terça-feira, março 27

Fotografar na via publica agora é crime!?



Os ponteiros do relógio marcavam 11h e tal da manha, no momento que atravessava a avenida revolução de Outubro que divide o bairro do Catambor e do Chaba. Faço um compasso de espera e começo a disparar a máquina fotográfica! A determinado momento consegui captar o candongueiro que atropelou uma pessoa e na maior normalidade continuou para o seu destino. Fiquei confuso, mas continuei a disparar na direcção do corpo deitado no asfalto quente já rodeado por algumas pessoas.
- Jovem, acompanha-me!
Disse o homem a civil que me tocou no ombro.
Perguntei porquê!!! Identificou-se com o seu cartão onde pude ler policia. Fomos até ao contentor que estava alguns metros do local do “crime”, que era um posto de comando da polícia nacional.
- Porquê que estas a fotografar na via publica? Tens algum cartão da TPA (Televisão Publica de Angola) ou Rádio Nacional que te autorize a tirar fotografias neste local?
Da minha boca só saíam respostas negativas e por isso disse-me que a maquina estava apreendida.
-Vamos aguardar pelo carro da patrulha e na esquadra os peritos vão tomar conta da situação.
3 ou 5 minutos depois apareceu um amigo que me vinha buscar. Mas eu conhecedor de como se resolve estes “impasses” conversei com o Sr. agente que em seguida fez-me deletar todas as fotos que tinha no memory card. Depois de um pequeno sermão, aconselhou-me a ter cuidado e não andar por ai a fazer fotos, porque sem autorização posso arranjar problemas graves com as autoridades.
De tanta atenção que o Sr. agente deu ao meu “crime”, nem sequer teve a preocupação de me perguntar se eu tinha conseguido captar o candongueiro que tinha acabado de cometer um crime. Bastava usar o zoom e de certeza que as autoridades iriam conseguir obter a chapa de matricula da referida viatura, mas pelos vistos o meu “crime” teve mais atenção porque foi mais grave!
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Por:
Salucumbo Jr.
In:

sábado, março 17

Carta Aberta
















Lisboa, 12 de Março de 2006


Exmo. Senhor Presidente de Angola

Meu caro Zé Eduardo,
Soube que o teu Governo – e bem – eivado do mais alto sentido da reciprocidade, decidiu não aceitar como válidas as cartas de condução portuguesas. Motivo? Os portugueses multaram o Mantorras – exemplo estandarte maior do poder de Luanda (é muito bom, mas não funciona) – que conduzia com carta angolana. (…) doravante, nem um tuga pode conduzir nas magníficas auto-estradas, seja das Lundas, seja do Planalto Central, se não obtiver uma carta angolana ou coisa assim.
Acho bem! Não queremos cartas angolanas, vocês não querem cartas portuguesas!
Mas outros aspectos da vida existem que tu, caro Zé Eduardo, podias também reciprocar – peço desculpa, mas é assim que se diz. Por exemplo: A limitação de mandatos do Presidente da República. Sabias que nós não admitimos que ninguém – nem mesmo o Mantorras – seja Presidente por mais de 10 anos? E que, ainda por cima, qualquer um que chegue a Presidente tem de ser eleito e que, para ser eleito, tem de ter mais votos?
Aposto que, agora que sabes, não vais deixar de decretar o mesmo. Já te estou a ver: Ai eles têm eleições? Pimba! Nós também vamos ter! Ai eles têm limitações de mandatos? Pumba! Nós também! Ai eles têm votos e tudo, e pode votar quem quiser? Toma! Aqui vai ser na mesma!
E mais, se começas nesta senda de imitar tudo, lembra-te, por exemplo dos autarcas. É que eles também são eleitos. E o Governo, que é designado por um Parlamento eleito de 4 em 4 anos e não de 300 em 300 anos, como ai. Que dizer, o Governo, porque o Presidente é de 500 em 500 anos, salvo erro.
E há mais para copiares. Por exemplo, aqui os tribunais podem acusar e julgar amigos do primeiro ministro ou do Presidente da República. Ou mesmo o primeiro ministro e o Presidente. São orgãos de soberania independentes, não carecem de ser formados pelos amigos do Presidente.
E outras coisas. Por exemplo, em Portugal, os grandes empresarios não são familiares do Presidente da República. Por exemplo, o Prof. Cavaco Silva, tem uma filha mas ela não é uma grande empresária, nem das pessoas mais ricas do país. É uma pessoa discreta e igual as outras, com os mesmos direitos e deveres. Eis outra coisa boa para aplicares a tua reciprocidade.
E mais ideias me ocorrem sobre matéria tão vasta como interessante. (…) E pronto, já vês. Há um longo caminho de recíproco a fazer. Não é só nas cartas de condução.

Viva Angola! Viva o Mantorras e viva a reciprocidade! E manda-te um abraço o teu recíproco.
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Por:
Comendador Marques de Correia
Comendador@expresso.pt



In: Revista ÚNICA/EXPRESSO nº 1794 17 de Março 2007

Foto: AngolaPress





terça-feira, março 13

Petróleo-dependência

Angola é um país com grande potencial em termos de recursos minerais, contudo, este potencial só se traduzirá em riqueza quando “bem” explorado, ou seja, quando as receitas proveniente da sua exploração forem aplicadas para o bem geral da nação, elevando o seu bem-estar.

O que se tem verificado é que estas não têm sido “bem” aplicadas, verificando-se somente a aplicação de uma pequena parte das mesmas, apesar do seu incremento diário provocado pela alta geral do preço do petróleo nos mercados internacionais.

Verifico com preocupação esse facto porque, segundo especialistas em energética, Angola só tem reservar provadas de petróleo para mais 30 ou 40 anos.

Outros Estados produtores de petróleo, nomeadamente, os Emiratos Árabes Unidos, confrontados com a mesma problemática (Esgotamento das suas reservas petrolíferas) têm investido fortemente nas novas tecnologias da informação, uma forma de perpetuar o elevado nível de vida das suas populações, depois do fim das receitas proveniente da exploração petrolífera, pois, é nesse tipo de produtos que se obtém uma mais valia.

O que se tem verificado em Angola é que, para além das receitas petrolíferas não reverterem para o bem-estar da maioria da população, os poucos investimentos efectuados não têm grande rentabilidade, perpetuando assim a sua dependência das receitas da exploração mineira.

Para agravar esta problemática, os maiores consumidores mundiais de petróleo estão a desenvolver muitas e mais limpas tecnologias, afim de diminuírem a sua petróleo-dependência. Muitas não terão grande sucesso, outras porém, poderão diminuir drasticamente a importância que actualmente representa o petróleo como fonte de energia.

Um exemplo é a tecnologia de liquefacção do carvão, que apesar de antiga, ganha maior importância, devido a alta do preço do petróleo.

Os EUA e a China, grandes consumidores de petróleo mas também, possuidores das maiores reservas mundiais de carvão, olham para esse processo a salvação da sua petróleo-dependência. Assim, estão a olhar para as melhores praticas desenvolvidas nesse domínio, como são, a experiência sul-africana, que devido o embargo económico sofrido por causa do procedimento do seu regime político da altura (Apartheid) se tornaram especialistas nessa técnica.

Cabe ao governo, ou governos futuros (esperemos que ao longo dos próximos 30 ou 40 anos haja rotatividade do poder em Angola e não seja sempre o mesmo MPLA dos últimos 30 anos), de Angola investir em politicas correctas para que quando o dia D chegar (fim do Ouro Negro) estejamos em condições de prosperar sem essa dependência que hoje é o catalisador da nossa economia, ocupando na balança das exportações o 1º lugar do pódio.
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Por:
O'mbaka

sábado, março 3

Acidente no Eixo Viário (Luanda)

INSPECÇÃO PERIÓDICA OBRIGATÓRIA era o suficiente para se poupar muitas vidas nas estradas de Angola.

Num país já de si devastado pela guerra, com enormes deficiências de cuidados de saúde, com doenças como a Cólera, ainda temos o perigo das estradas com carros a circular que se o Governo de Angola e o seu Executivo fossem corajosos já teriam tomado medidas que (corajosas) são necessárias para controlar e regularizar o trânsito em Angola, particularmente na Capital Luanda.

O próprio Governo não dá o exemplo! As viaturas ao serviço do Estado encontram-se, na maior parte dos casos, como o mesmo défice de segurança. É frequente sermos interceptados por carros da polícia de trânsito sem piscas, sem faróis, muitas vezes a circular a noite. É frequente ver carros da fiscalização de GPL (Governo Provincial de Luanda) a circularem com deficiências que no Código de Estrada actual não são permitidas. E se formos para as Províncias ai o panorama piora de forma monumental.

É imperioso eliminar das estradas de Angola carros que, como este que causou o acidente que podemos observar em baixo do post, circulam sem oferecerem condições aos utentes da via pública, tantos aos ocupantes da própria viatura como os inocentes que circulam nas vias.

Estou certo que o parque automóvel actual, um misto de HUMMERS de 2006 com camiões IFA que circulam a mais de 30 anos em Angola e que estão fora de circulação nos seus países de origem, iria reduzir drasticamente.

A medida, alem de reduzir o parque automóvel obsoleto, contribuiria para melhorar a segurança e diminuía substancialmente problemas como o intenso tráfego de circulação que nos últimos anos fustiga a vida dos utentes que usam as estradas no dia dia, cumprindo as suas tarefas de trabalho, para poder levar o Pão-Nosso de Cada Dia a mesa. Reduziria também a escassez de estacionamento, muitas vezes ocupado por sucatas.
É frequente ver-se na cidade de Luanda, nos espaços públicos, carros acidentados que os donos não têm dinheiro para concertar e ficam ali a ganhar pó, durante anos e anos, a desadornar uma cidade bela que carece de politicas correctas por parte daqueles que tutelam as responsabilidades politicas.

-Claro que medidas corajosas como essa teriam as suas consequências, aquelas que o Executivo não quer em tempo pré eleitoral, mas bastava ao Executivo que Governa o meu país fazer o trabalho de casa, copiar o que os outros países que tinham o mesmo problema fizeram.
Criar um plano de emergência para fomentar e incentivar a renovação das frotas dos empresários da camionagem, com empréstimos bancários e isenções de impostos, particularmente Alfandegários.
(Ex: Um empresário que importe um camião para trabalhar paga o mesmo imposto Alfandegário que o vizinho do lado que importa um Porche Cayenne para passear) Não pode ser!!!

-Proibir a importação de “sucata”, carros velhos, da Europa e outros.
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Estas são algumas medidas que se podem tomar... Será que há vontade política e coragem para implementa-las???
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Fotos enviadas por e-mail, por um leitor anónimo.