Certa vez um camba contou-me, que um budjurra que ele conheceu aqui na tuga, teve em Angola e conheceu as 18 províncias, mas voltou decepcionado porque não chegou a conhecer a “Banda”. Vocês falam tanto da banda, mas em que parte de Angola fica ela então? Interrogou ele.
Talvez, nem nós, os puros mangolés sabemos explicar a definição ou localização da banda, porque, para nós a banda não se define nem se vê, ela sente-se quando o Boing 747 da Taag abre a sua porte e aquela quentura empoeirada toca-nos a pele.
A banda sente-se ali naquele tapete rolante do Aeroporto 4 de Fevereiro, quando vamos pegar as malas e encontramos a mistura de passageiros e bagagens entre Lisboa/Luanda e Kinshasa/Luanda, sente-se naquela comprida avenida que sai do aeroporto ate ao Largo da Maianga, onde nos cruzamos com um cumbi azul e branco e um Hammer H2 amarelo ao mesmo tempo, sente-se nos ambulantes que te batem no vidro com a dica “cota temos todas as novidades, é só escolher” ou “tio olha o cheirinho pro boter, esse é mesmo do puro”, no engarrafamento provocado pela nova onda da construção das pontes ou túneis, como alguns dizem.
Quando chegamos em casa, sentimos a banda assim que ligamos a TV, e nos deparamos com a emissão da Globo ao invés da TPA que estávamos a espera, daquele cheiro do bagre fumado ou do funge quentinho que vem lá da cozinha, do som que vem da rádio com as novidades musicais que estão a bater em determinada altura, da primeira conversa com os cambas em que nos contam as novidades tintim por tintim; os novos calões que estão a bater, a nova forma de dançar kuduro ou tarraxinha, a praia e disco que tão na moda e muitas outras dicas, insignificantes para alguns mas importantes para todos nós que queremos ver ou nos sentirmos na Banda.
Muitos, podem entender banda como uma dica que os angolanos inventaram para dizerem que foram ou vão para Angola, mas se assim pensam é porque não apanharam a dica. Pra Angola, qualquer madyé pode bazar, um tuga, brazuca, santolas ou chinoca que agora vão pra lá aos montes; mas pra Banda, hum hum, só mesmo nós sabemos o caminho para aquele “paraíso” empoeirado. Eu, até já pensei em abrir uma agência de turismo, única e exclusivamente para levar turistas e não só, a conhecerem a banda. Mas como? A par das questões de cumbu, há uma mais complicada que me estraga a ideia de negócio. Onde fica a Banda?
Por vezes, penso que sou “bandense”, porque angolanos de BI. e passaporte, existem muitos, basta querer sê-lo acompanhado de algumas quantias e já esta; agora bandense, não é para quem quer nem para quem pode, é só para quem é.
Ali, onde se sente a dificuldade em que alguns vivem, mas que todos se riem independentemente do nível de vida que têm. Ali sim esta a Banda...
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Por:
Ngoi Salucumbo (Salucumbo Jr.)
7 comentários:
adorei o texto em todos os pontos e virgulos e ate o ponto final!
o que não foi muito adequado foi a sua assinatura (Anónimo). sem saber qual foi a fonte Anónima que vos envio esclareço que o texto não foi escrito por nenhum anónimo, este texto foi escrito por Ngoi Salucombo (o mesmo que escreve este comentario) e postado no meu 1º blog www.salucombojr.blog.com, no dia 3 de Junho de 2005 com o titulo de "A Banda, mas Onde fica a Banda?".
assim , não me importava nada que o engano fosse corrigido.
Prezado amigo,
Quero que me desculpe pelo equívoco. Como deve calcular é-me impossível detectar a origem de todos os textos que são amavelmente enviados por leitores e amigos deste blog. O seu texto foi-me enviado por e-mail e infelizmente não havia nenhuma referência quanto a origem ou seu autor.
Obrigado pela correcção e por consentir a sua publicação no Blog “Desabafos Angolanos”.
Melhores cumprimentos
comentário do meu amigo Poirier, a quem reenviei o escrito.
Carissimo Piti
Onde fica a banda???
Congratulation.....
Saber, lá se sabe, onde fica a banda.... Sabemos todos nós, tu, eu e
outros
velhos companheiros ainda sobreviventes, que inalaram a mistura dos
cheiros
acres aquecidos pelo abrasador sol que não nasceu para todos, os que
nas
suas viagens diárias encurtavam o caminho pelos carreiros batidos das
barrocas com diversos "policias" enegrecidos e queimados dalgum mais
aflito,
os que beberam em pequenino a agua não poluida do Bengo, os que
caminharam
pelo bairro operário, cruzeiro e nadaram na Samba, os que beberam cucas
quentes nas rebitas dos salões das sanzalas de terra batida e poeirada
no
ar, sonhando com olhos abertos que a banda tambem era dele.
Todos perderam e nada voltará para trás.....
Agora,os destroços da banda trazidos à tona, ficam-se na desconfiança
entre
amigos e conhecidos, a inveja do que tem menos, a corrupção
generalizada e a
tentativa da riqueza fácil e rápida quanto possível.
A banda passou e ficam os sonhos sentidos de quem se embebedou com agua
do
Bengo.
Um forte abração do "corneteiro" da banda.....
poirier
Feliz dia do Amigo!!
Primeiramente agradecemos pela visita ao nosso blog.
E pedimos desculpas por não visitá-lo com mais freqüência, pois nossa Internet e discada e só podemos acessar na madrugada ou nos fins de semanas. Convidamos você para mais uma nova mostra em nosso blog espero que goste aguardamos a sua visita. Agradecemos sua atenção e carinho ao nosso trabalho experimental. Um forte abraço dos amigos da Lata Mágica recife.
Willam & Odilene
ola mn.
gostaria que me enviasse o seu mail porque gostaria de entrar em contacto consigo. tentei obte-lo apartir do seu profile mas infelizmente não teclo do meu pc e este onde estou apresenta algumas debilidades.
assim agurado o seu mail em arcoires_s@hotmail.com
abraço
Moliceiro - o que é?
Abraço de Portugal!
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