, com máquinas laranja operadas pelos amarelos de chapéus de bico, movimentado a terra africana, vermelha, debaixo da curiosidade de umas centenas de negros unindo a linha de ferro Luanda – Malanje (…) até Setembro, a obra deverá restabelecer a ligação ferroviária entre Luanda e Viana. Daqui a um ano, os comboios chegarão a Malanje, a 420 km da capital.

Logo após Viana, há mais terraplanagens e mais chineses de chapéus em bico, protegidos pelas forças armadas angolanas, no centro logístico que distribui todo o equipamento destinado as empreitadas em Angola: uma parada de centenas de retroescavadoras, empilhadoras, camiões (e muito aço, ferro e cimento), perfilados numa área de largos hectares, roubando espaço às lavras de mandioca, já longe da selvajaria luandense.
Mais à frente ainda, preparam-se as fundações do novo aeroporto. A Sul também, se abre a todo o vapor, ao longo de 1300 km, a estratégica linha de ferro entre Benguela e Luau (na fronteira com o Congo), num investimento de 300 milhões de dólares, a sair do crédito que o chinês Exibank abriu ao estado angolano num total de 2 mil milhões de dólares, a troco de 30 mil barris de petróleo por dia e a um juro irrisório. Escolas, hospitais, estradas, abastecimento de água e energia, 200 mil novas habitações – a reabilitação das principais infra-estruturas estão a sair daquele empréstimo, que promete uma subcontratação de 70% de empresas chinesas na totalidade das empreitadas.

(…) Há um ano a china ocupava o quarto lugar nas importações de Angola, uma posição que ameaçará, em 2006 a liderança portuguesa. Angola era por seu lado o segundo maior mercado chinês em África e, a seguir à Arábia Saudita, segundo maior fornecedor de petróleo a Pequim – 25% da sua produção segue para o antigo Império do Meio.

A GRANDE INVASÃO
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Desde 2002, 10 mil empresários chineses visitaram Angola, revelou à Lusa Huang Zequan, docente de Estudos Africanos na Universidade de Pequim e consultor de empresas que apostam neste mercado. «Uma vez disse num artigo que mesmo plantando couves, se tem lucro em Angola. Recebi logo cinco telefonemas.»

O crédito do Exibank mostra-se em cada canto do país. Na fachada envidraçada do novo centro de convenções, em Talatona, nas obras da estrada entre Lobito e a Capital, ou em vários edifícios que nascem no centro de Luanda, com operários chineses (…)

AMIZADE SINO-AFRICANA
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Angola e China iniciaram relações diplomáticas no início dos anos oitenta. Na altura, ambos os países sabiam bem a sua posição no contexto Guerra-Fria. Entretanto, abriram-se ao mercado e possuem economias galopantes. E, da mesma forma que Luanda precisa de dinheiro e de recuperar as suas infra-estruturas, Pequim está ávida de petróleo para manter os seus níveis de desenvolvimento.

Da fome e vontade de comer, nasceu o entendimento. E o crédito Estado a Estado de mil milhões de dólares poderá em breve ser duplicado.

«A China tem uma politica pró-activa em África baseada nos recursos energéticos» (…) «Esta nova projecção de poder tem uma lógica de competição com a influencia americana e europeia.»

(…) Enquanto se fechavam estes negócios da China, o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi desesperando em Luanda, a tentar um acordo com o Governo de José Eduardo dos Santos que tarda em ser fechado. «O FMI não tem mais nada a fazer aqui», adianta Alves da Rocha, economista da Universidade Católica de Angola. «Os seus enviados confessaram terem aprendido como se usa a arma do petróleo para fazer realpolitk.»

As condições que o FMI colocava em matéria de política macroeconómica e as exigências das potências ocidentais em matéria de boa governação e direitos humanos, não as pedem os chineses. Os chineses fazem negócios e não perguntas.

(…) Por outro lado, nota ainda o especialista do IEEI, os interesses de Pequim em África não se resumem ao petróleo, mas também à segurança alimentar, adquirindo terras férteis em África. «O principal objectivo na sua estratégia», conclui Santos Neves, «é a estabilização social interna.».
O vice-primeiro-ministro de Pequim, Huang Ju, já anunciou o desejo de triplicar o volume comercial e de duplicar o investimento directo neste continente, que a intenção de Stanley Ho de abrir o Banco Angolano de Negócios e Comércio, destinado a privados chineses, só vem reforçar.

OS ENGENHEIROS CHINESES LEVAM 100 EUROS MENSAIS, CONTRA 600 EUROS QUE AS EMPRESAS FRANCESAS PAGAM AOS AFRICANOS.

(…) Passa-se a palavra e esta diz que todos os chineses em Luanda são cadastrados, que se vão multiplicar por milhões e tirar postos de trabalho à população local (…) «Os engenheiros chineses trabalham em África por cem euros mensais, contra 600 euros que as empresas francesas pagam aos mestres de obra africanos»”

Texto de: Henrique Botequilla
In: VISÃO Nº 683 de 2006

sexta-feira, junho 16

As fotos abaixo foram tiradas na cidade de Colónia (Alemanha). Infelizmente a data que está nas fotos não confere. A data correcta seria 11/06/2006. Peço desculpas pelo facto.
Obrigado.
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006

Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006

Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006

Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006
Colónia - Alemanha
MUNDIAL 2006

terça-feira, junho 13

Portugal 1 - Angola 0

E assim foi… Tugas e Mangólés unidos pela festa do futebol. Juntos cantamos o hino, juntos aplaudimos as melhores jogadas e juntos suspiramos… Uns de alegria… Outros de tristeza... Acima de tudo, juntos fizemos a festa na Alemanha, em Angola, em Portugal e um pouco por todos os cantos do mundo fora.

Estive lá a apoiar a nossa selecção!
Vi portugueses com bandeiras de Angola e angolanos com bandeira de Portugal. Vi Angolanos a trocar cachecóis com portugueses e portugueses a trocar cachecóis com angolanos. Vi povos irmãos a festejarem desde o início até ao fim e nem mesmo a derrota de Angola acabou com a festa (não fossemos nós um povo com muita alegria, mesmo com todas as adversidades).

Futebol é festa! Futebol é alegria! Futebol é o desporto que une o rico e o pobre! O fair-play dentro e fora do campo mostrou que é mais aquilo que une os nossos povos do que aquilo que nos separa. Cachecóis e bandeiras no alto, gargantas afinadas ao som das claques e dos batuques, assim foi o encontro que teve lugar em Colónia na Alemanha.

Antes e depois do jogo fizeram-se as conversas do costume e cada um puxava a sardinha à sua brasa tentando acertar no resultado final (que acabou por ser favorável a Portugal 1 – 0).

Alemanha é uma boa anfitriã! Gostei da cidade de Colónia (infelizmente a única que pude conhecer). Eram muitos os alemães que se passeavam de cachecóis e bandeiras de Angola (talvez porque as cores das bandeiras sejam idênticas), ouvi-os no estádio a vibrar e a puxar pela nossa selecção, muitos deles pediam-nos para tirar fotos connosco, abraçavam-nos como se fossemos amigos de longa data. Povo simpático! Imaginava-os arrogantes e um pouco racistas, felizmente surpreendi-me, constatei que não são!!!

Boa sorte Angola! Boa sorte Portugal! Aproveito também para desejar as outras equipas presentes neste Mundial Alemanha 2006, em especial ao nosso outro irmão, o Brasil, um bom campeonato e que vença o melhor.

FORÇA PALANCAS!!!

terça-feira, junho 6

...Foi um mar de emoção com bwe de gente; operários com capacete, estudantes, varredores de rua, prostitutas e dealers mas policia nepias; um mar de gente e nem um policia ao lado da selecção. Também quem e que lhes ia fazer mal? Foi muito bonito ver tanta gente a gritar pelo mesmo propósito, tamos orgulhosos dos nossos putos que foram tão longe - temos que lhes garantir todo o apoio, todo o carinho porque é de homem ir tão longe vindo de tão longe com tantas guerras, corrupções e xinguivos mas de fato e gravata perante o mundo de vermelho sangue e festa com umas bandeiritas da última da hora e um bwe de barulho. Eles ficaram altamente emocionados mas com o chague estampado no rosto. Mas têm esta coisa de ser mangope que é ser capaz de mudar o resultado mesmo sem golos, só com a fé e o orgulho de sermos quem somos. Estes putos foram os primeiros a conseguir chegar lá e é deles que temos que tratar pelos nomes - no grito, na fé, na certeza de que entre tropeços e máfias TAMO LÁ. VIVA ANGOLA. FORÇA PALANCAS!!!
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Por: Rosinha

terça-feira, maio 30


*Foto enviada por anónimo
Clicar na imagem para ampliar

segunda-feira, maio 22

Memórias de uma guerra que não vi

Quando nasci, já Angola era um país comunista ou socialista, não consigo recordar com precisão. Em minha casa, como na maioria das casas angolanas, não se falava muito de politica, o nosso destino estava traçado, pensávamos nós.

Não tenho memórias da guerra. Apenas das faltas de luz, que descongelavam os frigoríficos e estragavam a comida, que nos obrigavam a estar na rua até mais tarde para fazer tempo, naquela altura eu achava normal, lembro-me dos gritos de felicidade das pessoas quando a electricidade era reposta "a luz voltou". Dias depois ouvia os meus pais dizerem que a Unita tinha rebentado uma barragem, ou qualquer coisa do género, verdade?
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Lembro-me de tomar banho de jarro, o que era normal, porque não havia água suficiente, naquela terra cheia de rios, lembro-me dos avisos da minha mãe para nunca beber água da torneira porque não era potável, eu sabia lá o que era potável naquela altura.
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O meu pai era um aventureiro, por isso passávamos os fins-de-semana em lugares proibidos, perigosos, mas lindos, tão recônditos que eram só nossos.
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Como dizia não tenho memórias da guerra em si, só de um fim-de-semana que passei escondida debaixo da cama, a ouvir os tiros (em 1992).
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Das imagens guardei apenas os rostos dos meninos de mão estendida, das famílias sem casa, daquela cidade que já conheci deteriorada, mas que apreendi como minha, desde o início.
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Por: Rafaela
In:http://senumanoitedeinvernoumviajante.blogspot.com/

sexta-feira, maio 19

Resultado

Prezados amigos,

Obrigado a todos que se dispuseram a responder ao inquérito. Permitiu ao Blog saber quais as vossas preferências e por conseguinte uma maior aproximação entre Blog e visitantes (autores e comentaristas).

Do resultado do inquérito conclui-se que a maioria prefere uma postagem semanal! Assim, por vossa decisão, postarei sempre que possível, um novo artigo com essa frequência desde que vocês os enviem em tempo oportuno.

Mais uma vez agradeço a vossa atenção e despeço-me com os meus melhores cumprimentos.

sábado, maio 13

INQUÉRITO

Estimados leitores,

Na sequência de pedidos rogando que os artigos permaneçam tempo suficiente para poderem ser apreciados e comentados, para que os autores possam ter direito de resposta aos seus comentários em tempo oportuno, para melhor servir e ir de encontro as vossas expectativas enquanto leitores, comentaristas, autores, o Blog “Desabafos Angolanos” solicita aos prezados leitores que se dignem responder a seguinte questão:

Qual, em vossa opinião, o intervalo de dias que os posts (artigos) deverão gozar até nova publicação de postagem?

A) 1 Semana
B) 2 Semanas
C) 3 Semanas
D) 1 Mês

Esperando poder contar com a vossa colaboração, agradeço que, sempre que entenderem, enviem as vossas reclamações/sugestões e respondam aos inquéritos, contributo importante para a melhoria de qualidade do espaço.

Sem outro assunto de momento, melhores cumprimentos.

segunda-feira, maio 8

As fotos que se seguem foram enviadas por um anónimo que as descreve como sendo: “Roubo de contentores ao largo da costa angolana”.

O Blog “Desabafos Angolanos” informa aos estimados leitores que desconhece a autenticidade das fotos bem como a veracidade de tal facto.

Clicar nas imagems para ampliar.

terça-feira, maio 2

Re: Desabafo...

Já a algum tempo que estou para comentar o artigo publicado no dia 7 de Abril…

Acho que comparar Portugal a Angola em questão de racismo é injusto pelo simples motivo de haver uma miséria desmedida em Angola enquanto que em Portugal é um bocado diferente. Também acho que falar saudosamente do período colonial em que “se vivia bem” esta completamente errado.
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Nasci e cresci em Angola a 26 anos e vivo na Europa a algum tempo, portanto tenho experiência nos dois lados. Enquanto estudei em Angola (sempre estudei nas escolas do estado) nunca senti racismo na pele (e era muito mais claro que 95% do resto da escola), o mesmo acontecia na rua quando andava por meia Luanda a pé. Hoje a situação é totalmente diferente, saio a rua e sinto logo de maneira activa e/ou passiva o racismo na pele, porque será?

É simples, o racismo é dirigido aos mais claros que acumulam percentualmente muito maior riqueza (não estou a dizer que são os mais ricos), quero dizer que ao apontar o dedo aleatoriamente a uma pessoa mais clara é mais provável que ela pertença a classe media ou alta; o mesmo não acontece com um angolano negro. A descriminação existe sempre que se é diferente do padrão normal das coisas. Em Angola onde o padrão normal é a pobreza, os ricos correm o risco de serem descriminados por o serem e assim diferentes da maioria. Quando essa riqueza esta maioritariamente distribuída por indivíduos de raça branca ou clara, a descriminação passa de económica a racial, visto que há uma ligação directa a cor de pele. Portanto num pais com um nível de miséria tão elevado é lógico que haja racismo (por razoes económicas) contra uma minoria que vive acima da média (como já aconteceu por exemplo na Alemanha precedendo a Segunda Guerra Mundial). Era bom lembrar que Angola foi dos únicos países africanos a ter um movimento de libertação tão multi-etnico em que todos lutavam pela mesma causa (MPLA), dai não haver uma Historia de descriminação racial.

Já em Portugal o inverso acontece, quando os negros têm os empregos e rendimento dominante mais baixos e são vistos como um grupo que esta a retroceder o pais e a aumentar a criminalidade, dai também descriminados pela raça. O mesmo começa a acontecer aos brasileiros e pessoas do leste da Europa (ai já se chama xenofobia). O racismo em Portugal é causado por ignorância, medo e fundamentalismo ao assumir que a raça negra como mais perigosa, inferior ou menos capaz (intelectualmente ou economicamente) ou outra patetice do género. Sou contra o racismo em qualquer contexto, pela simples razão de se basear na cor da pele.

A Angola à que se refere, linda e que traz saudades à quem lá viveu (pré-independência), era muito boa para as pessoas mais claras (os avantajados do sistema), mas muito má para os negros (a minoria vivia bem ao custo da maioria). Se já leu alguma literatura da época pode ver situações a que os angolanos negros eram expostos no dia a dia, desde “check points” para controlar a movimentação, a contratos de trabalho muito além das leis de trabalho existentes isso para não falar a serem submetidos a uma governação dum povo que vinha do outro lado do equador. Não havia igualdade de direito, acesso a escolas, trabalho, hospitais, etc, etc… a não ser que fosse “assimilado”. Portanto sim, tem razão, Angola era mais bonita, mas só para alguns privilegiados (como os meus familiares por exemplo), mas de certeza que isso não é justo nem vou tentar fundamentar essa questão. Não vejo nada de saudável nesse Estado. Depois da Dipanda houve a transferência de poder para pessoas que não estavam preparadas nem literadas para dirigir um país (por causa do sistema anterior) e para adicionar a isso houve ainda 3 guerras que podem não ter causado destruição directa a algumas cidades mas causaram miséria generalizada ao povo.

O povo é sim culpado por deixar acontecer muita coisa e não tomar uma iniciativa, manifestar-se, exigir mudanças como é normal em qualquer pais democrático (vimos agora o exemplo de França ou Nepal). Mas é injusto culpar um cidadão que vive com um salário de 70 USD, que tem que alimentar uma vasta família e tem de recorrer a esquemas, antes isso que começar a matar para roubar que era muito normal num pais com um índice de homens treinados militarmente tão elevado, e claro, com acesso a armas.

Angola é linda mas ta feia! Não acredito que alguém me diga que a acha bonita hoje! As cidades estão um escombro, nas matas não há animais, estradas são mais picadas do que outra coisa, lixo por todo o lado, miséria sempre presente!!! Sinto-me frustrado e triste quando lá vou mas claro é algo superior a nós que nos atrai e faz-nos sempre voltar a terra. No meu caso estou ansioso de voltar para minha terra apesar de tudo, tenho esperança em poder fazer alguma coisa, talvez seja um desejo utópico normal da idade.
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Os períodos de transformações em Angola não foram feitos da melhor maneira (de colonizados para estado independente, de Comunistas e partido único para economia de mercado), portanto isso tudo causou o vandalismo do pais e enriquecimento de alguns (oportunistas talvez). As pessoas tornaram-se sim consumistas (baratas), invejosas, empobrecimento de valores, falta de ideais, materialistas e racistas. É triste, mas como o nosso Presidente disse, isso "é tudo um problema de barriga". Espero que esse "problema de barriga" não se transforme numa caça as bruxas contra os privilegiados do passado.
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Por:
K.

sexta-feira, abril 28

Crónica das boas maneiras.


As boas maneiras nasceram no dia em que um casal de antepassados, distantes do angolano actual, foi convidado para a caverna de um outro casal, para devorar uma perna de veado.

Depois da pança cheia, à volta da fogueira, os visitantes reconfortados fizeram o devido elogio ao tempero de jindungo e vinha de alhos, que só muito mais tarde se viria a tornar tempero universal.

A anfitriã agradeceu. O visitante arrotou, colocou delicadamente a mão à frente da boca, sorriu embaraçado e justificou:
“Estava mesmo bom!”.

Tinham nascido as boas maneiras. À mesa.

As boas maneiras, como se vê, começaram em casa. E vão abarcando os parentes, os vizinhos mais próximos, as figuras conhecidas do bairro, do país.

As boas maneiras implicam gentileza, fraternidade, atenção e solidariedade para com o próximo.

Batemos palmas para nos fazermos anunciar (à falta de campainha, que nem sempre há energia).

Acenamos os bons dias à esquerda e à direita, numa interacção do indivíduo com a sociedade em que está inserido, desde que acorda até que recolhe ao descanso.

O contrário das boas maneiras são os maus modos que, em situações extremas podem chegar ao cúmulo da agressão ao semelhante. E os maus modos, chegados ao limite, são a razão das guerras, civis ou inter-estados, o que pode ser considerado como cúmulo da perda das boas maneiras.

Por: Manuel Dionísio
In: Austral.
Revista de bordo – Jan./ Fev. /Mar. – TAAG – Linhas Áreas de Angola

sexta-feira, abril 7

Desabafo...

Por norma, não gosto de falar daquilo que desconheço, embora me seja lícito partilhar a minha opinião, muito particular, que não passa disso mesmo. No entanto, de muitas opiniões e comentários lidos, de conversas com amigos, de estudos que são feitos ( e que gosto sempre de ler), em fim, de vivências do dia a dia, até às conversas em muitos serões (que já lá vão no tempo) com os meus pais, e familiares – Angolanos -, eu própria nascida em Luanda, mas tendo vindo para Portugal miúda ainda, já lá vão 28 anos; de todas essas trocas de experiências, que são vida no fim das contas, algo tenho vindo a verificar e chego a algumas conclusões.
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Ou seja:
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Dizem que os Portugueses são um povo franco, aberto e acolhedor; (não é tão verdade quanto isso).
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Dizem que os Angolanos são um povo franco, aberto e acolhedor; (não é tão verdade quanto isso).
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Centro-me em Portugal porque é o país onde vivo e em Angola, pelo que atrás expus.
Na verdade o racismo que existe em Portugal existe em Angola. Mas parece-me que em Angola existe uma agravante, que é o facto de as pessoas de raça negra, serem racistas para com os da sua própria raça, basta que o tom de pele clareie um pouco mais (mais propriamente em relação aos chamados “cabritos”).
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Logicamente que as excepções confirmam as regras, e que não podemos catalogar toda a gente, nem ver toda a gente pela mesma bitola, no entanto, isto é bem verdade. É engraçado, mas nunca senti qualquer espécie de discriminação aqui em Portugal, desde que aqui cheguei, depois da Independência de Angola, vim em 1978. Pelo contrário, ao longo dos anos, ao longo da vida, tenho tido sempre as mesmas oportunidades e nunca dei por alguém a olhar-me de lado, ou a tratar-me de forma diferente.
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Já aí em Angola, tenho pessoas de família, que embora tivessem nascido cá, tenham um trato e uma forma de estar, com todas as costelas angolanas, e no entanto, tendo-se deslocado a Angola, tenham sido vergonhosamente discriminadas. E não é discriminadas pelo esquemas que aí se praticam, pelos subornos constantes que oprimem e envergonham (mas que mesmo sendo de certa forma compreendidos, nunca poderão ser aceites, se quisermos uma Angola diferente, verdadeira).
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Que me desculpe quem lê, mas eu acredito que a Angola em que vivi, e em que os meus pais viveram, e em que a minha irmã mais velha e as minhas primas viveram, era saudável, era linda, era transparente, era honesta e sincera. Era sim a Angola que deixava saudades e fazia com que se voltasse. Pela cultura, pelo modo de estar, pelo modo de ser. Não podemos ter a guerra como escudo, para justificar atitudes. Há essencialmente pessoas, e são essas que dotadas do livre arbítrio, da capacidade maravilhosa de pensamento, se devem distinguir nas suas acções, na sua forma de ser e estar, de receber e de dar.
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Sou Angolana com orgulho. Sou africana e não gostaria de ser outra coisa qualquer, mas tenho que admitir que grande parte do povo Angolano, é como é, vive dos esquemas (por precisar muito bem), mas também porque é uma “mama doce” que não querem largar. Não é só o corpo governamental que se aproveita do povo, é esse mesmo povo que se aproveita do seu semelhante, porque não tem a coragem de pôr um fim nesse poder corrupto, há tempo demais. Acredito, quando leio, dito por Angolanos que aí vivem, que está a ser feito algo, mas isso é um grão de areia, comparado com aquilo que quem de direito, tem a obrigação de fazer.
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Não culpo o povo, claro que não, mas que o povo tem a sua quota parte de erro e culpa, tem. Porque o povo assiste impávido e sereno, lutando no seu dia a dia, para poder sustentar a família. É mais fácil entrar nos esquemas e “safar-se”, ir-se safando, do que enfrentar a classe governante, que ostenta de forma vergonhosa, baixa e cruel a sua riqueza. Que me desculpem, mas não consigo conceber uma Angola, em que para ter um serviço público como deve de ser, a que tenho direito, tenha que “lambuzar” as mãos de alguém.
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Tenho saudades de Angola, trouxe essas saudades com 10 anos, trouxe imagens que me ficaram e que não quero ir aí, apaga-las de forma dura da memória, pela forma como Angola está agora. Mas sabem, sinto no meu coração, que se fosse a Angola agora, ia sentir-me magoada no meu coração, por demais. Não ia gostar, e não é só pela degradação física e material (comparado com as imagens que tenho no coração e na mente), mas ia magoar-me pela atitude das pessoas, pela forma como seria tratada, pela forma como seria olhada, eu uma Angolana de gema e de coração.
Claro que há muita gente que vai a Angola e gosta, fica apaixonada, pelas paisagens e belezas naturais, é lógico. Angola é LINDA! Talvez esses, vistos como estrangeiros, sejam bem recebidos, porque têm “contrapartidas” para dar.
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Louvo sim senhor, muitos post’s e muitas opiniões, de gente Angolana que fala com consciência, que acredita. Mas a verdade é que nos dias que correm, o egoísmo humano tem transformado as sociedades, o mundo. As pessoas não se reaproximam, pelo contrário, as pessoas afastam-se, “constroíem muros em vez de pontes”. Aqui em Portugal não é melhor. É tudo muito sombrio, rostos carrancudos, inveja, consumismo, tristeza.
O povo não acredita em si próprio, na sua força, caso contrário Angola já não seria o que é!
Mas cada um de nós, é que tem que fazer a diferença!!!
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Por:
Kiara; Portugal