terça-feira, março 17



















Excelentíssimo
Sr. Barack Obama
Presidente dos Estados Unidos da América.


Sou uma cidadã comum angolana que acompanhou atentamente, como outros angolanos, a vossa eleição bem como a tomada de posse, a semelhança dos outros povos dos quatro cantos do MUNDO, e que aguardam com ansiedade que aconteça o mesmo nos seus países ainda dominado pelos a versos a democracia. MUDANÇA. O sonho de Luter king “ I HAVE A DREAM” e V.excia disse “WE CAN”. Os angolanos sonham por uma liberdade efectiva e agora inspirados pelo vosso pensamento, acreditam que finalmente também podem, porque tudo tem o seu tempo.

Sou cristã, mas católica romana que pretende dizer o seguinte, V.excia é tão ser humano como qualquer um, mas nunca nenhum outro comoveu e influenciou de forma positiva na nossa era, o Mundo, como Vexcia. Para mim parece um enviado de Deus para salvar o Mundo da tirania, em particular a África em que a democracia parece distar-se dela ainda 200 anos.

Aconteceu com o Papa João Paulo II depois da sua morte. O Mundo cristão e não cristão, reconheceu que tinha sido um homem de bem, que havia trabalhado afincadamente para unir todos os crentes, independentemente da sua opção religiosa.

V.excia, marcou o Mundo escrevendo com letras douradas esta grande viragem da história. Para mim não muito pela vossa descendência afro-americana, mas pela vossa mensagem de paz, de amor ao próximo. Advertindo o mundo da ganância para que se compadeçam com os outros e que saibam aceitar as decisões dos seus povos e não se impondo ao poder através de métodos anti democráticos. Vossa campanha marcada de humildade e pobreza, mas vincada de um triunfo e sem intenção de esmagar os adversários tal como acontece no nosso Continente.

De Vossa dignifica mensagem marcaram-me as seguintes frases: “todos são iguais e todos são livres, todos merecem uma oportunidade para atingir a felicidade…chegou altura de voltar afirmar o nosso espírito resistente…para aqueles que se agarram ao poder através da corrupção, da fraude e do silenciamento de dissidentes fiquem a saber que se encontram no lado errado da história, mas que vos daremos a mão se quiserem abrir o vosso punho.

O povo africano quer mudança mas “os cínicos não conseguem compreender que a situação mudou, que os argumentos políticos viciados, que durante tanto tempo nos consumiram, já não se aplicam”.– Citamos igualmente V.Excia

Voltando a Angola, nesta altura falar da situação sócio político do país é o que mais me interessa, porque é o que preocupa a sociedade angolana.

Angola realizou as eleições legislativas em 5 de Setembro de 2008, mas que na realidade as eleições foram realizadas dias 5 e 6 e em certas áreas mesmo até dia 7, em violação ao preceituado na lei eleitoral e marcadas por um número infindo de violações das regras democráticas.

Excelência, não escreveria para falar das eleições em Angola, mas sim da situação social e politica do meu país. Vossa eleição é o resultado claro do evangelho bíblico “todos os seres humanos são iguais perante Deus “.

Os angolanos após a guerra que assolou o país, esperavam ver um país pluripartidário de facto e não uma sociedade democrática formal. Onde todos os pressupostos democráticos fossem observados incluindo a liberdade de ser informado e formado. Os meios de comunicação estatal outra coisa não fazem, senão obrigar este povo a agradecer pelos míseros empreendimentos que o regime apresenta. A miséria, a pobreza sobem ininterruptamente, continuando o povo a viver abaixo de 1 dólar dia.

Este povo espera que Vossa vitória venha ser uma mola impulsionadora para um verdadeiro estado democrático e de direito, com separação de poderes; legislativo (livre da opressão do regime), executivo (capaz de assistir o povo em pé de igualdade sem que se olhe pela cor da camisola) e judicial (capaz de trazer ao país uma justiça de facto, ao invés de preso por roubar um pão e em liberdade por roubar milhões do erário público).

Excelência, vossa vitória, acredita, que abriu uma luz no fundo do túnel para os africanos.

A carta da ONU art. 1 nº 2 ”… no princípio da igualdade de direito e da auto -determinação dos povos…” convida as nações a respeitarem – se umas as outras. América a única potencia no presente, não pode continuar a observar pávida e serena má governação, a corrupção e a violação dos direitos fundamentais do homem, cujo valor supremo é a vida, sob influência dos sectores mais radicais ocidentais, por causa do petróleo e do diamante do Continente Africano.

Ainda o art.1 nº 3 ” … estimulando o respeito pelos direitos do homem e pela liberdade fundamentais para todos, sem distinção de raça sexo, língua ou religião.” Faltando para mim a politica. Na África quem pensa de maneira diferente perde até o direito ao pão, senão mesmo a vida.

Gostaria que o mundo livre ajudasse a sociedade angolana a ser mais justa e verdadeiramente aberta, com um povo informado e formado, porque Angola não tem comunicação social estatal credível. Ajudar os angolanos a ter uma TV privada e mais liberal.

A maioria dos governos africanos consideram os seus povos, como sendo uma manada de animais dentro de um curral, a mercê da vontade do pastor.

Um estado democrático e de direito de facto não deixa de honrar os compromissos com outros estados ao mudar de regime. O mundo considerado livre, devia deixar de ignorar os sofridos africanos, vítimas de regimes corruptos e ditatoriais. A democracia Angola, está em colapso. A liberdade ficou mais limitada. A liberdade americana tem e terá mais sentido ao ajudar diplomaticamente outros povos a serem igualmente livres.

Para terminar Senhor Presidente, direi “I have a dream to” tenho um sonho também, ser recebida por Vossa Excelência para transmitir directamente o sofrimento do meu povo. O sonho de Luter king foi realizado. Estou consciente que não passo de uma gota de água no oceano. Gostaria escrever a minha carta em inglês, para que ela fosse o mais fiel possível, mas a minha limitação quanto a língua, levou-me a fazê-la em português.

Louvarei a Deus para que esta carta aberta Vos chegue as mãos.

Deveras grata pela atenção em nome dos sofridos de Angola quiçá de África. Assino a Carta com o nome de minha mãe



BENGUELA, 28 DE JANEIRO

Teresa Feliciana

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Mapa de Angola retirado da Wikimedia

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