Por norma, não gosto de falar daquilo que desconheço, embora me seja lícito partilhar a minha opinião, muito particular, que não passa disso mesmo. No entanto, de muitas opiniões e comentários lidos, de conversas com amigos, de estudos que são feitos ( e que gosto sempre de ler), em fim, de vivências do dia a dia, até às conversas em muitos serões (que já lá vão no tempo) com os meus pais, e familiares – Angolanos -, eu própria nascida em Luanda, mas tendo vindo para Portugal miúda ainda, já lá vão 28 anos; de todas essas trocas de experiências, que são vida no fim das contas, algo tenho vindo a verificar e chego a algumas conclusões.
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Ou seja:
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Dizem que os Portugueses são um povo franco, aberto e acolhedor; (não é tão verdade quanto isso).
Dizem que os Portugueses são um povo franco, aberto e acolhedor; (não é tão verdade quanto isso).
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Dizem que os Angolanos são um povo franco, aberto e acolhedor; (não é tão verdade quanto isso).
Dizem que os Angolanos são um povo franco, aberto e acolhedor; (não é tão verdade quanto isso).
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Centro-me em Portugal porque é o país onde vivo e em Angola, pelo que atrás expus.
Na verdade o racismo que existe em Portugal existe em Angola. Mas parece-me que em Angola existe uma agravante, que é o facto de as pessoas de raça negra, serem racistas para com os da sua própria raça, basta que o tom de pele clareie um pouco mais (mais propriamente em relação aos chamados “cabritos”).
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Centro-me em Portugal porque é o país onde vivo e em Angola, pelo que atrás expus.
Na verdade o racismo que existe em Portugal existe em Angola. Mas parece-me que em Angola existe uma agravante, que é o facto de as pessoas de raça negra, serem racistas para com os da sua própria raça, basta que o tom de pele clareie um pouco mais (mais propriamente em relação aos chamados “cabritos”).
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Logicamente que as excepções confirmam as regras, e que não podemos catalogar toda a gente, nem ver toda a gente pela mesma bitola, no entanto, isto é bem verdade. É engraçado, mas nunca senti qualquer espécie de discriminação aqui em Portugal, desde que aqui cheguei, depois da Independência de Angola, vim em 1978. Pelo contrário, ao longo dos anos, ao longo da vida, tenho tido sempre as mesmas oportunidades e nunca dei por alguém a olhar-me de lado, ou a tratar-me de forma diferente.
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Já aí em Angola, tenho pessoas de família, que embora tivessem nascido cá, tenham um trato e uma forma de estar, com todas as costelas angolanas, e no entanto, tendo-se deslocado a Angola, tenham sido vergonhosamente discriminadas. E não é discriminadas pelo esquemas que aí se praticam, pelos subornos constantes que oprimem e envergonham (mas que mesmo sendo de certa forma compreendidos, nunca poderão ser aceites, se quisermos uma Angola diferente, verdadeira).
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Que me desculpe quem lê, mas eu acredito que a Angola em que vivi, e em que os meus pais viveram, e em que a minha irmã mais velha e as minhas primas viveram, era saudável, era linda, era transparente, era honesta e sincera. Era sim a Angola que deixava saudades e fazia com que se voltasse. Pela cultura, pelo modo de estar, pelo modo de ser. Não podemos ter a guerra como escudo, para justificar atitudes. Há essencialmente pessoas, e são essas que dotadas do livre arbítrio, da capacidade maravilhosa de pensamento, se devem distinguir nas suas acções, na sua forma de ser e estar, de receber e de dar.
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Sou Angolana com orgulho. Sou africana e não gostaria de ser outra coisa qualquer, mas tenho que admitir que grande parte do povo Angolano, é como é, vive dos esquemas (por precisar muito bem), mas também porque é uma “mama doce” que não querem largar. Não é só o corpo governamental que se aproveita do povo, é esse mesmo povo que se aproveita do seu semelhante, porque não tem a coragem de pôr um fim nesse poder corrupto, há tempo demais. Acredito, quando leio, dito por Angolanos que aí vivem, que está a ser feito algo, mas isso é um grão de areia, comparado com aquilo que quem de direito, tem a obrigação de fazer.
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Não culpo o povo, claro que não, mas que o povo tem a sua quota parte de erro e culpa, tem. Porque o povo assiste impávido e sereno, lutando no seu dia a dia, para poder sustentar a família. É mais fácil entrar nos esquemas e “safar-se”, ir-se safando, do que enfrentar a classe governante, que ostenta de forma vergonhosa, baixa e cruel a sua riqueza. Que me desculpem, mas não consigo conceber uma Angola, em que para ter um serviço público como deve de ser, a que tenho direito, tenha que “lambuzar” as mãos de alguém.
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Não culpo o povo, claro que não, mas que o povo tem a sua quota parte de erro e culpa, tem. Porque o povo assiste impávido e sereno, lutando no seu dia a dia, para poder sustentar a família. É mais fácil entrar nos esquemas e “safar-se”, ir-se safando, do que enfrentar a classe governante, que ostenta de forma vergonhosa, baixa e cruel a sua riqueza. Que me desculpem, mas não consigo conceber uma Angola, em que para ter um serviço público como deve de ser, a que tenho direito, tenha que “lambuzar” as mãos de alguém.
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Tenho saudades de Angola, trouxe essas saudades com 10 anos, trouxe imagens que me ficaram e que não quero ir aí, apaga-las de forma dura da memória, pela forma como Angola está agora. Mas sabem, sinto no meu coração, que se fosse a Angola agora, ia sentir-me magoada no meu coração, por demais. Não ia gostar, e não é só pela degradação física e material (comparado com as imagens que tenho no coração e na mente), mas ia magoar-me pela atitude das pessoas, pela forma como seria tratada, pela forma como seria olhada, eu uma Angolana de gema e de coração.
Claro que há muita gente que vai a Angola e gosta, fica apaixonada, pelas paisagens e belezas naturais, é lógico. Angola é LINDA! Talvez esses, vistos como estrangeiros, sejam bem recebidos, porque têm “contrapartidas” para dar.
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Claro que há muita gente que vai a Angola e gosta, fica apaixonada, pelas paisagens e belezas naturais, é lógico. Angola é LINDA! Talvez esses, vistos como estrangeiros, sejam bem recebidos, porque têm “contrapartidas” para dar.
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Louvo sim senhor, muitos post’s e muitas opiniões, de gente Angolana que fala com consciência, que acredita. Mas a verdade é que nos dias que correm, o egoísmo humano tem transformado as sociedades, o mundo. As pessoas não se reaproximam, pelo contrário, as pessoas afastam-se, “constroíem muros em vez de pontes”. Aqui em Portugal não é melhor. É tudo muito sombrio, rostos carrancudos, inveja, consumismo, tristeza.
O povo não acredita em si próprio, na sua força, caso contrário Angola já não seria o que é!
Mas cada um de nós, é que tem que fazer a diferença!!!
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Por:
Kiara; Portugal
O povo não acredita em si próprio, na sua força, caso contrário Angola já não seria o que é!
Mas cada um de nós, é que tem que fazer a diferença!!!
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Por:
Kiara; Portugal
20 comentários:
concordo-te.
discordo-te.
concordo-te quando dizes que em Angola existe um racismo absurdo entre pretos mais escuros e pretos mais claros "cabritos ou mulatos como keiras", ou seja, nem seker deveria chamar-se de racismo, talvez Camões não tenha tido tempo de inventar a palavra certa.
discordo-te quando dizes que grande parte do povo angolano gosta de viver de esquema porque é uma "mama doce". isto é uma questão milindrosa e acredito que o contacto com a realidade mudaria a tua tese. não quero com isso dizer-te que pelo facto de viveres a muito longe da nossa Angola não possas ter um ponto de vista real dos factos. a quase um ano escrevi um post no meu blog sobre a localização exacta da banda e conclui que nem nós sabemos mostrar onde ela fica, mas postos em Angola consiguimos senti-la o que não acontece com um Russo ou Chines, estes para sentirem/conhecerem a banda precisam de muitos anos de Angola. isso para concluir que para entedermos a "mama doce" é preciso recuarmos um pouco no tempo e tentar saber/sentir o que fez o povo envergar por este caminho.
para terminar quero dizer que faço parte daquele grupo que defende a tese que hoje o preto é muito mais racista que o branco, o que faz interrogar-me. porque sera?
gostei do post.
abraços
Se os valores forem genuínos e estiverem enraizados na alma do povo irá chegar o tempo deles…
JAC
Blog - "O meu Computador"
(Tecnologias de Informação e Comunicações)
http://o-meu-computador.blogspot.com/
Porrada nus gaju!
Boas Páskuas!
Kandandu.
Nao resisti à tentação e dou meu comentário, o qual pretendo sincero e livre de tendências falaciosas. O texto da "moça" está bem pensado, de estética bem composto e de conteúdo viciado. Ou a autora só sabe olhar par o seu umbigo, ou Portugal diminuiu de tamanho. E como a 2ª hipótese não pode ser, é fácil perceber que, ao contrário do que diz, fala d coisas q ñ quer entender. Como é q alguém vai medir o grau de racismo de Portugal usando ela própria (como é tratada)como indicador? Por acaso acha q representa a grand maioria de angolanos (ñ lusodescendentes?) Quando é q há racismo, afinal? Quando o preto é discriminado e os que têm a pele menos negra temem pela revolta do outro lado? Deixemos de Falsidades! Algum branco algum dia questiounou o critério q leva os bancos (de Angola) e empregarem quase 90% de brancos/mulatos? Quando Portugal me mostrar um ministro negro, digam-me q é menos racista q Angola. Pq não faltarão negros com capacidades alí. Não defendo o racismo, mas não acho justos os alaridos só para defenderem vossos interesses. "O q me preocupa ñ é o barulho dos maus, mas o silêncio dos bons", Luther King. O racismo é um problema global de mentalidade e não é rotulando pessoas e naçõe q se resolve. Vítimas fracassados! Pompilho
Estou à vontade para responder ao comentário anterior porque essa questão já foi dita e apresentada ao presidente do CDS-PP quando visitou a Casa de Angola: não se vêem "africanos" (as aspas é para indicar indivíduos de cor não branca, porque esta também é, em termos humanos, uma cor) em lugares de topo sejam ministeriáveis, sejam administrativos. E porque isto já foi falado desejava chamar a atenção do comentarista anterior que há um Ministro de cor no Governo, salvo erro o da Adm. Interna, António Costa, por acaso irmão de um jornalista da SIC.
Por outro lado entendo a "revolta" da nossa Kiara quando se lê o Angonotícias e vemos notícias preocupantes como aquela da nossa Miss poder não ir ao Miss Mundo por, eventualmente, "ser muito clara" para alguns energúmeros. Não sei como qualificá-los.
Kandando
Eugénio Costa Almeida
Antes de mais, agradeço o comentário do “anónimo disse...”, e quero frisar aqui, a forma como comecei o meu Post: “Por norma, não gosto de falar daquilo que desconheço, embora me seja lícito partilhar a minha opinião, muito particular, que não passa disso mesmo.”
E continuei dizendo: “No entanto, de muitas opiniões e comentários lidos, de conversas com amigos, de estudos que são feitos ( e que gosto sempre de ler), enfim, de vivências do dia a dia,...”. Ou seja, não me parece que esteja a olhar apenas para o meu umbigo, e a prová-lo estão imensos comentários a diversos Post’s ( e alguns no meu) que , como menciono, me dão alguma razão. Apenas quis partilhar um desabafo, que não deixa de ser verdadeiro, embora muito pessoal, como referi. Lobinito almeida n’gola até já referiu e bem, que existe um Ministro de cor no Governo Português. Aliás, eu não disse que Portugal é menos racista do que Angola, mas que o povo angolano demonstra ser racista para com os da sua própria raça, isso parece-me mais grave...
Kiara
P.S. - Obrigado por todos os comentários.
Olá...vou ser sincero e dizer que não li o "post" por completo mas ao ver qual o assunto decidi ler os comentários...
Meus amigos...escrevi um comentário no angonoticias.com acerca do "Miss Universo" porque é o que eu digo...porque comparar o racismo com outros paises...podemos lá ir, mas comparemos entre compatriotas...
O amigo que escreveu a ser pedido o nome de um ministro negro...peço-lhe eu para imaginar um ministro branco em Angola?Não quero chegar ao cargo de presidente...porque seria com todo o direito que um cidadão "misto" ou "branco"(isto é mais uma discriminação no BI angolano) pretendesse ser PR se preencher todos os requesitos a candidatura(o actual PR angolano é de anscendência Cabo-Verdiana mas provavelmente preencheu todos os requesitos necessários para se candidatar e ser PR) mas em Angola isso acontecerá algum dia?Acho que não estarei aqui para constatar...
Vamos lá ver...não temos de atirar pedras para defendermo-nos...existe racismo em Portugal e em Angola...eu sou "misto claro" e já sofri racismo em Portugal,Espanha e França...Por isso não vou apontar o dedo a portugueses,espanhóis e franceses quando a discriminação que mais me afectou foi a dos meus compatriotas...
Solução: Ignoremos os racistas...mostremos que isso apesar de nos afectar não nos destruirá e que será preciso muito para afectarem o nosso ego.
Era só este pequeno contributo que queria dar...atenção que não estou do lado deste ou daquele...tou do lado da intolerância para com o racismo.
Um Abraço
Pelusa
Pelusa
Disse...e disse bem o que disse.
É isso mesmo.
Um abraço
Kiara
Solução: Ignoremos os racistas...mostremos que isso apesar de nos afectar não nos destruirá e que será preciso muito para afectarem o nosso ego.
Pelusa, aquele abraço e ma nada...
Isto não acontece só por aí. Por aqui também é assim!
Acho que o povo de um modo geral, quer sempre receber sem participar.
Agora, acho que nós temos uma arma poderosa nas mãos: nossos blogs.
Principalmente os de política, como o seu!
Sou fã.
abraço,
Kafé.
Estou com saudades de suas falas.
Volte!
abraços,
Kafé.
“A descolonização significou o regresso à barbárie e à miséria para os povos africanos. Vivem actualmente num regime feudal, não tendo atingido ainda o grau de desenvolvimento necessário para a implantação da democracia.” – Dra. Kity in “Deus, Pátria, Império, Trabalho e Família”, revista “Espírito”, nº 34, 2006
www.riapa.pt.to
haaahah, fascista. So faltou falar do papel da igreja no estado.
gostei do artigo
Ao fascista
Não sou apologista de nenhum partido político! Sou acima de tudo pela paz! Pelo amor ao próximo, logo, não fale daquilo que desconhece e leia com olhos de bom entendedor. Estamos sempre a aprender e temos liberdade de expressão, certo?
Perdão, quiz dizer ao Comunista... no meu comentário acima.
E eu Comunista falei ao fascista acima de mim (comment - 27/4/06 18:54) e nao ao artigo, q achei interessante
Ao comunista
Mil perdões.
:) Kiara, eu tambem tinha 10 quando sai de Luanda em 74. Eu tenho o mesmo sentimento de como tudo era tao bonito, e fiquei com uma ferida muito inocente, porque so sabia que tinha perdido o lar e nao podia mais voltar. Desde essa altura que sinto que tenho que saber mais e mais sobre o que aconteceu,para poder compreender melhor...O meu pai voltou para la tambem porque se considera mais Angolano, e o pais que ele ama, agora ate lhe custa fazer uma decisao sobre a reforma, talvez la fique. Vejo que ele e um exemplo a seguir quando tem a haver com racismo, nao existia na nossa familia, posso dizer isso mesmo, que felicidade eu tenho de aceditar no ser humano! Acredito que ha os que sao bons,e muitos sofrem, e ha os que sao maus que nem nasceram assim, mas depois de serem vitimas numa vida mal conduzida. Ignorante aquele que defenda o racismo
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