terça-feira, maio 30


*Foto enviada por anónimo
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segunda-feira, maio 22

Memórias de uma guerra que não vi

Quando nasci, já Angola era um país comunista ou socialista, não consigo recordar com precisão. Em minha casa, como na maioria das casas angolanas, não se falava muito de politica, o nosso destino estava traçado, pensávamos nós.

Não tenho memórias da guerra. Apenas das faltas de luz, que descongelavam os frigoríficos e estragavam a comida, que nos obrigavam a estar na rua até mais tarde para fazer tempo, naquela altura eu achava normal, lembro-me dos gritos de felicidade das pessoas quando a electricidade era reposta "a luz voltou". Dias depois ouvia os meus pais dizerem que a Unita tinha rebentado uma barragem, ou qualquer coisa do género, verdade?
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Lembro-me de tomar banho de jarro, o que era normal, porque não havia água suficiente, naquela terra cheia de rios, lembro-me dos avisos da minha mãe para nunca beber água da torneira porque não era potável, eu sabia lá o que era potável naquela altura.
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O meu pai era um aventureiro, por isso passávamos os fins-de-semana em lugares proibidos, perigosos, mas lindos, tão recônditos que eram só nossos.
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Como dizia não tenho memórias da guerra em si, só de um fim-de-semana que passei escondida debaixo da cama, a ouvir os tiros (em 1992).
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Das imagens guardei apenas os rostos dos meninos de mão estendida, das famílias sem casa, daquela cidade que já conheci deteriorada, mas que apreendi como minha, desde o início.
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Por: Rafaela
In:http://senumanoitedeinvernoumviajante.blogspot.com/

sexta-feira, maio 19

Resultado

Prezados amigos,

Obrigado a todos que se dispuseram a responder ao inquérito. Permitiu ao Blog saber quais as vossas preferências e por conseguinte uma maior aproximação entre Blog e visitantes (autores e comentaristas).

Do resultado do inquérito conclui-se que a maioria prefere uma postagem semanal! Assim, por vossa decisão, postarei sempre que possível, um novo artigo com essa frequência desde que vocês os enviem em tempo oportuno.

Mais uma vez agradeço a vossa atenção e despeço-me com os meus melhores cumprimentos.

sábado, maio 13

INQUÉRITO

Estimados leitores,

Na sequência de pedidos rogando que os artigos permaneçam tempo suficiente para poderem ser apreciados e comentados, para que os autores possam ter direito de resposta aos seus comentários em tempo oportuno, para melhor servir e ir de encontro as vossas expectativas enquanto leitores, comentaristas, autores, o Blog “Desabafos Angolanos” solicita aos prezados leitores que se dignem responder a seguinte questão:

Qual, em vossa opinião, o intervalo de dias que os posts (artigos) deverão gozar até nova publicação de postagem?

A) 1 Semana
B) 2 Semanas
C) 3 Semanas
D) 1 Mês

Esperando poder contar com a vossa colaboração, agradeço que, sempre que entenderem, enviem as vossas reclamações/sugestões e respondam aos inquéritos, contributo importante para a melhoria de qualidade do espaço.

Sem outro assunto de momento, melhores cumprimentos.

segunda-feira, maio 8

As fotos que se seguem foram enviadas por um anónimo que as descreve como sendo: “Roubo de contentores ao largo da costa angolana”.

O Blog “Desabafos Angolanos” informa aos estimados leitores que desconhece a autenticidade das fotos bem como a veracidade de tal facto.

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terça-feira, maio 2

Re: Desabafo...

Já a algum tempo que estou para comentar o artigo publicado no dia 7 de Abril…

Acho que comparar Portugal a Angola em questão de racismo é injusto pelo simples motivo de haver uma miséria desmedida em Angola enquanto que em Portugal é um bocado diferente. Também acho que falar saudosamente do período colonial em que “se vivia bem” esta completamente errado.
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Nasci e cresci em Angola a 26 anos e vivo na Europa a algum tempo, portanto tenho experiência nos dois lados. Enquanto estudei em Angola (sempre estudei nas escolas do estado) nunca senti racismo na pele (e era muito mais claro que 95% do resto da escola), o mesmo acontecia na rua quando andava por meia Luanda a pé. Hoje a situação é totalmente diferente, saio a rua e sinto logo de maneira activa e/ou passiva o racismo na pele, porque será?

É simples, o racismo é dirigido aos mais claros que acumulam percentualmente muito maior riqueza (não estou a dizer que são os mais ricos), quero dizer que ao apontar o dedo aleatoriamente a uma pessoa mais clara é mais provável que ela pertença a classe media ou alta; o mesmo não acontece com um angolano negro. A descriminação existe sempre que se é diferente do padrão normal das coisas. Em Angola onde o padrão normal é a pobreza, os ricos correm o risco de serem descriminados por o serem e assim diferentes da maioria. Quando essa riqueza esta maioritariamente distribuída por indivíduos de raça branca ou clara, a descriminação passa de económica a racial, visto que há uma ligação directa a cor de pele. Portanto num pais com um nível de miséria tão elevado é lógico que haja racismo (por razoes económicas) contra uma minoria que vive acima da média (como já aconteceu por exemplo na Alemanha precedendo a Segunda Guerra Mundial). Era bom lembrar que Angola foi dos únicos países africanos a ter um movimento de libertação tão multi-etnico em que todos lutavam pela mesma causa (MPLA), dai não haver uma Historia de descriminação racial.

Já em Portugal o inverso acontece, quando os negros têm os empregos e rendimento dominante mais baixos e são vistos como um grupo que esta a retroceder o pais e a aumentar a criminalidade, dai também descriminados pela raça. O mesmo começa a acontecer aos brasileiros e pessoas do leste da Europa (ai já se chama xenofobia). O racismo em Portugal é causado por ignorância, medo e fundamentalismo ao assumir que a raça negra como mais perigosa, inferior ou menos capaz (intelectualmente ou economicamente) ou outra patetice do género. Sou contra o racismo em qualquer contexto, pela simples razão de se basear na cor da pele.

A Angola à que se refere, linda e que traz saudades à quem lá viveu (pré-independência), era muito boa para as pessoas mais claras (os avantajados do sistema), mas muito má para os negros (a minoria vivia bem ao custo da maioria). Se já leu alguma literatura da época pode ver situações a que os angolanos negros eram expostos no dia a dia, desde “check points” para controlar a movimentação, a contratos de trabalho muito além das leis de trabalho existentes isso para não falar a serem submetidos a uma governação dum povo que vinha do outro lado do equador. Não havia igualdade de direito, acesso a escolas, trabalho, hospitais, etc, etc… a não ser que fosse “assimilado”. Portanto sim, tem razão, Angola era mais bonita, mas só para alguns privilegiados (como os meus familiares por exemplo), mas de certeza que isso não é justo nem vou tentar fundamentar essa questão. Não vejo nada de saudável nesse Estado. Depois da Dipanda houve a transferência de poder para pessoas que não estavam preparadas nem literadas para dirigir um país (por causa do sistema anterior) e para adicionar a isso houve ainda 3 guerras que podem não ter causado destruição directa a algumas cidades mas causaram miséria generalizada ao povo.

O povo é sim culpado por deixar acontecer muita coisa e não tomar uma iniciativa, manifestar-se, exigir mudanças como é normal em qualquer pais democrático (vimos agora o exemplo de França ou Nepal). Mas é injusto culpar um cidadão que vive com um salário de 70 USD, que tem que alimentar uma vasta família e tem de recorrer a esquemas, antes isso que começar a matar para roubar que era muito normal num pais com um índice de homens treinados militarmente tão elevado, e claro, com acesso a armas.

Angola é linda mas ta feia! Não acredito que alguém me diga que a acha bonita hoje! As cidades estão um escombro, nas matas não há animais, estradas são mais picadas do que outra coisa, lixo por todo o lado, miséria sempre presente!!! Sinto-me frustrado e triste quando lá vou mas claro é algo superior a nós que nos atrai e faz-nos sempre voltar a terra. No meu caso estou ansioso de voltar para minha terra apesar de tudo, tenho esperança em poder fazer alguma coisa, talvez seja um desejo utópico normal da idade.
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Os períodos de transformações em Angola não foram feitos da melhor maneira (de colonizados para estado independente, de Comunistas e partido único para economia de mercado), portanto isso tudo causou o vandalismo do pais e enriquecimento de alguns (oportunistas talvez). As pessoas tornaram-se sim consumistas (baratas), invejosas, empobrecimento de valores, falta de ideais, materialistas e racistas. É triste, mas como o nosso Presidente disse, isso "é tudo um problema de barriga". Espero que esse "problema de barriga" não se transforme numa caça as bruxas contra os privilegiados do passado.
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Por:
K.