sábado, setembro 16

COSTANGUEIROS II

Sentei pa descansar, quando apareceu um amigo completamente chateado e aos berros. Tentei fingir que estava demasiado ocupado com os meus problemas, mas foi impossível. O meu amigo estava inconsolável. Foi assim que decidi falar com ele:
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Eu - Então mano, qual é o problema?
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Amigo -Tas a ver aquela via que sai da rotunda do Zamba II e passa pelo bairro azul?
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Eu -Yá tou a ver (tive de fingir, porque não conheço Luanda, nem estou a ver..., talvez na imaginação, mas nem ai...).
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Amigo - Apanhei aí o Hiace pa ir ao trabalho, mas inventaram de fazer obra logo naquela estrada. Resultado? Cortaram uma faixa da estrada e na que resta há muito engarrafamento. Pa variar, quando decidi ir à pé pa chegar ao salu antes de me marcarem falta, doutro lado da estrada as obras deram cabo de um cano de água e a rua tá toda "alagoada"( seria alagada se fosse apenas molhada, mas como formaram-se lagos...). Para passar é preciso apanhar um costangueiro. Como havia muita gente apressada e poucos costangueiros, eles começaram a cobrar 100kz por cada travessia. Que absurdo!!! É o dobro do preço do táxi. Mas pronto né! Um gajo tem que bazar po salu e pronto, paga. Mas o pior tava pa chegar. Quando chegou a minha vez pa passar, epa quase a chegar no passeio o costangueiro começou a reclamar.
«Kota é muito bebucho*, tem que dar 200kz, se não desce.» Puto tas a gozar ou quê? Vou descer como? « Então paga senão desce aqui mesmo!» Para meu azar o puto fez-me mesmo descer! Com os sapatos e as calças entrei naquele alagoado e era uma vez... Falta no salu, sapatos rebentados, e roupa molhada.
A quem devo pedir a responsabilidade pelos prejuízos?
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"Será que temos que fixar também o preço dos costangueiros pa travar a concorrência desleal ou é preciso ter cuidado com os trabalhos nas estradas? Precisa-se, com urgência, recuperar a ética da responsabilização e fiscalização das obras públicas, porque no fim da linha é o pacato cidadão que paga a factura pesada."
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Até breve!!!
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*Gorducho
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Por:
Upindi Pacatolo

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