quinta-feira, novembro 12

A independência, o Príncipe e os cidadãos

O país comemora trinta e quatro anos. Todos aspirávamos a que Angola fosse agora um país completamente reconciliado, com um projecto colectivo partilhado, com um pensamento estratégico nacional, uma larga e forte classe média e elevados índices de desenvolvimento humano. No entanto, o país continua a ser considerado uma sociedade de trevas, atolada nos problemas característicos dos países que estão na cauda do desenvolvimento. Com uma agravante que é o facto de ser um país com muitos recursos e forte crescimento económico mas a que não corresponde um correlato bem-estar da população.

Por outro lado, a nossa conjuntura (política, económica e social) é dominada por um problema e por um homem. O homem é José Eduardo dos Santos com sua insegurança política e suas reiteradas pretensões autoritárias. O problema é a sua sucessão, com o pesado manto de incertezas, as grosseiras manobras dilatórias, as falsas promessas que lhe são associadas e as interdições que a rodeiam. As duas questões tornam o país inseguro, obscurecem a previsibilidade do regime e mancham fortemente a sua imagem no exterior, não permitindo a sua modernização, nem a consolidação de um bom ambiente não só de negócios mas de desenvolvimento sustentado, de longo prazo.

Agora que celebramos trinta e quatro anos de independência, com os indicadores sociais tão baixos que registamos, com uma economia quase de mera exploração de recursos, JES, em vez de ser um dirigente mobilizador de vontades, apenas procura submeter todas as vontades à sua própria vontade, quer no plano político, económico e social. Para tanto, fez do seu partido o tubo de ensaio dos sistemas de controlo ditatoriais e pretende aplicar as suas experiências ao país, reforçando o partido-Estado, fortemente controlado pelo partido do Chefe, o neomercantilismo que coloca toda a economia dependente dos seus interesses de potência e o corporativismo social como mecanismo de controlo total da sociedade. A eleição é a besta negra do seu consulado. Decididamente, JES não gosta de eleições, prefere a indicação e, de preferência, que seja ele a indicar.

Chegamos pois aos trinta e quatro anos de independência muito cansados da situação de instabilidade permanente (inclusive agora nas fronteiras) de um PR que está colado ao cadeirão presidencial há trinta anos, da sua cupidez, da sua insegurança, da sua incapacidade de diálogo, com os diversos sectores da sociedade angolana (não se confunda a sua capacidade de imposição, cooptação e alienação, como capacidade para o diálogo) da sua fixação política (a reprodução do seu próprio poder) da sua fraca produtividade e do pesado custo que ele tem representado para o país, nomeadamente para as novas gerações.

Chegamos aos trinta e quatro anos de independência com a dupla consciência de que a sucessão de JES é necessária mas não se pode fazer de qualquer maneira. Mas também de que não pode o nosso sentido de responsabilidade servir de pretexto para sermos obrigados a aceitar a perpetuação de uma dinastia ditatorial. Não é porque tem na sua garagem uma série de tanques de guerra que pode insistir na sua permanência eterna e se arrogar ao direito de decretar, ele próprio, uma revisão constitucional, desrespeitando assim a Assembleia Nacional (que é representativa de todos os cidadãos e da vontade política da Nação), atropelando gravemente os seus poderes e coarctando também o direito de opinião dos cidadãos.

A propósito, o PR é um cidadão e, como qualquer outro cidadão, tem direito à opinião e a participar do debate constitucional. Mas, o PR tem a obrigação de defender e zelar pelo bom funcionamento das instituições. Não pode usar das prerrogativas de PR para as desrespeitar, para as subverter. Não pode ele próprio destabilizar o processo constituinte em curso, obrigando toda a gente a abandonar a sua opinião para sufragar a dele como sendo consensual. E, muito menos ainda, não pode fazer exigências que vão contra os valores e regras fundadoras do regime constitucional vigente que saiu de um longo processo de negociação e de transacção como forma de debelar um longo e sangrento conflito que expressava também uma crise de identidade da Nação, pois esta não se reconhecia (e não era reconhecida) em todos os seus filhos. Cabe a Assembleia Nacional fazer a revisão constitucional que se propôs, no tempo que achar útil a uma serena e ampla participação das forças políticas, das lideranças sociais, das corporações económicas, das lideranças religiosas e dos cidadãos.

Pois, trinta e quatro anos depois da independência, o PR devia perceber que está obrigado a cumprir a Lei Constitucional actual, que não estamos perante um vazio constitucional que o autoriza a governar à vista. Devia entender que como PR, como pessoa de bem, está obrigado a cumprir com os seus compromissos políticos e institucionais. Mas, acontece que agora que comemorarmos trinta e quatro anos de independência, o PR adopta uma grave conduta, que não aproveita à moralização das instituições (e ao respeito destas aos olhos dos cidadãos e da comunidade internacional) ao não convocar, este ano, a eleição presidencial, por ele prometida, em 2006. E, nada diz aos cidadãos, numa atitude que traduz um menosprezo total pela Nação. Ou, ainda, uma outra conduta do PR, mais grave e não conforme com a anunciada política de normalização das instituições, nem tão pouco com a desejada reconciliação nacional, é estar a fazer pressão e chantagem sobre a Assembleia Nacional (transformando-a num comité de especialidade do seu partido) para que esta se submeta aos seus interesses políticos, estabelecendo uma ligação, de causa/efeito, entre a revisão constitucional e a realização da eleição presidencial, protelando assim a efectivação desta eleição e, por tabela, a das eleições autárquicas.

Trinta e quatro anos depois da independência, o país não pode continuar refém de um líder que se atolou nas suas próprias contradições e está possuído pela obsessão de se eternizar no poder, que lhe retira toda a clarividência. A nação tem que encontrar uma saída. É aqui que acho útil a proposta (que já fizemos há mais de dez anos) de uma segunda câmara para a assembleia representativa: o Senado.

Digo isto por JES mas também por uma questão de princípio e prudência em relação a sua sucessão. De Gaulle que embora partidário do governo forte, não queria ser um ditador e era um patriota e um homem de apurado sentido do interesse nacional, abordou esta questão, quando se preparava para deixar o poder. Escreveu ele nas suas memórias que havia necessidade de acrescentar à autoridade do seu sucessor a força do sufrágio universal directo, pois este não teria do seu lado a legitimidade histórica de que ele gozava. JES faz ao contrário, gozando ele de “legitimidade histórica” quer acabar não só com o voto universal directo mas também com a eleição do presidente. De Gaulle pensava numa sucessão institucional. Dos Santos quer, apenas numa situação limite, uma sucessão pessoal, de maneira que ele possa continuar a reinar, em sistema absolutista, mesmo que nominalmente não seja governante mas tão-somente chefe do partido da situação, assumindo então o seu lugar cativo de deputado. Creio que é ainda assim um caminho arriscado e, por outro lado, um factor de grave degradação da qualidade da política (e dos políticos) no país.

Sou favorável a uma sucessão negociada, em termos parecidos com a sucessão de Pinochet. Sei que é um personagem antipático mas a transição pacífica no Chile é um exemplo prático que nos pode ser útil e sobre o qual não devemos ter nenhum preconceito. Daí a criação desta segunda câmara do parlamento para podermos atribuir a JES a dignidade de senador vitalício, resolvendo assim o seu problema de segurança e libertando o país para a dinâmica das novas gerações, pela concorrência e pelo mérito, em todos os sectores e escalões da vida nacional.

*Cientista político

Por Nelson Pestana (Bonavena)

in jornal AGORA.



sexta-feira, outubro 30

Ubuntu

Com a Paz, Humildade e Amor ele liderou o seu país à liberdade do jugo do império britânico. Mahatma Ghandi,um homem que provou que a humildade e a verdade são mais poderosas do que impérios.

«Gerações vindouras terão dificuldades em acreditar que tal pessoa em carne e sangue uma vez andou por esta terra», disse Albert Einstein.

Nasceu na Índia a 2 October 1869, entanto a sua longa campanha pela Paz começaria em África, onde tudo começou, desde cedo foi em África que Mahatma Ghandi liderou marchas pela Paz na então África do Sul racista, estávamos então no ano de 1983.

Hoje, em Angola, jovens e adultos depois de termos todos experimentado o sabor amargo da guerra, da brutalidade, da ausência de liberdade, da opressão e da violência, Mahatma Ghandi volta a ser a inspiração para este momento de sofrimento e desespero.

A via que nos indica Ghandi não é desconhecida ou estrangeira à filosofia Africana. Em África temos a Ubuntu, a filosofia da Paz Africana. Filosofia seguida por grandes líderes como Nelson Mandela ou Reverendo Bispo Desmund Tutu, para citar alguns.

Caminhamos em boa companhia. Cabe a você estudar e aplicar Ubuntu. Cabe a você a todos nós divulgarmos Ubuntu na nossa Angola.

A filosofia da Paz é hoje estudada, ensinada e aplicada mais do que nunca. E mais ainda num país como o nosso, profundamente atingido pela violência.

A Marcha da Paz é também a Marcha do Amor. É também a Marcha da Solidariedade. É também a Marcha da Ética.

Como tudo o que é bom, só o cultivo faz crescer, assim é bom semearmos as boas sementes da Paz.

O bom exemplo fala mais alto do que as palavras ditas.

A Marcha da Paz começou!

Enviado por: FPD

quinta-feira, outubro 8

Um livro que vale a pena ler...




África,

"Capitalist Nigger" é um controverso livro, publicado originalmente em Setembro de 2000, que se destaca como uma explosiva e chocante acusação contra a raça negra. De seu nome completo "Capitalist Nigger": The Road to Success" [Preto Capitalista: A Via do Sucesso] declara que a raça negra é uma raça consumista e não uma raça produtiva.

O seu autor, o jornalista nigeriano Chika Onyeani, afirma: "Somos uma raça conquistada e é absolutamente estúpido pensarmos que somos independentes. A raça negra depende de outras comunidades para a sua cultura, a sua língua, a sua comida e o seu vestuário. Apesar dos enormes recursos naturais, os negros são escravos económicos porque lhes falta o instinto aguçado e a perspicácia corajosa da raça branca e a organizada mentalidade económica dos asiáticos".

Chika Onyeani, que é o editor do African Sun Times, o único semanário africano publicado nos EUA, usa sem receio a palavra "nigger" no título do seu livro - algo que, na América, quebra um tabu. Ele diz: "O que é mais importante não é o que me chamam mas sim a forma como respondo". Para Chika Onyeani, "nós, negros, somos escravos económicos. Somos propriedade total de pessoas de origem europeia. Estou farto de ouvir negros a responsabilizar outras raças pela sua falta de progresso neste mundo; estou cansado das lamúrias e da mentalidade de vítima, das constantes alegações de racismo a torto e a direito. Isso não nos leva a parte alguma".

"Capitalist Nigger" reserva as suas críticas mais duras aos líderes africanos que, de acordo com Chika Onyeani, permitem que europeus e outros pilhem as riquezas de África sem qualquer retorno. "África tem ganho mais fome, mais doenças e mais ditaduras. Temos hoje, em muitos casos, menos do que tínhamos por altura das independências africanas. Chika Onyeani, diz que "Capitalist Nigger" é um apelo angustiante para que a raça negra desperte, para que se levante e para que se mova.

"Temos de abandonar a mentalidade de vítimas que adoptámos há tanto tempo: a noção de que alguém nos deve algo. Temos de acabar com as lamúrias e deixar de pedir esmolas ao resto do mundo". Para Chika Onyeani, "temos que reconhecer e aprender com os brancos e com os asiáticos o que é necessário fazer para se conseguir sucesso"

Isto pode aplicar-se a àfrica e, não só.

Quantos países têm, ainda, esta mentalidade.

Abstenho-me de citá-los.

Enviado por: Anónimo

sábado, setembro 26

Luís Sá Silva


Angolano Luís Sá Silva, jovem promessa no Mundo do Automobilismo.

Com apenas 19 anos lidera o Campeonato Asiático de Formula Renault 2.0, depois de quatro vitórias seguidas e duas pole position.

No entanto em Angola é um mero desconhecido. Talvez o Sr. Bento Cangamba com tanto dinheiro para festivais e equipes de futebol possa algum dia dar uma ajuda a este Piloto.

quinta-feira, agosto 27

*Ricos ou endinheirados?

Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro» dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos “ricos”. Aquilo que têm, não detêm. Pior, aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados.

Necessitariam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por os lançar a eles próprios na cadeia. Necessitariam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.

(...) O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas muito convexos e estradas muito côncavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade.

As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. O fausto das residências chama grades, vedações electrificadas e guardas privados. Mas por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam.

Coitados dos novos ricos. São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam ser sustentados com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído.

Os nossos endinheirados-às-pressas não se sentem bem na sua própria pele. Aspiram ser outros, distantes da sua origem, da sua condição. E lá estão eles imitando os outros, assimilando os tiques dos verdadeiros ricos de lugares verdadeiramente ricos. Mas os nossos candidatos a homens de negócios não são capazes de resolver o mais simples dos dilemas: podem comprar aparências, mas não podem comprar o respeito e o afecto dos outros. Esses outros que os vêem passear-se nos mal-explicados luxos. Esses outros que reconhecem neles uma tradução de uma mentira. A nossa elite endinheirada não é uma elite: é uma falsificação, uma imitação apressada.

A luta de libertação nacional guiou-se por um princípio moral: não se pretendia substituir uma elite exploradora por outra, mesmo sendo de uma outra raça. Não se queria uma simples mudança de turno nos opressores. Estamos hoje no limiar de uma decisão: quem faremos jogar no combate pelo desenvolvimento? Serão estes que nos vão representar nesse relvado chamado “a luta pelo progresso”? Os nossos novos ricos (que nem sabem explicar a proveniência dos seus dinheiros) já se tomam a si mesmos como suplentes, ansiosos pelo seu turno na pilhagem do país.

São nacionais mas só na aparência. Porque estão prontos a serem moleques de outros, estrangeiros. Desde que lhes agitem com suficientes atractivos irão vendendo o pouco que nos resta. Alguns dos nossos endinheirados não se afastam muito dos miúdos que pedem para guardar carros. Os novos candidatos a poderosos pedem para ficar a guardar o país. A comunidade doadora pode ir ás compras ou almoçar à vontade que eles ficam a tomar conta da nação. Os nossos ricos dão uma imagem infantil de quem somos. Parecem crianças que entraram numa loja de rebuçados. Derretem-se perante o fascínio de uns bens de ostentação.

Servem-se do erário público como se fosse a sua panela pessoal. Envergonha-nos a sua arrogância, a sua falta de cultura, o seu desprezo pelo povo, a sua atitude elitista para com a pobreza. Como eu sonhava que *Angola tivesse ricos de riqueza verdadeira e de proveniência limpa! Ricos que gostassem do seu povo e defendessem o seu país. Ricos que criassem riqueza. Que criassem emprego e desenvolvessem a economia. Que respeitassem as regras do jogo. Numa palavra, ricos que nos enriquecessem.

Mia Couto in SAVANA

13.12.2003

*Adaptação BLOG Desabafos Angolanos

domingo, julho 19

terça-feira, junho 30

*EUROPE BY DESIGNERS - Parabéns Emília Franco - "MIFA"

*C.AUGUSTO, E.FRANCO&H.MOTA

Emília Franco nasceu em Luanda, em Angola, a de 19 Novembro de 1982, onde viveu até seu 18 anos de idade.

Na escola secundária ela descobre a paixão por fotografia, participando nas competições realizadas na escola que frequentava, vencendo em três anos. Ela participou em 2000-01 e também participou de um concurso de arte em Angola, a nível nacional, onde ganhou o primeiro lugar aos 17 anos de idade.

No mesmo ano, com dois amigos, realiza a sua primeira exposição de fotografias na Associação 25 de Abril, em Angola.

Em Julho de 2001 mudou-se para Portugal para frequentar o curso de Arquitectura, na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, mas logo percebe que não é o que ela queria, então, em 2002 decidiu mudar de rumo, passando para a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto para ter uma licenciatura em Comunicação Design / Artes Gráficas.

Em Agosto de 2004, durante o seu estágio na Executive Center, agência de comunicação e imagem, em Angola, produziu o logótipo da empresa Lua Nova, a produção audiovisual, juntamente com a Executive Center.

Este ano é o penúltimo ano de seu curso de Comunicação Design.

In:http://www.europebydesigners.com/contributors/emilia_franco_cesar_augusto_helder_mota.php