terça-feira, julho 10

Registo Eleitoral é um acto cívico. Participe

São estas as situações que me deixam a espumar de raiva e com os nervos em pé. Vivo a 9 anos em Portugal e já votei, pelo menos, 4 vezes sem contar com 1 ou 2 referendos. Não sou nascido aqui mas já me foi concedido esse prazer, o prazer de SER CIDADÃO e votar naquele politico ou partido com quem simpatizo.

Convenci-me que podia fazer o mesmo na minha terra, meu país de origem, (onde tenho residência fixa, onde nasci, onde cresci, onde vive a minha familia) mas enganei-me. Não vou poder!!!


Sou angolano de gema, muitos dos bárbaros atrozes que são meus conterras discordam pelo simples facto que, para esses atrozes, ser angolano de gema é ser Negro na pele e não o facto de efectivamente ter nascido dentro da fronteira de Angola. Para esses atrozes a cor da pele é tão preponderante que até foi inventado um B.I com um campo correspondente a "raça" que no meu caso esta descrito "mista" (como se eu fosse uma sandwich) mas este assunto já está muito falado e não é o que motivou este post.


O motivo deste é só, única e exclusivamente, o facto de eu estar perto dos 30 anos e nunca ter podido votar no meu país e eleger alguém, seja ele(a) Presidente da Republica, Governo ou até mesmo Governador de Província.


Como se não bastasse ser angolano "misto" e sentir-me cidadão de 2ª e desclassificado por não ter pigmentação "standard", ou seja, NEGRO, também sou discriminado em relação aos que lá vivem (Angola) porque infelizmente só os que lá vivem podem votar! E eu? E eu que, por motivos de saúde e académicos, tive de emigrar (provisoriamente espero) não tenho direito ao sufrágio??? Não tenho direito a eleger o meu representante???


Alegadamente não há condições dizem as fontes governamentais. Outros dizem que por cobardia o governo que desconhece as intenções de voto do eleitorado na diáspora não quer arriscar em conceder esse direito Universal.

Não sei nem quero saber qual a causa de me não me ser permitido votar, uma coisa vos digo, por mais que me desprezem e por mais que me ostracizem e ignorem EU SOU ANGOLANO E SOU POR ANGOLA..

VIVA ANGOLA E TODA A FAMÍLIA ANGOLANA ESPALHADA POR ESTE MUNDO FORA, INDEPENDENTEMENTE DA SUA FILIAÇÃO POLITICA, RELIGIÃO OU PIGMENTAÇÃO DA PELE.

1 comentário:

Alex Amaral disse...

Parabéns pelo post. É um desabafo mais do que necessário. Sou brasileiro, negro, e também perto dos 30. Desde o momento que me foi legalmente permitido votar, eu o faço. Muitos abrem mão ou não o fazem com respeito, com pensamento no futuro, com cuidado. É uma infelicidade. Mas não falarei disso. Vejo que, num único post, você conseguiu levantar vários assuntos de suma importância, pelo menos a meu ver. Além da notória questão eleitoral e de cidadania, vejo a questão política envolvida quando lhe tiram esse direito. Posso estar enganado, mas penso que uma das razões é o senso crítico daqueles que vêem o país de outro ângulo. Não que você, em Angola, não tivesse essa visão. Mas muitas informações não nos são acessíveis em nosso próprio país. Costumo dizer que a ignorância é uma questão de Estado. Veja o Brasil, por exemplo, uma das interpretações da mudança da capital para o "meio" do país é que foi para afastar o centro político do centro "pensante", crítico. Afastou-se a informação. Talvez os governantes angolanos tenham o mesmo pensamento. Não sei. É uma simples opinião e também algo que estudo na universidade. Outro item que aborda é a questão racial. Com certeza existem diferêncas entre Brasil e Angola quando se trata de raça/cor. As discussões aqui são bem, digamos, intensas. Conflitos, direitos, manutenção de um status quo social, quebra de paradigmas, equiparação, preconceito, justiça... são coisas de nosso dia-a-dia. Mas concordo com sua exposição, mesmo sem conhecer muito a história política e social angolana (algo que tento mudar lendo jornais, blogs, livros).