A agência noticiosa IPS, especializada em assuntos relacionados com o Terceiro Mundo, distribuiu uma notícia arrepiante sobre condição de mãe em Angola.
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Por: Karen Iley
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Luanda, 28 de Fevereiro de 2006
A falta de educação pré-natal e o difícil acesso a cuidados médicos fazem com que a gravidez e o parto sejam particularmente perigosos para as mulheres de Angola. (…) Ao entrar na maior maternidade de Luanda, capital de Angola, o que primeiro chama a atenção do visitante é o cheiro nauseabundo que mistura sangue e excrementos. Quando o estômago se acostuma e os olhos se ajustam à escassa luz da Maternidade Lucrécia Paim, começa a revelar-se em toda a sua magnitude uma paisagem de paredes rachadas e janelas partidas.
Uma mulher em avançado estado de gravidez, com fortes dores, incapaz de encontrar alívio, anda de um lado para o outro no corredor, amarrando e desamarrando o seu sujo sarong (saia tradicional). Não usa roupa interior, enquanto se encosta a parede, exausta e queixando-se, o sangue escorre entre as suas pernas até ao chão. Ninguém a ajuda… nem mesmo uma palavra amável… ninguém limpa o sangue… O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informa que para cada mil partos 17 mulheres morrem em Angola. A possibilidade de uma Angolana morrer na gravidez e no parto é de 1 em 7, muito superior à média de 1 em 16 para toda África subsariana e muito pior do que a média de 1 em 2000 das europeias e de 1 em 3000 das norte-americanas.
(…) O país desfruta agora do seu quarto ano de paz, mas ainda sofre de uma generalizada carência de instalações de saúde básicas. Além disso, as estradas são intransitáveis por causa da péssima conservação e pela presença de minas terrestres não detonadas, o que torna inacessíveis os poucos serviços existentes para a população de vastas áreas distantes das cidades. (…)
(…) “Faltam instalações, mas as mulheres também procuram ajuda tardiamente”, disse Maryse Ducloux, coordenadora assistente do ramo Belga da Organização Médicos sem Fronteiras. Muitos partos ocorrem sem assistência técnica e, por essa razão, complicações comuns acabam em morte. (…)
Angola apresenta uma lista quase infinita de necessidades muito graves relativamente à saúde materna. (…) O panorama é desanimador num país onde muitas mulheres carecem de acesso à educação e de maiores perspectivas para além da maternidade. As mulheres em Angola têm em média, 7 filhos. 70% Dão a luz ao primeiro quando ainda são adolescentes. A informação sobre planeamento familiar é escassa. Quem exerce medicina nestas áreas considera que as mulheres dispostas a utilizar anti contraceptivos ou a espaçar os nascimentos enfrentam o desagrado dos seus companheiros, que costumam ver esse desejo como uma afronta à sua virilidade.
Na Maternidade Lucrécia Paim, Teresa Miguel (nome fictício) sofre as consequências da falta de investimento na saúde, ao acompanhar a sua irmã mais nova, Lúcia, de 21 anos e grávida do 2º filho. A sua família vive em Viana, um Bairro pobre perto do centro de Luanda. Apesar da curta distância, Lúcia chegou ao hospital muito tarde… a menina nasceu morta. Com lágrimas correndo pelo rosto, Teresa Miguel, coloca a sua cabeça entre as mãos e reza em voz alta com a sua irmã, ainda na sala de imergência e com hemorragia. As enfermeiras mandaram-na comprar remédios para a irmã, mas de tão aflita não sabe o que realmente comprar nem onde ir, poucos minutos depois está de volta a sala de emergência muito nervosa e com as mãos vazias.
Uma jovem de 16 anos olha-a com ansiedade enquanto acaricia o seu ventre inchado. “Se uma mulher não tem dinheiro para comprar os remédios e as gazes, não consegue tratamento”, conta, apertando na sua mão uma nota de 200.00 Kwanzas (2 €). Ela, Lúcia e a mulher que preambula pelo corredor deixando sangue pelo chão podem ser consideradas afortunadas. Pelo menos vivem perto e têm acesso a cuidados básicos. A maioria das mulheres no vasto interior de Angola frequentemente têm de se virar sozinhas.
A falta de educação pré-natal e o difícil acesso a cuidados médicos fazem com que a gravidez e o parto sejam particularmente perigosos para as mulheres de Angola. (…) Ao entrar na maior maternidade de Luanda, capital de Angola, o que primeiro chama a atenção do visitante é o cheiro nauseabundo que mistura sangue e excrementos. Quando o estômago se acostuma e os olhos se ajustam à escassa luz da Maternidade Lucrécia Paim, começa a revelar-se em toda a sua magnitude uma paisagem de paredes rachadas e janelas partidas.
Uma mulher em avançado estado de gravidez, com fortes dores, incapaz de encontrar alívio, anda de um lado para o outro no corredor, amarrando e desamarrando o seu sujo sarong (saia tradicional). Não usa roupa interior, enquanto se encosta a parede, exausta e queixando-se, o sangue escorre entre as suas pernas até ao chão. Ninguém a ajuda… nem mesmo uma palavra amável… ninguém limpa o sangue… O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informa que para cada mil partos 17 mulheres morrem em Angola. A possibilidade de uma Angolana morrer na gravidez e no parto é de 1 em 7, muito superior à média de 1 em 16 para toda África subsariana e muito pior do que a média de 1 em 2000 das europeias e de 1 em 3000 das norte-americanas.
(…) O país desfruta agora do seu quarto ano de paz, mas ainda sofre de uma generalizada carência de instalações de saúde básicas. Além disso, as estradas são intransitáveis por causa da péssima conservação e pela presença de minas terrestres não detonadas, o que torna inacessíveis os poucos serviços existentes para a população de vastas áreas distantes das cidades. (…)
(…) “Faltam instalações, mas as mulheres também procuram ajuda tardiamente”, disse Maryse Ducloux, coordenadora assistente do ramo Belga da Organização Médicos sem Fronteiras. Muitos partos ocorrem sem assistência técnica e, por essa razão, complicações comuns acabam em morte. (…)
Angola apresenta uma lista quase infinita de necessidades muito graves relativamente à saúde materna. (…) O panorama é desanimador num país onde muitas mulheres carecem de acesso à educação e de maiores perspectivas para além da maternidade. As mulheres em Angola têm em média, 7 filhos. 70% Dão a luz ao primeiro quando ainda são adolescentes. A informação sobre planeamento familiar é escassa. Quem exerce medicina nestas áreas considera que as mulheres dispostas a utilizar anti contraceptivos ou a espaçar os nascimentos enfrentam o desagrado dos seus companheiros, que costumam ver esse desejo como uma afronta à sua virilidade.
Na Maternidade Lucrécia Paim, Teresa Miguel (nome fictício) sofre as consequências da falta de investimento na saúde, ao acompanhar a sua irmã mais nova, Lúcia, de 21 anos e grávida do 2º filho. A sua família vive em Viana, um Bairro pobre perto do centro de Luanda. Apesar da curta distância, Lúcia chegou ao hospital muito tarde… a menina nasceu morta. Com lágrimas correndo pelo rosto, Teresa Miguel, coloca a sua cabeça entre as mãos e reza em voz alta com a sua irmã, ainda na sala de imergência e com hemorragia. As enfermeiras mandaram-na comprar remédios para a irmã, mas de tão aflita não sabe o que realmente comprar nem onde ir, poucos minutos depois está de volta a sala de emergência muito nervosa e com as mãos vazias.
Uma jovem de 16 anos olha-a com ansiedade enquanto acaricia o seu ventre inchado. “Se uma mulher não tem dinheiro para comprar os remédios e as gazes, não consegue tratamento”, conta, apertando na sua mão uma nota de 200.00 Kwanzas (2 €). Ela, Lúcia e a mulher que preambula pelo corredor deixando sangue pelo chão podem ser consideradas afortunadas. Pelo menos vivem perto e têm acesso a cuidados básicos. A maioria das mulheres no vasto interior de Angola frequentemente têm de se virar sozinhas.
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Artigo cedido gentilmente por:
Denudado
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Não bastava já sermos o segundo pior país do Mundo para se nascer, também as nossas mães têm de sofrer? Até quando Angola???
7 comentários:
Esperemos que o facto de tão desgraçada realidade ser dada a conhecer ao mundo pelas agências noticiosas provoque um sentimento de vergonha e um rebate de consciência nos responsáveis. Então há dinheiro para bolsas de valores, para financiar partidos políticos e já não há para isto?!
Um abraço
A verdade, infelizmente.
E ainda há quem, mesmo perante isto, condene a despenalização do aborto.
Mais uma vez convido-o a ler um artigo de opinião no meu blog, sobre as quintadeiras e vendedores ambulantes e a comentar, em http://angolasempre.blog.com
Até quando?! Hum!! Enquanto se der 16,2 milhões de dólares para sobreviverem pequenos (grupelhos) partidos políticos, alguma coisa - por norma, e em regra, são sempre as mais importantes - ficam inevitavelmente de fora.
Cumprimentos e espero-o no Sábado na nossa Casa de Angola.
Cumprimentos
Eugénio Costa Almeida
o "quando" e ao "até" só nós angolanos podemos mudar, porque se esperarmos tudo dos outros estamos condenados a estagnar no "Até quando".
que saudades tenho dessa terra,das gentes do cheiro da terra, do por do sol,dos animais que vivem em liberdade e agora aqui em portugal debato me com pessoas que matam águias para congelar com a ajuda de um tal "bode" que se diz defensor dos animais obrigado por me deixarem desabafar
Oi,
Sou brasileiro.Te linkei no meu site como países que falam língua portuguesa.
Adorei seus textos.
Espero que goste do meu site e me linke no seu.
abraços brasileiros,
Kafé.
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