Recentemente desloquei-me a Europa a trabalho e quando regressei comentei com um amigo que tinha visto um conhecido nosso, alguém com quem costumamos jogar a bola, com a sua namorada num BMW série 7 a passear por uma avenida europeia. Até ai nada de mal, mas acontece que o BMW tinha matrícula consular, ou seja, pertencia ao corpo diplomático angolano.
Comentava eu em tom de reprovação, porque em primeiro lugar ele não tinha credenciais para usufruir daquela viatura que era paga com dinheiros públicos angolanos para efeitos diplomáticos e não para estar ao serviço do filho de um General na reforma, mas sobre tudo porque o pai dele já é pornograficamente bem abastado e podia muito bem alugar um carro invés de andar de carro e por combustível “as minhas custas” (enquanto cidadão angolano contribuinte) quando, de repente, o meu amigo a quem eu comentava, remata a seguinte frase que acaba comigo: “o que tu tens é inveja dele”…
A frase acabou comigo porque esse meu amigo com quem eu desabafava, tal como eu, devia entender que os bens públicos não são para serem usados e abusados por pessoas não creditadas, para uso e serviço próprio ou outro uso ou finalidade que esteja fora do âmbito, naquele caso, diplomático.
Naquele caso particular estávamos perante o filho de um General na reforma, um cidadão tão comum como eu, com os mesmos direitos que eu, e que abusava dos meios consulares angolanos.
É claro que isto é o pão-nosso de cada dia. Os bens públicos estão ao serviço dos filhos dos filhos, dos filhos e das amantes e dos primos da elite do MPLA. Mas acontece que aquele carro não pertence ao MPLA, não foi comprado com o dinheiro do partido MPLA, mas sim com o dinheiro do Estado angolano, - sabem qual é a diferença? O MPLA tem receitas para colocar em cada capital europeia 1 BMW série 7 sem ter de recorrer ao dinheiro dos cofres do estado. Já tem demasiados bancos e outros negócios para ter esse poder. - que por acaso é nesta legislação (e foi no passado também ) dirigido pelo MPLA, com maioria de mais de 80% (lembre-se!).
Mas está na altura de esses abusos acabarem e de nós deixarmos de nos conformarmos que o dinheiro dos nossos impostos e das receitas do nosso país estejam sempre a ser desperdiçados e esbanjados com os passeios pelo Mundo fora deste ou daquele cidadão que não tendo creditação para o fazer abusa da cédula militante ou do lugar do paizinho.
Que fique aqui bem claro que o sentimento não é o de inveja mas sim o de injustiça porque ele (que andava no carro diplomatico), tal como eu, vive num país onde as pessoas morrem por falta de acesso a cuidados médicos e assistência. E é o despesismo de pessoas como ele, cujo pai já bastante rico, que fazem com que o país tenha dificuldades em se erguer dos escombros onde se encontra.
Este habito tem de acabar e a família MPLA têm de ficar mais consciencializadas que o MPLA é o partido no poder até o povo assim o dite, e que o povo (eu inclusive) está cansado das vossas boas vidas a custa do sofrimento (e meu suor) dos Angolanos que por toda Angola morrem de cólera e outras doenças, e que passam muitas necessidades.
Já chega de viver amordaçado... Falar a verdade não é inveja, é ser cidadão angolano no exercício dos seus Direitos.
Foto:areiahostil
3 comentários:
Só isso? Acha que apenas usufruem apenas disso?
Era bom que apenas se cingissem ao uso e abuso de um carro. E o resto?
O resto, que a maioria dos angolanos nem sabe!
Abraço
M.
Nao 'e inveja.Simplesmente 'e a nocao do certo e do errado, o que nao serve para nada no nosso pais.
Todos aqueles que estao cinjidos de principios morais e nao so' esta' a margem na nossa sociedade.Um conselho...Na proxima vez nao comenta nada com esse amigo.Ja deu para ver que vcs nao sao compativeis nos principios.
Bye
Haja alguém com os olhos bem abertos como tu...possivelmente se o povo angolano tivesse essa visão, as coisas hj em dia estariam bem melhores.
A maioria do povo angolano é viciado e sinceramente tenho sérias dúvidas que algum dia a mentalidade mude...
Continue a criticar e a debater com essas injustiças, pode ser que algo mude nas mentalidades angolanas.
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