quarta-feira, novembro 30

Cânticos anónimos I

Ontem mesmo andei num autocarro, (transporte público urbano). Há muito que já não o fazia, pois tinha um carro velho que dava para as minhas curtas saídas.
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O meu espanto foi que nos autocarros cobram-se valores mas não se passam os bilhetes de passagem. Ainda ontem (27.11) andei num candongueiro (espécie de táxi com destinos predeterminados, mal conservados e com pessoas enlatadas). Todos os passageiros, dos mais variados extractos da sociedade, reclamam o andar inverso das coisas em Luanda e no país.
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Ruas feitas pocilgas neste tempo chuvoso, lixo nas ruas e mercados paralelos, aos olhos cegos dos governantes, delinquência aberta nas "barbas da polícia", e pior, ninguém faz nada porque ninguém vê nada! Os que deveriam ver e fazer, andam em carros luxuosos e com vidros fumados onde nem o cheiro nauseabundo penetra, nem os saltos os incomodam. O resto é Selva!
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Parece-me que vivem duas categorias de pessoas em Angola. Os Homens (governantes e clientes) e os Selvagens (nós os simples mortais).
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Uma coisa é certa, já ninguém suporta a degradação da vida em Angola!!! Todos os dias há novos contratos de concessão de exploração petrolífera. Mais kimberlitos descobertos. Mais carros luxuosos dão entrada nos portos de Luanda, Namibe e Lobito. Porém, mais sem tecto nascem, mais desempregados, mais crianças morrem na pediatria por falta de medicamentos e camas, mais jovens se entregam à prostituição e drogas. Já é lema "prostituir-se pelo menos uma vez para subir na vida".
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Estas são as crónicas de viagens, os cantares do povo nos autocarros públicos, nos candongueiros, nos bares, nas casas de liamba, enfim, onde o povo desabafa... Essas crónicas gostaria de ver transmitidas ao grande público. Tanta anormalidade a que assistimos. Quem os quiser ouvir é só meter-se num autocarro ou candongueiro, ou num prostíbulo. O caricato é que os próprios "louva corte" também já reclamam.
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Por:
Soberano Canhanga

terça-feira, novembro 29

PEDIDO DE INFORMAÇÕES

Prezados leitores deste blog. Sou jornalista no Brasil na área de política. Aqui desde Maio há uma crise, investigada por três comissões no Congresso, em que recentemente surgiram notícias sobre o envolvimento de empresários e executivos do governo angolano no financiamento ilegal e operações de lavagem de dinheiro do partido do governo brasileiro. Estariam envolvidos o ministro de Finanças de Angola, o presidente do Banco Nacional , os ministérios da Saúde e dos Transportes de Angola. Pergunto se alguém possui informações sobre viagens e negócios dos brasileiros Rogério Buratti, Roberto Colnaghi , Roberto Carlos Kurzweil e Marcos Valério de Souza e das empresas SMP&B, DNA , Fabama e Leão& Leão em Angola. Negócios teriam sido feitos com a Sonangol, o Banco Regional do Keve e com os portugueses, naturalizados angolanos, José Paulo Teixeira Cruz Figueiredo e José Valente de Oliveira Caio.
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A pedido do jornalista, todas as informações deverão ser encaminhadas para o mail do Blog "Desabafos Angolanos", este fará chegar as informações ao jornalista.

segunda-feira, novembro 28

domingo, novembro 27

Se a Ilha de Luanda falasse...

Nguimbi, Xis de Ipsilon de dois mil e tal.

Estou novamente no serviço, essa porra que só me cansa, a minha rotina é sempre a mesma desde que vim do mato. Casa/Trabalho, Trabalho/Escola/Casa. Até a matricula que deram, ao meu carro coincide com o que faço. CT-06-18-EC. (Saio às seis e volto às dezoito. Casa/Trabalho/Escola/Casa)
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Dizem que aqui toda a sexta é dia do Homem, mas ainda nunca experimentei. Tenho que inventar uma prova lixada, à mulher, estudar para além da hora... Na escola é claro.
De repente tricoto ideias e… surge a mais maluca. Ilha comigo para os prazeres da vida carnal. O espírito sobrevoa e já terá encontrado o seu lugar. Em casa.
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-Hoje é hoje! Esfrego as mãos e aqueço o carro. Gás!! Alguém tem de "pegar o maço" porque a cobra vai fumar. Logo na esquina à Maria da Fonte encontro fontes de expiação. Bem à direita de Luanda, ali mesmo, onde a SIDA e o sal se confundem. Uma grande fonte de prazer entregue à vadiagem limpando armas encravadas. Homens de mbunda sem carne fugida para a barriga da Heinecken e outras marcas espumosas.
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Que grande sorte! Deliro.
-Tio, aviso já. Só com camisa.
-Qual camisa qual quê pá? Cem paus sai ou não sai um judo?
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Cem duros é valor para uma noitada de muitas “apanha moedas” de cada mil burros. Vacilar seria condenar as panelas à greve e o chulo do marido sem copo. Nesta vida tem de haver cooperação entre o marido e a “mulher trabalhadora” e entre eu, o cliente. Se vier doença aguentamos todos.
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Maria Fonte com sua fonte de prazer. Ai que perna! Inesgotáveis montanhas ao relento juntam-se à afrodisíaca mbunda. Grande camião. Que tonelagem! O farfalho leva-nos ao silêncio do falecido zoológico. Aqui nem corvos nem pescadores, apenas odores de orgasmos recentes e outros por conseguir. Apenas farfalhos, do vento contra as árvores que se inclinam pedindo mais. Há quanto tempo não recebo tão violenta quentura!
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-Canta filha, canta meu bem que o microfone é todo teu…. Que doçura!Sabulo atordoado pelo medo e pela excitação sem saber por onde pegar. Essas miúdas são máquinas.
De repente a cobra se engasga. Cospe e fumega. Contrai-se nos músculos vagueais. Na imensidão do prazer a escuridão desaparece. À frente um homem empunha uma Star ou Walter, sei lá que marca era a pistola…. Maka! kiá!!!
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-Jovem desce é a minha vez!
Atrapalho-me entre o ligar o carro, puxar as calças ou baixar o vidro. Nisto reparo que é o polícia da guarda marítima da Ilha que acabava de corrigir.
-Jovem da trás não veste. Tu aí, abre a porta e vamos à esquadra. Tens que explicar o que estavam a fazer. Isso é atentado ao pudor.
-À esquadra? Quê isso? Então um camarada já não pode mais namorar?
Enchi o polícia de perguntas que me respondeu apenas com o cano apontado. No traseiro do carro, só lágrimas.
-Mas, Sr. Agente já não se conversa?
-Sr. Agente não, chefe! Corrigiu com rudeza facial o polícia.
-É que, Sr. Chefe, tenho aqui qualquer coisa que dá para um saldo. Quero resolver o assunto localmente.
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E o assunto foi resolvido, porém permanece a vergonha. Com ela a reflexão de sempre. Ai se a Ilha falasse. Quantos lares permaneceriam intactos…quantos pais morreriam de trombose…quantos, se... Se a Ilha falasse? Por isso tentarei falar por ela através de verdades e histórias de ouvir contar.
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Por:
Soberano Canhanga
in Olho Atento

sexta-feira, novembro 25

LÍNGUA MATERNA OU OFICIAL?

Sei que há quem esteja à espera da hora 19, para se sentar diante do canal 2 da TPA, porque “…é dia de mudar de vida!”, como nos tortura em jeito de publicidade a turma do “Angola dá sorte”. Uns realmente ganham, eu porém faço parte dos que só perdem. Aliás, o primeiro sinal, hoje, é ter perdido o sono antes das duas da manhã.

Deixo a cama, pego nos meus livros, ligo o diskman e uns kizombas dão-me banho. Tento ler, mas me vem à cabeça a pressão social (aquilo que queremos não nos quer; aquilo que não desejamos nos persegue). Insisto, mas não consigo mesmo concentrar-me à leitura. Então recorro ao meu habitual consolo – um bloco e uma bick azul – e ponho-me a escrever. De princípio a letra é feia, mas vai ficar bonita logo no computador.

Disse um angolano na Tuga, certo dia, que a vida se resumia em duas grandes desvantagens: uma era ser jovem e a outra ser mulher. Fiquemos hoje com a primeira. Ora não se tem a idade nem a qualificação ideal para certas oportunidades, ora já se passou dos 30 anos e não dá, mesmo depois de estabelecido o parâmetro 15-35 anos como padrão de juventude. Reclamamos, insultamos as instituições, praguejamos e tudo o mais. Mas também nos lembramos de certas conquistas colectivas e vemos que vale a pena lutar, basta estarmos atentos ao que vai pela imprensa e lubrificar sempre os mecanismos da amizade. Afinal, o autor de “renúncia impossível”, que a dado passo reconhecia “atingi o zero”, foi presidente desse país.

Encontrava-me ainda em Luanda, num seminário, quando um telefonema amigo me incentivou a concorrer à uma vaga numa companhia petrolífera. Confesso, não acredito em nenhum concurso no meu próprio país, muito mais quando dirigido por irmãos angolanos. Mas tento, às vezes, não ser carrasco de mim mesmo e retribuo a consideração dos amigos que gastam do seu saldo e da sua saliva em conselhos. Assim, anteontem, juntei o monte de documentos e fui ao centro de emprego, do Ministério do Trabalho, na minha cidade. (É curioso como a nossa vida é em tamanho A4: certidões de nascimento, contratos, títulos de salário, cartas de despedimentos, certidão de casamento, facturas de luz e telefone, etc., tudo em A4.)

Uma vez lá, encontro um senhor cuja testa parecia estar há anos sem saber o que é sorrir. Pronto, saúdo e avanço, a final não estava ali para semear amizades. Na secção a seguir, uma senhora dá-me o formulário e algumas instruções. Escrevo tão rápido que, volta e meia, tinha tudo preenchido… e a discussão inicia com a atendedora: tudo porque preenchi o Umbundu como sendo a minha língua materna. “A nossa língua materna é aquela que falamos”, dizia ela. Pois claro, mas é essa mesma a minha língua de berço; tanto o português como o inglês, eu aprendi foi na escola. Que azar me arranjei?! A senhora submeteu-me então a uma cátedra: “língua materna é aquela que herdamos do colonizador, porque é a língua que nos une; olha, um zairense, por exemplo, na escola fala lingala? Claro que não, moço!” Impotente e em desvantagem, disse-lhe apenas que era complicado. “Pois, mas estou-te a fazer entender agora que, no espaço língua materna, escreva português, porque o Umbundu é dialecto apenas!”, ditava ela. Os meus suspiros e reticências não a impediram de pegar no corrector e, a mando dela, eu declarar o português como “minha língua materna”, relegando o meu doce Umbundu ao segundo plano. Deixei o Centro de Emprego bastante contrariado, quase irritado. Já não basta o que basta, agora também me roubam a minha história, a minha dignidade? Será que por necessitar de uma carreira, perco o direito de ter nascido no Quimbo, ter o Umbundu como primeira língua da minha vida, ligada às primeiras memorias que guardo com honra!?
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Agora são três e um quarto, e tento voltar à cama, mendigar algumas horas de sono. Se penso em pessoas como tu, por isso não tenho sono, ou se não tenho sono e por isso penso em pessoas como você, isso importa. A verdade é que, às vezes apetece desistir de tudo e morrer por algumas semanas. Mas depois a nossa consciência diz-nos não ser justo, já que ainda resta algo de que nos orgulharmos: os amigos que temos, o espírito lutador e as conquistas acumuladas diante de tanta impossibilidade. Força, há que erguer a cabeça, ainda que nos pisem sobre ela!
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Por:
Gociante Patissa, Lobito, 23 de Setembro de 05

quinta-feira, novembro 24

Rir é o melhor remédio.


Esta anedota já é bastante conhecida, circulou pela internet em vários emails, mas achei pertinente publica-la .
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Um ministro português recebeu, em Lisboa, um ministro angolano...
"Simpático, o ministro português convidou o outro a ir lá a casa.
O ministro angolano foi e ficou espantado com a bela vivenda.
Em bairro chiquíssimo e com piscina.
Com o informalíssimo dos luandenses pôs-se a fazer perguntas.
- Com um ordenado que não chega a mil contos limpos, como é que o meu amigo conseguiu tudo isto? Não me diga que era rico antes de ir para o Governo?
O ministro português sorriu, disse que não, antes não era rico. E em jeito de quem quer dar explicações, convidou o outro a ir ate a janela.
- Está a ver aquela auto-estrada?
– Sim – respondeu o angolano.
- Pois ela foi adjudicada por 100 milhões. Mas, na verdade, só custou 90... disse o português, piscando o olho.
Semanas depois, o ministro português foi de viagem a Luanda.
O angolano quis retribuir a simpatia e convidou-o a ir lá a casa.
Era um palácio, com varandas viradas para o pôr-do-sol do Mussulo, jardins japoneses e piscinas em cascata.
O português nem queria acreditar! Perguntou como era possível um homem público ter uma mansão daquelas.
O angolano levou-o a janela.
- Esta a ver aquela auto-estrada?
- Não!
- Pois!!!"

domingo, novembro 20

Altas Patentes na Pesca

"Existem no mercado dezenas, senão centenas de industriais de pesca sendo que a primazia vai para as famílias França, Jardim e Faceira detentoras de interesses em mais de 4 grandes companhias. Os «habitues» do costume, ou seja, gente que está em todo o lado. (Nos petróleos, nas pescas, nos diamantes, e por aí fora).
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Star Fish - É propriedade dos generais França Ndalu, irmãos Faceira, João de Matos e Armando da Cruz Neto . É gerida por uma holding chamada Múltiplas, que tem à frente um português de nome Nunes. Detém a segunda maior congeladora de Angola.
Do ponto de vista legal, a Edipesca é a sua proprietária, mas como muitas outras empresas do Estado, esta também foi parar às mãos de terceiros sem papel passado. Do corpo de accionistas constam também a Escom, do grupo Espírito Santo. Joaquim David, que nos anos em que brilhava na Sonangol tinha grandes relações com João de Matos, é citado também como sendo accionista da mesma.
A Star Fish, a maior referência de peixe na cidade do Namibe, é única empresa que exporta peixe de acordo com padrões impostos pela União Europeia. A sua recuperação foi feita com recurso a fundos bonificados. Como em muitos outros negócios, os generais dividem-se aqui. França Ndalu detém, em associação com a empresa sul-coreana Interburgo, a World Wide, a maior empresa de pescas do país. Por sua vez Armando da Cruz Neto é dado como sendo um dos patrões das Vilmar, gerida por Carlos Vieira.
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Complexo do kikombo - Faz exactamente 11 anos que esta empresa foi parar às mãos do actual ministro das Pescas, Salomão Xirimbimbi. Era o início do tímido processo de redimensionamento empresarial.
A licitação desta e de outras empresas valeu ao Estado triliões de kwanzas, no que foi na altura motivo de muito regozijo. Ao tempo metido noutras contas que não de peixe, Salomão Xirimbimbi conseguiu ficar com o Complexo Frigorífico do Kikombo, no Kwanza Sul. Mesmo sem nunca ter conseguido arrancar da sua antecessora qualquer licença de pesca, segundo contam fontes do SA, Xirimbimbi, conseguiu o suficiente para se manter à tona até hoje. Num país em que os governantes não têm a menor preguiça de misturar interesses públicos com privados, ninguém se admire se de um momento para o outro o Complexo do Kikombo der salto de cangurú. Afinal, a cozinha agora está por conta do próprio dono da empresa.
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RJ-Pescamar-Frisul - Engenheiro agrónomo de profissão, João Jardim, irmão de Fátima Jardim e antigo vice-ministro da Agricultura, descobriu, em boa hora, que futuro estava no mar e não em terra. Hoje controla a RJ.
Os interesses da família Jardim estendem-se também à Pescamar, cujo rosto principal é Albérico Naval, ele também primo dos Jardins. A sua especialidade é o camarão. Tem como clientes principais empresas espanholas. Detêm também a última palavra na Frisul, o maior complexo frigorífico do país. Parada há muito tempo, a Frisul apenas aguarda que engenheiros chineses terminem a sua reabilitação.
Na Frisul, João Jardim partilha interesses com o antigo primeiro-ministro França Van-Dúnem e ainda com Albérico Naval e com o jurista Eurico Paz Costa, antigo director do Gabinete Jurídico do Ministério das Pescas.
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Grupo Gema - A saída consecutiva da Presidência da República de José Leitão e de Carlos Feijó em nada afectou o crescimento do Grupo Gema. Pelo contrário. A sociedade fundada por José Leitão, Carlos Feijó, Pitra Neto e Simão Júnior está à beira de juntar ao seu portfólio o negócio de petróleo. Porém, uma coisa já é certa: o comércio de peixe foi das suas primeiras apostas. Desde o seu nascimento que está ligada aos sul-coreanos da Interburgo na pesca de camarão. A Interburgo é a mesma que partilha interesses com França Ndalu na World Wide, a maior empresa de pescas do país. Na WW, Ndalu é acompanhado pelos generais Kito e Toca.
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Copeme - Assim como José Pedro de Morais tem negócios em que está sozinho, nomeadamente na Global Seguros, os outros irmãos também têm os seus. Com efeito, a Copeme, do general Pedro Neto, foi a primeira incursão da família Morais no negócio de peixe.
A constituição, recentemente, por Pedro Neto, José Pedro de Morais e Jorge de Morais, da AngoOceânia, especializada em congelamento, confirma sugestões avançadas no «mercado do peixe» de que a entrada colectiva da família no ramo está para breve.
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Sopescas/Sede - Propriedade de Mário Palhares, presidente do Conselho de Administração do Bai, a Sopescas tem à frente um cidadão que atende pelo sobrenome de Duarte, que foi cônsul de Angola em Ponta Negra e primeiro secretário em da nossa embaixada na Namíbia. Divide-se entre captura salga e congelamento.
Nesta empreitada, Mário Palhares tem a companhia de alguns generais, cujos nomes o SA não conseguiu apurar. O corrupio de homens da capital à volta do peixe levou o antigo conselheiro do Presidente da Republica e actual embaixador na Costa do Marfim, Carlos Belli Belo, ao controlo da Sede, Lda, onde tem como parceiro um cidadão francês chamado Charlie. O objecto social é igual ao da Sopescas: captura, salga e congelamento. Em Benguela, Zeca Moreno, antigo 1º secretário provincial do Mpla, também está registado como empresário de pesca. É dele a Pesca Fresca.
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Iemanjá - O nome deste grupo empresarial é brasileiro, mas o seu dono, Adérito Areias, é angolano, benguelense de gema. Representa, tal como Fernando Borges, na Huíla, o sucesso de empresários do interior. Tem engenho para conseguir créditos a tal ponto que está entre os que mais beneficiaram de facilidades do Fadepa, Fundo de Apoio ao Desenvolvimento de Pesca.
A gestão parcimoniosa de fundos e domínio do negócio colocam o grupo Iemanjá, de que constam barcos de pesca e as salinas Calombolo, entre as melhores do ramo do país. Coincidência ou não, Adérito Areias também é próximo dos Jardins.
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Pesinagri - É indiscutivelmente a maior empresa de pescado de Angola. É detida a meias pelos irmãos generais Faceiras e por João Jardim. De resto, foi no consulado de Fátima Jardim, no Ministério das Pescas, que esta empresa passou para o controlo de privados, mas não sem que antes beneficiasse de um recuperação sustentada pelo Estado. Faceiras e Jardins têm outros interesses.
Faceiras e Jardins têm outros interesses. Os irmãos generais estão vinculados à empresa Cruzeiro do Sul, hoje por hoje parcialmente desactivada e a família Jardim tem interesses que vão da salga à captura. Aqui os dois manos têm a companhia do General João de matos.
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Pestômbwa - Se na Baía Farta se pode dizer que há concorrência e diversificação, no Tômbwa, província do Namibe, fala-se a uma única voz: Pestômbwa e mais nada! Inspirada pela família Jardim, a Pestômbwa tem à frente Gouveia Neto, antigo funcionário público e parente próximo dos Jardins.
A afirmação desta «pescaria» foi facilitada também pelo facto de nela terem interesses os governadores de Benguela, e da Huíla, respectivamente Dumilde Rangel e Francisco Ramos da Cruz."
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Por:
soba BeZiDrÓgLiO
Fonte: Semanário Angolense

sábado, novembro 19

sexta-feira, novembro 18

Para lá do Asfalto*

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Para lá do asfalto, a menos de 95 quilómetros dos Hummer’s, dos Jeeps Toyota VX Prado e Rav4, um pouco distante dos concursos de “Miss”, existe uma “Ombala” chamada Tchiaia.
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Quase perdida em arbustos, fica a quarenta minutos a pé no sentido leste da via do Samboto. É a sede de cinco aldeias, nomeadamente, Pedreira, Kandongo, Samangula, Kawio e Tchiaia, todas elas pertencentes à comuna do Sambo, município do Tchikala Tcholohanga, província do Huambo. Lá onde os telemóveis são só brinquedos dos adultos visitantes, onde a energia eléctrica só está na memória de alguns que conhecem, quando muito, a sede da comuna. As crianças têm um sonho: o de receberem enxadas e sementes para sustentarem suas famílias.

A aldeia ressurgiu há dois anos e carece de quase tudo: desde à alimentação, serviços básicos de saúde, acesso à educação e ensino, até ao apoio na actividade agrícola – a principal fonte para o auto-sustento. Entre os populares, há os retornados da Zâmbia, alguns são viúvos, outros velhos incapacitados e boa parte das crianças é órfã.
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O apoio do PAM terminou em Maio último enquanto que as últimas chuvas com granizo destruíram as plantações. Hoje, o sustento das famílias, cuja dieta forçada é a batata-doce, é uma responsabilidade partilhada com a própria criança logo que completa 11 anos. Vive-se do cultivo e do fabrico de carvão. O ganho diário pelo biscate no campo é 200Kz por adulto e 150Kz quando se é mais jovem; já no carvão, uma criança pode fabricar até cinco sacos de cada vez. “Mete-nos até vergonha ter de pedir ajuda, nós que sempre fomos um povo trabalhador”, desabafou um adulto.

Desde cedo, as crianças dominam a auto-medicação usando raízes silvestres. É a alternativa face à inexistência de um posto de saúde e à escassez de dinheiro para pagar um enfermeiro particular pelo tratamento. “Quase todos os recém-nascidos faleceram este ano, só na sede da Ombala. Até agora, o número total é de 17 óbitos, dos zero aos 2 anos e meio”, revelaram alguns líderes da comunidade. A fonte de água para o consumo é um dilema: todo o mundo sabe que é antiga e tem bichos, incluindo cobras, mas não existe outra alternativa.

A única escola foi construída por uma ONG, em 1996, e a sua cobertura foi saqueada durante o conflito armado. Nela, três professores atendem 300 crianças, da iniciação à segunda classe, sendo parte considerável dos alunos maiores de 14 anos. Os que passam para a 3ª classe enfrentam sete quilómetros a pé para chegarem à escola na sede da comuna de Sambo.

O consumo excessivo do kaporroto, aguardente produzido localmente, é companhia dos adultos às tardes, distraindo uns e fazendo brigar outros. Bebe-se mais do que se come. Pelas manhãs, o movimento das crianças divide-se em dois galhos: umas indo à lavra, outras para a escola. Destinos diferentes, mas algo em comum: todas cheias de feridas de bitacaias e suas roupas de tão sujas e rotas (na vida real) até parecem indumentárias de teatro comunitário.

Se o Mpla é o único partido na zona, a igreja católica ganha concorrente, a adventista, que já tem um fiel dedicado (a aldeia tem mais de 200 homens). Mas a última campanha de evangelização dos adventistas provenientes do Huambo, durante um fim-de-semana, deu mais pontos aos católicos, de si já líderes das simpatias em função de alguma caridade recente aos órfãos e vulneráveis: tudo porque, no culto, um visitante terá dito que “os irmãos que adoram no domingo, adoram no mesmo dia que os palhaços”, o que ofendeu até as autoridades locais. Nos finais de semana o futebol é rei, sem técnica, táctica e onde ninguém sabe perder; mas vale a intenção: “assim as crianças se distraem das makas da guerra… e nós também”.

“Kwachas” e “Mplosos” de ontem, angolanos unidos hoje pela paz, há dois anos que lutam pela sobrevivência, pelo direito de recomeçar a vida em Tchiaia, sua aldeia do coração. Qualquer apoio é para ontem e aqui fica o SOS. Para além do governo de Angola, quem será o rico, o político, o amigo ou filho do Huambo que pode ajudar esse povo?

Por:
Gociante Patissa, Huambo, 30 de Outubro de 2005
In Ondaka usongo
*Título da autoria de MN

quarta-feira, novembro 16

Desabafos de um Padre*

“o colonialismo não morreu com as independências...não só se naturalizou, como passou a ser co-gerido entre ex-colonizadores e ex-colonizados”
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Estou zangado! Muito zangado, mesmo!! Há gente que continua a falar mal da minha mãe. O pior de tudo é que o que dizem dela é mesmo verdade. Ao elogiá-la, os seus filhos alinham adjectivos contraditórios: dizem que a mãe África é o berço da humanidade, mas é o continente do futuro e da esperança. Vários séculos se passaram e ela continua sendo o continente do futuro. A África ainda não é o continente do presente, como os outros.

Os anos passam e a África continua sendo o continente do futuro, na esperança de um presente no futuro. Em 2001, Alpha Blondy lançou um grito: «j’insiste, je persite e je signe, que les ennemis de l’Afrique sont les africains» (eu insisto, persisto e assino que os inimigos de África, são os próprios africanos).

Afinal, os inimigos da mãe África são os africanos, ou seja, os próprios filhos da mãe África! Não tenho razão para estar zangado!?
É difícil aceitar que, em África, a vida humana esteja a ser tão coisificada e banalizada pelos seus próprios filhos, que apostaram em várias décadas sucessivas de guerras que continuam a transmitir-se de pais para filhos, de geração para geração.

(...)Os outros lutam pelo desenvolvimento, mas nós batemo-nos pela cessação das hostilidades; os outros inventaram o Computador, a Internet e os Móvel, mas nós vendemos-lhes riquezas e compramos armas para destruir as nossas riquezas; os outros vivem em democracia, nós instauramos a tirania; os outros têm cientistas políticos, nós dispomos de “engenheiros” políticos.

O vírus da corrupção atingiu o próprio desporto: os outros investem nos jogadores, nós investimos nos árbitros!...Alguns dirão que este quadro é demasiado pessimista. É provável que o seja. Mas, se já não é negro, continua cinzento e triste. Hoje, a nossa mãe África tornou-se num dos grandes laboratórios de sofrimento da humanidade, onde se pratica, inclusive, o genocídio estrutural e sistematizado; onde se elimina o futuro de inúmeros jovens e crianças.

O cenário é asqueroso: guerra fratricida, genocídios programados, pobreza colectiva, fome, miséria, doenças, pilhagens, vida precária, morte precoce, êxodo e exílio forçados de populações; refugiados sempre calculados aos milhões; corrupção e injustiças organizadas em sistemas tornando-se numa gangrena, numa septicemia geral.

(…)O futuro reserva-nos um presente de esperança. O futuro vai resolver todos os nossos problemas, presentes e futuros. Basta ter esperança do presente, no futuro; basta acreditar no presente que está no futuro. Ora, este tipo de discurso é sempre antigo, sempre novo e será sempre renovado: a felicidade, ou melhor, o presente, está bem situado: no futuro! Por isso é que, com razão, Mia Couto se interroga: será que “no passado o futuro era melhor?”.

Os filhos de outros continentes, sempre admiraram, comovidos, a nossa habilidade para viver neste contraste dramático entre amor e ódio; entre a alegria de viver e o terror; entre a solidariedade e o fratricídio; entre a vida e a morte. (…)

(…)O africano sabe esperar, sabe confiar, mesmo quando está submetido a um sistema irracional de violência desprovido de qualquer sentido, capaz de destruir vidas humanas, de paralisar e de condicionar o desenvolvimento da mãe África! A esperança é a última a morrer e, por isso, esperamos ansiosos a vinda do presente de felicidade no futuro. Este era o discurso das nossas trisavós, dos nossos bisavós, dos nossos avós, dos nossos pais e, certamente, continuará a sê-lo daqueles que hão de vir!...Continuo zangado! Muito zangado, mesmo! Afinal, quem vai salvar a minha mãe?!...
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Por:
Pe- António Estêvão
In Apostolado
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Cedido por: Pacavira
*Título da autoria de MN

terça-feira, novembro 15

A CAMPANHA ELEITORAL JÁ COMEÇOU!!! PARTE II

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“em Africa não existiu uma luta de libertação nacional mas sim, uma luta pelo PODER, o Poder que o colono simbolizava, concentrando sobre a sua alçada o poder politico, militar e judicial nos territórios”.
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Angola completou 30 anos de independência. Angola e os angolanos estão de parabéns!! Pena que os políticos angolanos -no poder- não tenham aproveitado essa data para apaziguar e enterrarem as divergências do passado. Digo isso porque as cerimónias oficiais da data da independência (dia de todos os angolanos sem distinção de cor da pele, crença religiosa ou filiação partidária) foram aproveitadas para idolatrar o “CHEFE” e prosseguir com a “campanha eleitoral” do MPLA. Acompanhei as cerimónias pela televisão, o que não me impediu de observar tal manipulação.
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Durante as cerimónias cantou-se e dançou-se muito, nada de extraordinário, não fossemos nós africanos alegres. Contudo, uma das canções desiludiu-me bastante, ela dizia o seguinte: (…) Angola já ganhou minha mãe! Dos Santos é o Pai minha mãe(...) Se alguém deve ser considerado o Pai da nação angolana, este é o falecido Presidente, Dr. António Agostinho Neto!
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A luta pela independência de Angola não só foi exercida pelo MPLA, ouve outras organizações e colectividades que também lutaram para que Angola fosse hoje um Estado livre e independente, não acho justo o MPLA monopolizar as glórias desse feito, como únicos merecedores de tal. (Condecorações feitas no dia da Independência)
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Passados 30 anos do dia 11 de Novembro de 1975, concluo que Angola regrediu! Pode-se apontar várias razões para esse retrocesso, entre as quais a guerra ocupa lugar de destaque. Mas pergunto eu:
- Quem é que faz as guerras?
Os homens!... mais concretamente os lideres políticos que na sua sede de PODER vão ludibriando o seu Povo para os seus objectivos. Aqueles que deveriam guiar o seu povo para o bem-estar geral conduziram-no ao abismo e destruição. Como dizia o Professor Adriano Moreira: “em Africa não existiu uma luta de libertação nacional mas sim, uma luta pelo PODER, o Poder que o colono simbolizava, concentrando sobre a sua alçada o poder politico, militar e judicial nos territórios”.
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O que vejo passados 30 anos das independências de Angola é exactamente isso!... a luta e concentração do PODER! A satisfação das necessidades e aspirações do Povo passaram para segundo plano. Angola regrediu!!! Há falta de quase tudo, desde alimentos, medicamentos, electricidade, água, etc. Somente os afortunados do “regime” vivem com condições que lhes permitem almejar um futuro promissor.
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O Povo em geral deixou de ter emprego, emigrou a procura de melhores condições, outros ficaram e sem possibilidade de poder sustentar suas famílias, estas desintegraram-se, as filhas embarcaram por caminhos pouco dignos (prostituição) como forma de trazer alguma coisa para casa e poderem comprar as necessidades que o Pai deixou de poder dar. Os filhos não lhes restou outra alternativa que não fosse a delinquência.

Com o advento da paz, espero sinceramente que novos políticos apareçam e que estes coloquem as preocupações e aspirações do Povo como suas preocupações primárias na sua actividade politica.

Por:
O’MBAKA

sábado, novembro 12

A Dança das Cadeiras e os Desvios dos Dinheiros Públicos

Um dos muitos entraves ao desenvolvimento de Angola é sem duvida a impunidade que os políticos gozam! Quase todos têm culpa no cartório e nenhum é chamado à justiça -acabavam todos por cair que nem um baralho de cartas-. A fonte do problema começa aí! Todos sabem os podres uns dos outros e -“se eu cair, cais comigo”-, e assim eles protegem-se uns aos outros.

É a eterna dança das cadeiras, saem de um Ministério para o outro, deixam de ser militares e vão para a polícia, deixam de ser Governadores de uma Província e vão para outra, deixam de ser Embaixadores e vão ocupar outro cargo qualquer –sempre ligados ao governo e ocupam esses cargos por motivos de confiança política e quase nunca por competência-, em resumo, eles trocam de cargos mas estão sempre no poder de uma forma ou outra e assim eles governam sem nunca serem demitidos, sem nunca se demitirem – a excepção de alguns que foram afastados por divergências internas-. Só isso justifica nunca nenhum político ter sido acusado e julgado por crimes de corrupção, desvios de dinheiros públicos, favorecimento de favores com abuso de poder e tráfico de influências, etc.. que todos sabemos que existem mas que nunca vimos ninguém ser acusado e preso.

A culpa é toda nossa -sociedade angolana - porque nos limitamos a ficar calados sem agir enquanto os nossos destinos são alienados. Caímos no conformismo, ou porque vendemos os nossos ideais em troca de favores e cargos ou porque tememos represálias políticas e acobardamo-nos -exemplo disso é este Blog que nem os nossos nomes podemos assinar com medo de amanhã sermos perseguidos ou boicotados-.
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Julgo que a bem ou a mal o MPLA é um mal necessário no poder porque já conhece os cantos à casa! No entanto é necessário haver mudanças radicais e medidas radicais como julgar e prender todos os corruptos e demitir os incompetentes! Só assim os próximos a ocupar os cargos se sentirão estimulados a mostrar trabalho e honestidade. Enquanto não se apurarem responsabilidades e enquanto não se castigarem os corruptos, a Nação não vingará. Vivemos numa Nação em que se premeia a imcompetência e a corrupção!
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Click aqui para poder aceder ao relatório da Global Witness sobre os desvios dos dinheiros públicos por parte dos dirigentes angolanos -ANGOLA GATE-

sexta-feira, novembro 11

11 DE NOVEMBRO - PARABÉNS ANGOLA!!!


Angola festeja os 30 anos de Independência e a síntese dessa é um trágico e longo período de guerra civil que culminou com a morte do líder da Unita e chefe da guerrilha armada - Jonas Malheiro Savimbi -, trazendo a ansiada Paz e Reconciliação Nacional, mas que deixou um país destruído pela guerra, pela falta de manutenção e investimento das infraestruturas e pelos desvios maciços dos dinheiros públicos.
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Hoje sabemos os erros cometidos no passado, mas o futuro é que interessa, enterrar os machados de guerra de uma vez por todas, pôr de lado as cores partidárias e levantar a Nação é dever de todos nós, sociedade e políticos. À sociedade pede-se: dinamismo, tolerância, participação na vida política e civismo. Aos políticos pede-se: altruísmo, competência, honestidade e transparência.
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É dia de festa para os angolanos mas apenas a minoria tem motivos para festejar! 50% da população vive abaixo da pobreza, 30% vive no limiar e os outros 20% são abastados - maioritariamente ligados ao poder - Em Angola o desemprego é o maior emprego, os serviços públicos: Saúde, Educação, Administração Pública, e os serviços essenciais como: transportes públicos, água e luz para todos são uma miragem. Os mutilados de guerra e os deslocados vivem de esmolas de semáforo. Não existe separação dos poderes entre o partido no poder, a justiça, as forças armadas e a polícia… Quando o povo não elege os seus representantes é difícil haver motivos para festejar! Neste momento as elites estão a festejar enquanto o povo continua a mendigar.
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O futuro político de Angola está agora nas mãos da Sociedade e dos principais Partidos Políticos, MPLA – Governo actual – e UNITA – Principal Partido de oposição – ambos desacreditados pelo povo porque um o roubou, e o outro o matou. A esperança está nas gerações futuras com sede de progresso e de igualdade num estado livre e democrático, varrendo de uma vez por todas a corrupção, a anarquia e os constantes abusos de poder.
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Com a economia em crescimento graças aos sectores de Petróleos e Diamantes, esperamos que nos próximos anos a qualidade e o nível de vida dos angolanos cresça e que o progresso tanto desejado seja uma realidade pois passados 30 anos existem 2 sociedades em Angola, os CONFORMADOS: que são na generalidade os que enriqueceram em tempo de guerra, e por já terem sido comprados, calaram-se e acomodaram-se; e os INCONFORMADOS: que são os jovens e o povo em geral que precisam de casa e emprego, ou seja, um país com verdadeiras condições de vida.
Mas mesmo com tantas adversidades o povo angolano continua a resistir porque é da sua natureza, e esperançoso que o futuro trará dias melhores.
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VIVA ANGOLA E OS ANGOLANOS!!!
PARABÉNS!

quinta-feira, novembro 10

Energias Renováveis!??


A necessidade, a criatividade e a imaginação andam de mãos dadas neste exemplo.
Somos seres em constante mutação e como tal, as necessidades obrigam a procura de novas fontes de energias. E se o Mundo mudar e a moda pegar?? Como sobreviverá o país que depende dos hidrocarbonetos e do desempenho da produção de petróleo que impulsiona o crescimento económico?...
O Petróleo tem os dias contados! É preciso investir bem os lucros dele obtidos para garantir o futuro.
Está na hora de por a Máquina do Estado a funcionar sem depender só das receitas do petróleo e dos diamantes! Onde estão os impostos aduaneiros e os lucros dos rendimentos das empresas (Bancos, Holdings, Operadoras de Comunicação, etc)? Porquê que nunca ouvimos falar nestas receitas? Qual é o valor que o Estado encaixa anualmente com os impostos?

terça-feira, novembro 8

O MEDICAMENTO EM ÁFRICA É 300% MAIS CARO

O medicamento, considerado como um bem de consumo não durável mas essencial difere dos outros bens de consumo porque o doente não tem poder de escolha ou seja, o médico prescreve e o farmacêutico dispensa. Em África, cerca de 65% do total de medicamentos vendidos são-no, geralmente, na capital, onde se encontram as elites e o respectivo poder de compra.

Os medicamentos são uma resposta simples a muitos problemas que se colocam nos países de difícil evolução desde que se encontrem disponíveis, acessíveis, a bom preço e sejam correctamente utilizados. Pergunte-se a qualquer mãe africana por algo premente de que necessite. A resposta é: medicamentos. O abastecimento regular de medicamentos é uma componente fundamental para um bom funcionamento de qualquer sistema de saúde. A importância do medicamento é de tal ordem que quando o hospital ou dispensário estão abastecidos, a sua procura por parte dos utentes aumenta em cerca de 50%. A maioria dos governos africanos ainda não compreendeu como é que os medicamentos e os inseparáveis farmacêuticos podem contribuir para uma melhoria da prestação de serviços de saúde às populações.

Apesar de alguns governos africanos terem elaborado políticas nacionais de medicamentos, nomeadamente com a criação de listas de medicamentos essenciais e instituído controlos de qualidade, na verdade, tudo isto não passa de meras conjecturas e a promiscuidade medicamentosa continua. O acesso ao medicamento é deveras restrito na maioria dos países africanos, onde 60% da população não tem hipóteses de chegar ao comprimido. As rupturas de stocks são generalizadas e não há vontade por parte das autoridades em procurar uma solução para a situação. As autoridades africanas têm de compreender que os medicamentos têm de ser geridos por farmacêuticos e não por médicos; cada macaco no seu galho.

Há países africanos em que o conjunto de taxas fiscais a pagar pelo medicamento atinge os 35% para além do frete de transporte e respectivos seguros desde a origem. O mesmo medicamento, vendido em África custa mais 300% do que na Europa (principalmente medicamentos portugueses e franceses). As consequências desta situação estão à vista: a contrafacção, a falsificação e o contrabando de medicamentos são altamente rentáveis. é por este motivo que em análises efectuadas a muitos medicamentos constatou-se a presença de farinha de trigo em vez de ampicilina e de plantas silvestres moídas dentro de cápsulas como se de tetraciclinas se tratasse! Estes pseudos medicamentos a que se chamam " Bamakos" têm na realidade a sua origem em países useiros e vezeiros na vigarice. Nigéria, Ghana e Guiné-Conacri.

Os governos africanos, supostos acorrem às necessidades mais prementes das suas populações, devem elaborar uma estratégia para a implementação de farmácias no interior dos seus países porque como têm poucos farmacêuticos disponíveis, estes optam pelo mais fácil ou seja, ficam nas capitais que se encontram superlotadas de farmácias, algumas delas sem justificação para existirem. Uma das saídas era sensibilizar cada farmácia da capital a abrir uma filial numa outra cidade do interior com a sua contrapartida nas taxas fiscais. Por outro lado, não se pode compreender que os poucos produtos farmacêuticos disponíveis nos países africanos se encontrem ocupados com mero trabalho burocrático, quando poderiam ser incentivados pelos governos, através de empréstimos reembolsáveis, a abrir farmácias comunitárias.

Na realidade, o quotidiano mostra que as farmácias privadas com fins lucrativos têm menos problemas com falta de medicamentos mas muito mais problemas com a burocracia estatal. Quanto mais eficaz for a prestação de serviços por parte da farmácia mais cobradores de impostos lhe aparecem pela frente com uma actuação que parece dizer: "piorem a eficácia"!

Em África, cerca de 65% do total de medicamentos vendidos são-no, geralmente, na capital, onde se encontram as elites e o respectivo poder de compra. Os residentes das zonas rurais consideram geralmente os fornecedores privados, que exercem ilegalmente, de acesso mais fácil aos medicamentos, mas a qualidade dos seus serviços é sempre medíocre. Adiantemos que os medicamentos vendidos por estes fornecedores são muitas vezes extorquidos ao sector público ou importados de países vizinhos onde o controle de qualidade é nulo. Mas os governos africanos não podem ignorar esta realidade que representa 50% dos abastecimentos e devem tentar solucionar esta situação que representa um perigo para a saúde pública.

Por:
Dr. Rogério Pacheco

segunda-feira, novembro 7

domingo, novembro 6

Angola na lista dos países mais minados do Mundo


Infelizmente o nosso país continua a postar nas piores listas!

Lista dos países mais corruptos, mais minados, mais pobres, maior mortalidade de crianças, maior taxa de analfanetismo...

Até quando ANGOLA???

quinta-feira, novembro 3

A CAMPANHA ELEITORAL JÁ COMEÇOU!!!

Ao Povo cabe a responsabilidade de escolher os seus mais dignos representantes. Infelizmente, o Povo não tem a preparação necessária para discernir e separar o trigo do joio, ou seja, separar os bons políticos dos maus e corruptos. Espero sinceramente que, nas próximas eleições, o Povo aja consciente e não se deixe enganar pelas promessas desses políticos que, durante anos esqueceu-o, desprezou-o e roubou-o, enquanto eles enriqueciam.
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Ainda não se sabe ao certo se em Angola se realizarão mesmo eleições gerais no próximo ano de 2006. O Presidente angolano, Engº. José Eduardo dos Santos também ainda não se decidiu se é candidato ou não as próximas eleições gerais.
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Enquanto isso já se vai fazendo campanha e o mais recente episódio desta foi o ”show of” que ele protagonizou aquando do aniversário de sua esposa.
A saída do casal ”Real” de Angola (José Eduardo dos Santos e sua esposa) para jantar num restaurante requintado de Luanda festejando mais uma risonha primavera da última, não passou de pura campanha política.
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Com o vislumbrar no horizonte da possível realização de eleições gerais em Angola, José Eduardo dos Santos tentou, com sua atitude (sair para jantar com sua esposa sem o aparato de segurança habitual que o acompanha nas suas saídas mesmo que privadas, fechando ruas, criando o pânico total), passar a imagem de líder próximo do seu povo e de uma simplicidade extrema semelhante as dos políticos dos países mais evoluídos, que mantêm relações de proximidade com os seus eleitores.
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Numa recente entrevista do Sr. Lopo de Nascimento (político angolano) ao jornal on line “Noticias Lusófonas”, publicada também no nosso querido Blog, aquele dizia que as elites no poder em Angola desprezavam o Povo. Não deixa de ser verdade, pois só isso explica o abandono a que ele é votado, só sendo lembrado por altura de eleições como a que se avizinha.
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Penso que os políticos angolanos nunca imaginaram que a guerra acabaria um dia, que precisariam da legitimidade que só o Povo “desprezado” lhes pode dar para ocuparem os lugares públicos. Se ao menos soubessem fazer “bem” outra coisa não ficariam tão preocupados com o desfecho das próximas eleições. Os políticos angolanos têm deficit de competência, estão mal preparados e só ocupam os lugares públicos por motivo de confiança política.
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Por:
O'MBAKA

quarta-feira, novembro 2